Caldas da Rainha não fica indiferente à polémica que se estabeleceu à roda da liderança do PS, com militantes a tomar o partido do actual secretário geral e residente na cidade, e outros a defender a ascensão do actual presidente da Câmara de Lisboa.
De fora destas tomadas de posição está o presidente da concelhia das Caldas, Luís Patacho, que à Gazeta das Caldas disse apenas que “as questões internas do partido são discutidas internamente” e que cada militante “é livre de apoiar quem entender”.
Duzentos militantes socialistas do distrito de Leiria, entre eles vários caldenses, assinaram um apelo dirigido ao secretário geral do PS, António José Seguro, onde solicitam a marcação de um congresso extraordinário.
No documento, encabeçado pelo deputado à Assembleia da República e ex-ministro, Alberto Costa, e o professor universitário e investigador, João Serra, saúdam a “iniciativa patriótica” de António Costa.
Destacam que o actual presidente da Câmara de Lisboa, apresenta-se “com espírito de serviço e disposto a assumir as suas responsabilidades, liderando um movimento de renovação política que devolva ao partido e, sobretudo, aos portugueses e portuguesas a confiança perdida e se constitua como uma alternativa mobilizadora, forte e credível, com condições de sucesso nas próximas eleições legislativas”.
O apelo, tornado público a 29 de Maio, refere ainda que os militantes e simpatizantes do PS “não podem continuar a assistir passivamente à degradação da vida política nacional e ao desânimo de muitos cidadãos que não vêem alternativa no quadro actual dos partidos com vocação governativa e começam a alimentar soluções populistas e radicais”.
Lembram a elevada taxa de abstenção que se registou nas recentes eleições europeias e concluem que as propostas políticas apresentadas pelas várias formações partidárias “não foram suficientemente apelativas” para gerar maior participação.
Embora o PS tenha ganho as eleições, “não ganhou o país”, defendem os signatários, acrescentando que a actual liderança “não compreendeu que era chegada a hora de fazer um balanço realista da situação interna e externa e tirar as conclusões que se impõem”.
Para estes militantes, a gravidade da situação portuguesa exige “alternativas políticas robustas e não apenas a ambição de ganhar eleições a qualquer preço”, pelo que querem que seja convocado um congresso extraordinário, para dar voz a todos e puderem discutir propostas politicas para o futuro.
Entre os signatários encontram-se vários militantes socialistas das Caldas, como é o caso de Ana Luísa Catarino, Carlos Mendonça, Catarina Paramos, Filipe Nunes, Francisco Velez, Helena Arroz, Jorge Sobral, José Carlos Nogueira, Luísa Barbosa, Maria da Conceição Paramos, Maria Genoveva Velez, Mário Xavier, Nicolau Borges, Pedro Serra, Sara Velez e Tiago Marques. De Óbidos integra a lista a militante Catarina Carvalho.
O DEFENSOR DE SEGURO
Esta candidatura inesperada de António Costa ao lugar de António José Seguro, está a provocar diversas reacções no seio local do partido.
Fiel a António José Seguro, que foi “legitimado” para exercer o seu mandato de quatro anos, está o militante socialista José Carlos Abegão, que lamenta a posição tomada por António Costa e considera que, com este episódio “lamentável”, perde o PS, Portugal e os portugueses.
Este militante caldense acredita que esta intenção de António Costa se candidatar à liderança dos socialistas foi “programada antecipadamente” e teria o mesmo desfecho independentemente do resultado das eleições europeias.
“Infelizmente a política portuguesa está a entrar em golpes, sobretudo nos partidos do arco do poder”, disse, lamentando a postura do actual presidente da Câmara de Lisboa.
Um dos apoiantes de António Costa é o ex-primeiro ministro José Sócrates que “nunca viu com bons olhos a entrada de alguém [para a direcção do PS] de fora deste complot político, como foi o caso de António José Seguro” disse José Carlos Abegão.
Este militante critica ainda a postura de António Costa que recentemente comprometeu- se com a Câmara de Lisboa e pouco depois demite-se das suas funções. “A sua palavra vale muito pouco”, diz.
O facto de haver vários militantes caldenses a apoiar António Costa também o surpreende e entre as razões para o fazerem destaca a visibilidade que este tem e o facto de considerarem que poderá aproveitar melhor o descontentamento popular.
José Carlos Abegão acredita que António José Seguro conta com a maioria dos apoiantes, tanto nas Caldas como a nível nacional e que o futuro do partido será decidido em eleições directas.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























