Santana Lopes sem apoios na região para constituição do seu novo partido

0
1132
Gazeta das Caldas
Os apoiantes de Pedro Santana Lopes às últimas directas do PSD não o acompanham agora na fundação do novo partido (foto de arquivo)

Depois de 40 anos de militância no PSD, Pedro Santana Lopes deixou o partido e está a fundar um novo, denominado Aliança. Na última corrida à liderança do PSD, em Janeiro, em que perdeu para Rui Rio, Pedro Santana Lopes contou com apoios na região, que agora não o seguem no novo partido e dizem mesmo que este poderá vir a prejudicar os resultados do PSD nas próximas legislativas, roubando votos ao centro-direita.
Já os partidos de esquerda preferem não tecer grandes comentários nem vêem grandes consequências na criação da Aliança.

Em Janeiro, Pedro Santana Lopes candidatou-se à liderança dos sociais-democratas e saiu derrotado por Rui Rio, que conseguiu 46% dos votos. Agora está a criar um novo partido, denominado Aliança, cuja recolha de assinaturas para a formalização da sua constituição está a decorrer.
Aquando da candidatura a presidente do PSD, Pedro Santana Lopes contou com apoios na região, mas o mesmo parece não acontecer para a constituição do novo partido, uma vez que os antigos apoiantes permanecem fieis ao velho PSD. O antigo presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, foi o coordenador da moção de estratégia global de Pedro Santa Lopes nas últimas directas, mas não o acompanha nesta nova etapa. À Gazeta das Caldas, o agora membro do Conselho Nacional do PSD (incluído na lista por consenso entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes) conta que conversou recentemente com o seu amigo e fez-lhe ver que ainda acredita no seu partido, ainda que lhe reconheça fragilidades. “Quem neste momento for crítico do que o PSD está a fazer não está a ser injusto”, diz Telmo Faria, explicando que até agora Rui Rio só deu a imagem de um estilo diferente, mas que falta ter um programa e ideias fortes.
“A minha esperança é poder contribuir para que o PSD seja o partido das causas, que traga aumento de riqueza e se desenhem políticas sociais e públicas que deem respostas aos problemas dos portugueses”, disse, acrescentando que não acredita que seja necessário um novo partido para se fazerem ouvir.
Telmo Faria diz que acredita no PSD e que é nesse partido que quer lutar, embora reconheça que a actuação de Pedro Santana Lopes foi uma chamada de atenção ao PSD “que não pode ser uma bengala do PS”.
O ex-presidente da Câmara de Óbidos considera que o novo partido será um concorrente do PSD, mas que não será prejudicial se os sociais-democratas apresentarem uma agenda forte. “O sucesso da Aliança ou o crescimento do CDS depende sempre de termos uma liderança e intervenção política forte”, considera.

Aliança vai dividir a direita

- publicidade -

Também o actual presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, foi apoiante de Santana Lopes nas eleições internas da partido, mas não o acompanha neste novo desafio. Mantém-se no PSD, “embora seja uma voz de discórdia face aos últimos tempos de oposição deste partido ao governo, ou de ausência de propostas”, disse à Gazeta das Caldas. Humberto Marques mostra-se crítico desta maneira do seu partido fazer política, mas garante que não é isso que o faz deixar de acreditar nele, pois tem “excelentes activos”.
Amigo de Santana Lopes, Humberto Marques já lhe disse pessoalmente que não concordava com a posição que tomou, mas que a respeita, tanto do ponto de vista político como pessoal.
O autarca diz que é “inequívoco” que o novo partido irá dividir mais a direita e faz mesmo prognósticos quanto aos votos que obterá: 60% irá buscá-los ao PSD e 40% ao CDS. Outro perigo que vê é que, com toda esta divisão de votos por partidos, o PS, embora com menos votos no total, poderá ter uma maioria absoluta.
“Há o risco do novo partido ir buscar votos ao centro e direita”, conclui Humberto Marques.
Nas Caldas José Cardoso foi apoiante e o mandatário concelhio da candidatura de Santana Lopes à presidência do PSD. No entanto, o elemento da União de Freguesias de Nª Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório afirma que apoiou o antigo primeiro ministro dentro do PSD, partido com o qual se identifica. “Acho que foi um erro Santana Lopes criar um novo partido”, disse, defendendo que era dentro do PSD que ele deveria de lutar pela sua posição.

Esquerda sem reacções

À esquerda a criação da Aliança não provoca grandes reacções. O responsável da concelhia caldense do PCP, Vítor Fernandes, considera que o aparecimento de mais um partido, à direita, não trará grandes consequências. “Acho que o que é benéfico para a esquerda é a afirmação das suas propostas e políticas e que estas cheguem às pessoas”, disse.
Luís Filipe, pela comissão política do PS das Caldas, considera que a participação cívica é sempre salutar, pelo que a criação de partidos que tenham um desempenho adequado e activo é importante. No que respeita à Aliança e à sua futura acção política, considera que “caberá aos partidos como o PSD e o CDS analisarem o reposicionamento e impacto que este terá na família dos partidos de direita”.
Luís Filipe prefere não responder se a criação de mais este partido à direita será benéfico para a esquerda, dizendo apenas que pretendem manter uma “certa independência sobre o tema”.
Gazeta das Caldas questionou também, Maria João Melo, um dos elementos da coordenadora concelhia caldense do BE, que disse não ter comentários a tecer sobre o assunto.

Conselho Nacional do PSD reúne nas Caldas

Gazeta das CaldasO Conselho Nacional do PSD vai reunir pela primeira vez nas Caldas da Rainha, estando a sessão prevista para a próxima quarta-feira, 12 de Setembro. O órgão que discute e sugere as políticas e estratégias da linha programática do partido, e que integra os caldenses Tinta Ferreira, Daniel Rebelo e Hugo Oliveira (por inerência da distrital) e o obidense Telmo Faria, começará os trabalhos pelas 21h00, no grande auditório do CCC.
Antes, pelas 19h00, decorrerá a tomada de posse dos órgãos concelhios, com um jantar no pequeno auditório do centro cultural. As inscrições são limitadas e poderão ser feitas através dos tel. 924447644 (Rui Constantino) ou 966560397 (João Frade).

Hugo Oliveira recandidata-se
à concelhia caldense

Hugo Oliveira recandidata-se, pela terceira vez, às eleições para a concelhia caldense do PSD que decorrem no próximo domingo, 9 de Setembro. Até à passada terça-feira este era o único candidato conhecido.
A sua lista apresenta como novos elementos à comissão política Paulo Espírito Santo, João Frade e Jorge Varela. A mesa do plenário será composta por Fernando Costa, Miguel Goulão e Ana Zita Gomes.
As urnas estarão abertas entre as 17h00 e as 22h00 na sede, situada na praça 5 de Outubro, nº 18 – r/c Dto.
A concelhia caldense tem cerca de 1500 militantes, dos quais só 500 podem votar por terem as quotas em dia.

- publicidade -