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Os aguaceiros que começaram a cair ao início da tarde de domingo, 13 de Setembro, apressaram a sardinhada do Bloco de Esquerda, que decorria no Parque de Merendas junto à Lagoa de Óbidos. Ainda assim não foram fortes o suficiente para demover os dirigentes bloquistas que, sem precisar de chapéu, subiram ao palco e apelaram ao voto no BE para que o cabeça de lista pelo distrito, Heitor de Sousa, possa voltar a ter voz activa na Assembleia da República.
A requalificação da Lagoa de Óbidos tem sido uma preocupação para o Bloco de Esquerda que realiza anualmente uma sardinhada junto à sua margem (uma prática também seguida pelo PCP, que possui um terreno no local e ali também realiza uma festa anual). Neste ano de eleições foi o cenário escolhido para marcar o arranque da campanha no distrito de Leiria. Heitor de Sousa, cabeça de lista do BE neste distrito, destaca que a causa ambiental é uma das principais propostas do manifesto eleitoral, tendo em conta que existem vários “pontos negros” que querem tentar resolver.
Durante a campanha os candidatos querem percorrer toda a região dando a conhecer as suas propostas e estão convencidos que estas serão bem acolhidas e que irão permitir ao BE “recuperar uma voz na Assembleia da República”, disse o candidato.
Os bloquistas estão determinados em recuperar o que foi “roubado” à população por uma “uma política de austeridade impiedosa, que lançou para a miséria e empobrecimento quem ainda vive e trabalha no distrito”. Heitor de Sousa lembrou que o distrito de Leiria tem sofrido uma desertificação nos últimos anos, através da emigração de milhares de pessoas.
Querem combater, por isso, a política que sem sido praticada pela maioria de direita e “devolver uma esperança ao povo do distrito”, avançou o candidato.
Também presente na sardinhada, que reuniu cerca de meia centena de militantes e simpatizantes do Bloco, esteve a eurodeputada Marisa Matias. “Hoje podemos provar que piegas não somos”, dizia, à chuva, e repudiando assim alguns dos “mimos” com que têm sido presenteados pela coligação no poder.
“Este país não está à venda”
A dirigente política teceu duras críticas ao governo, que diz estar a destruir o país. “Nestes quatro anos batemos o recorde da dívida pública, que continua por resolver, o recorde com as despesas com as parcerias público-privadas, com o juro da dívida e com os impostos”, exemplificou, acrescentando que actualmente metade da despesa publica é gasta não em salários, com o SNS ou a escola pública, mas a pagar os juros da dívida, as parcerias público-privadas e as rendas que estão associadas ao Estado.
“Pela primeira vez na nossa História pagamos cada vez mais impostos e não temos nenhuma retribuição dessas contribuições”, disse, denunciando ainda a falta de transparência do governo que, nos últimos quatro anos, gastou “oito mil milhões de euros de ajustes directos sem concurso público para os amigos do costume”.
No período de vigência do governo PSD/CDS-PP, foram “salvos” seis bancos, sem que, por outro lado, “chegasse um cêntimo ao Estado Social e à vida das pessoas”, criticou ainda a eurodeputada, que considera que não faltam recursos, mas vontade política para resolver os problemas. Defendeu que é preciso investir, lutar contra a corrupção, por contas públicas transparentes, mas que também é preciso que o dinheiro público sirva para “alimentar a saúde e escola pública, aquilo que faz de nós um país”.
Referindo-se à Segurança Social e às suas fragilidades, Marisa Matias considera que esta “não seria insuportável, desde logo se o primeiro ministro pagasse as suas contribuições”, mas também que o problema deve ser visto associado à falta de emprego e emigração massiva que se tem registado.
As propostas do BE assentam basicamente na luta contra a corrupção, defesa do Estado Social e na defesa dos bens comuns e públicos. “É um programa para aqueles que acham que este país não está à venda e que temos direito a desfrutá-lo”, disse a eurodeputada, que não escondeu o desejo de voltar a ver Heitor de Sousa no parlamento. “Faz-nos muita falta”, rematou.
