O PSD está há seis mandatos no poder da autarquia cadavalense. Na mudança de ciclo político, há seis forças que vão a votos, uma das quais independente
A mudança de ciclo político na Câmara Municipal do Cadaval contribuiu para surgirem seis candidaturas, uma das quais de independentes, para o ato eleitoral que se avizinha. O social-democrata José Bernardo Nunes, que não podia recandidatar-se devido à limitação de três mandatos, foi para vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, cedendo o lugar ao seu braço-direito no executivo camarário Ricardo Pinteus, que encabeça pela primeira vez a lista do PSD. Pelo PS volta a ser cabeça-de-lista o técnico superior municipal João Reis, que há quatro anos, apesar de ter alcançado três lugares na vereação – contra quatro do PSD – ainda ficou a 1.159 votos da vitória. As duas grandes novidades destas eleições estão no Chega e no CLIC – Cidadãos Livres Independentes do Cadaval. Esta é uma candidatura encabeçada por Ricardo Matias que pretende diferenciar-se, até pela natureza do movimento, das candidaturas políticas que vão a votos. Pelo partido de André Ventura, alentado pelo segundo lugar obtido neste concelho nas legislativas (2.108 votos, contra 2.456 da AD) e que fez questão de acompanhar a entrega das listas no Tribunal do Cadaval, apresenta-se Vítor Pinto, antigo dirigente e autarca social-democrata. As restantes duas candidaturas são protagonizadas pela CDU (com 353 votos em 2021), que aposta em Eduardo Baptista, um antigo autarca da Grande Lisboa, e pelo CDS/PP (com apenas 163 votos há quatro anos) por Catarina Marinho, presidente da Juventude Popular e a única mulher nesta disputa eleitoral, que viaja de São Martinho do Porto para dar a cara pelo partido.
No debate promovido pela Gazeta das Caldas no final da tarde do passado dia 26 de setembro no Polo Cultural e Social da Fonte, onde outrora funcionaram as Oficinas Municipais, os candidatos afinaram pelo mesmo diapasão sobre a necessidade de haver melhores acessibilidades ao concelho. Já diferente foi a visão sobre o desenvolvimento económico ou a resposta a dar, por exemplo, ao problema relacionado com a falta de habitação e casas degradadas que estão presentes em todas as aldeias do concelho. É, entre os 12 que integram a OesteCIM – Comunidade Intermunicipal, o município que mais se debate sobre a dificuldade da atração à sede do concelho, que pela sua dimensão e ruralidade leva parte dos seus habitantes a relacionarem-se mais com Rio Maior, Caldas da Rainha, Bombarral ou Torres Vedras.
O socialista João Reis está convicto que é desta que pode vencer a autarquia, no seguimento do projeto iniciado há quatro anos, até porque estava na corrida o anterior presidente José Bernardo Nunes. “Focámo-nos em ter um bom programa, devidamente suportado em estudos técnicos com especialistas em quase todas as áreas”, disse o também vereador cadavalense. E resolveu avançar novamente porque, no seu entender, “o Cadaval está estagnado e não se tem criado nada de novo” e para se alterar este paradigma “é necessário alterar várias áreas”. Pretende dar resposta às oportunidades de investimento empresarial, à resolução do problema da habitação e transportes públicos, por exemplo.
Da parte do candidato do Chega, que foi vereador social-democrata durante seis anos mas está afastado da vida política há algum tempo, entendeu que “estava na hora de poder contribuir para que o Cadaval seja melhor”. Vítor Pinto sente que “nos últimos anos não foi feito muito pelo progresso do concelho e poderia ter sido feito muito mais”, numa clara crítica à gestão do partido que lidera o município há 24 anos.
Catarina Marinho pretende com a sua candidatura em nome do CDS/PP introduzir a “irreverência” da juventude na discussão política local, uma oestina que viveu entre Torres Vedras e Lourinhã e, agora, residente no concelho de Alcobaça. “Estou aqui, não porque nasci ou vivo na terra, mas porque gostava que se proporcionasse o porquê de não ter escolhido o Cadaval para viver, visto que é um concelho vizinho de onde eu nasci”, explicou.
Já quanto a Eduardo Baptista, resolveu pela segunda vez aceitar o repto da CDU para esta candidatura e vai procurar usar a experiência acumulada enquanto autarca ao longo de três décadas, nomeadamente em Loures, onde foi vereador durante 14 anos, tendo ainda passado por Odivelas e Mafra. “A CDU tem um estilo de trabalho bastante diferente do que é habitual, porque é participativo e coletivo, em que todos discutimos o desenvolvimento dos concelhos”.
O CLIC, através do empresário Ricardo Matias, surge pela primeira vez nestas eleições “para unir, não para dividir”, assumindo que enfrenta uma tarefa muito difícil ao ter sido constituído pela primeira vez um movimento de independentes que concorre à Câmara Municipal. “É preciso também alguma coragem e pretendemos acrescentar valor ao concelho do Cadaval”, resume.
Ricardo Pinteus, que já conta com a experiência acumulada de autarca nos últimos quatro mandatos, pretende que o PSD continue a liderar os destinos da autarquia: “Fui muito incentivado para aceitar este desafio, com o intuito de fazer mais e melhor pelo Cadaval, porque acho que tenho capacidade para melhorar a vida das pessoas”.































