
O cabeça de lista pelo Chega pelo círculo eleitoral de Leiria não esconde a ambição de eleger dois deputados e quer dar uma atenção especial à criação do novo hospital do Oeste e à linha férrea
O vice-presidente do Chega foi escolhido pela direção do partido para encabeçar a lista de candidatos por Leiria. Em entrevista conjunta à Gazeta das Caldas e Região de Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro explica por que este distrito é estratégico para o partido e aponta algumas das suas prioridades.
A sua escolha como cabeça de lista por Leiria pode significar um empenho grande do partido em eleger deputados no distrito?
O Chega tem de se apresentar forte onde quer que concorra e este distrito é estratégico. É uma das manchas litorais mais à direita do país e tem uma marca histórica importante também ligada a uma marca que o Chega quer trazer, que é a da identidade. Resido em Almada e provavelmente poderia ter sido cabeça de lista por Setúbal, mas o dr. André Ventura preferiu que eu ficasse cabeça de lista por Leiria, entre outras razões, para lançar no distrito uma figura que tem alguma relevância no partido, mas também porque tenho uma ligação familiar à Guia, no concelho de Pombal.
Tem ligações familiares a Pombal, mais concretamente à Guia, mas o que conhece da realidade do distrito?
Uma das coisas que tem de se trazer para a política é a honestidade. Relativamente ao resto do distrito de Leiria tenho algumas ideias mas estou a conhecer agora. Tenho de olhar com mais calma para as questões regionais, ver os estudos que há. Uma marca do Chega é querermos ter pessoas especialistas a falar com conhecimento de causa sobre problemas complexos.
Voltando às legislativas. É um cenário plausível pensar na sua eleição, tendo em conta que Chega, no distrito, nas últimas autárquicas triplicou a votação que tinha obtido nas legislativas?
É plausível, mas nada é adquirido. Em termos numéricos tenho fortes possibilidades de ser eleito, mas um partido como o Chega já não se satisfaz com aquilo que tem, tem de ir atrás de mais. Se elegêssemos um segundo deputado seria ótimo. A campanha tem de ser cuidadosa.
Quais são as principais prioridades do Chega para este distrito?
Além da questão do novo hospital para o Oeste, também a Linha do Oeste é prioritária, porque conheço a Guia e durante muitos anos vi o comboio, que ia para a Figueira da Foz, perdendo pessoas carruagens e desaparecendo. Um dos aspetos que o nosso programa chama a atenção é esta profunda diferença entre o mundo rural e o urbano, há uma desigualdade que Portugal precisa de corrigir.
De que forma?
Na área da agricultura temos uma proposta que consiste no facto do Estado português ter de garantir o nível mínimo de produção alimentar e garantir que isso seja entregue às famílias. Falamos muito em habitação social, mas não associamos a habitação social para certas áreas que têm perdido população, que são as áreas rurais. Aprender a ter quotas de imigração em função daquilo que é benéfico para os próprios imigrantes e para a economia, mas também em termos de distribuição territorial. São aspetos que, para uma área como Leiria, fazem sentido, assim como a preocupação forte com o envelhecimento da população e a quebra de natalidade, associada à família, enquanto valor moral. Será importante ter uma preocupação com uma escola de qualidade porque, provavelmente, algumas famílias afastam-se dos espaços menos urbanizados porque não têm uma escola pública de qualidade.
E a Linha do Oeste?
Por questões ambientais, a ferrovia eletrificada é fundamental. Deve ser uma prioridade de discussão no distrito e requalificá-a até à Figueira da Foz para a ligação a Coimbra, mas pensar com responsabilidade, tendo em conta o investimento necessário. Nem que seja a prazo, mas não se deve fazer pela metade, porque depois há atividades económicas que se reinventam, a circulação de pessoas, o turismo.
Considera necessária a construção de um novo hospital no Oeste?
Com as características demográficas, com o aumento da esperança média de vida, o envelhecimento da população, é preciso um novo hospital. Além do papel do Estado, o nosso programa é muito claro na necessidade do equilíbrio entre o público e o privado e que o modelo de saúde se centre no cidadão e paciente. A criação do novo hospital no Oeste traz desafios de monta, o investimento vai compensar a todos os níveis, mas enquanto isso se faz abrir o horizonte para a iniciativa privada e social, mesmo na área da saúde. Relativamente à localização, não tenho uma posição fechada e quando existisse não queria que fosse do gabinete de estudos, mas da direção nacional do Chega. ■
*Entrevista conjunta REGIÃO DE LEIRIA/GAZETA DAS CALDAS






























