A necessidade de recursos humanos e de requalificação das infraestruturas do Centro Hospitalar do Oeste são algumas das conclusões apontadas pelo relatório elaborado pela comissão permanente de saúde da Assembleia Intermunicipal do Oeste. O documento, apresentado na reunião 26 de Dezembro e que pretende ser o início dos trabalhos com vista à melhoria do estado da saúde na região, contou com o contributo dos centros hospitalares e agrupamentos de Centros de Saúde com intervenção direta no território da região Oeste.
A Assembleia Intermunicipal aprovou, por unanimidade, o orçamento da OesteCIM para 2020, no valor aproximado de 5,7 milhões de euros, bem como o seu plano de actividades.

O facto da população da região Oeste ter cuidados de saúde prestados por diferentes unidades “dificulta a integração e a uniformidade da prestação desses cuidados, provocando situações de injustiça, gritante, na qualidade e no acesso à prestação desses cuidados”, conclui o relatório. Os oestinos são servidos por quatro centros hospitalares, sendo apenas um, o CHO, exclusivo da região Oeste. Os outros três abrangem “franjas da região”, como acontece com o hospital de Leiria que abarca algumas freguesias da Nazaré e Alcobaça e a sul, com o Hospital de Vila Franca de Xira, para onde drenam os utentes de Alenquer e Arruda dos Vinhos, bem como o Hospital Beatriz Ângelo para utentes de Sobral de Monte Agraço. Pelas suas boas condições, este último, situado em Loures, absorve muita população do Oeste, que não está referenciada para essa unidade de saúde.
Esta dispersão das unidades hospitalares e agrupamentos de saúde “enfraquece um pouco a nossa capacidade de reivindicar com o poder central”, disse o relator do relatório, Rui Prudêncio. O deputado torriense salientou ainda que o CHO é dos “piores em termos de infraestruturas, a nível nacional, reconhecido pelo próprio ministério da Saúde”.
Outra das conclusões do documento é a falta de recursos humanos. Rui Prudêncio salientou que o CHO é “muito pouco atractivo” para a vinda de médicos, acima de tudo porque as especialidades que existem não são diferenciadoras. “Existe uma grande falta de anestesistas e um anestesista não progride sua carreira no bloco operatório, mas nos cuidados intensivos e essa é uma valência que este centro hospitalar não tem”, exemplificou, acrescentando que, mesmo que abram vagas, estes profissionais preferem ir para hospitais onde poderão progredir na carreira, como acontece se forem para hospitais centrais.
A comissão defende que é “urgente criar condições para uma maior diferenciação nos cuidados médicos no CHO”, bem como de formação em especialidades médicas, de novos médicos na região, de forma a incentivar a sua fixação futura. O documento refere também que é necessário reforçar as respostas ao nível da saúde mental na região e criar soluções para as necessidades de cuidados continuados e paliativos.
Entre as conclusões estão ainda a necessidade de incrementar as respostas ao nível dos cuidados primários, quer em termos de recursos humanos, quer em termos de infraestruturas. E, face à “total desadequação e degradação das unidades que compõem o CHO, é urgente a construção de um novo Hospital na região Oeste”, defende a comissão.
Contudo, e até à construção do novo equipamento, que demorará sempre mais de uma década, “é urgente continuar a investir nas unidades existentes”, que prestam cuidados de saúde a uma população de cerca de 362 mil pessoas.
Os deputados que integram a a comissão referem no relatório que vêem com agrado a constituição do grupo de trabalho que deverá iniciar o estudo sobre o novo Hospital do Oeste a ser implementado e garante que continuará a exigir medidas ao Ministério da Saúde para contrariar a falta de profissionais de saúde e a decadência de algumas das suas unidades e a obsolescência de alguns dos seus equipamentos. “A tutela tem de encontrar uma solução para a falta de médicos de família, que nos últimos meses e já depois das audições, se voltou a agravar em alguns concelhos do Oeste”, manifesta.

Orçamento de 5,7 milhões para 2020

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Os deputados aprovaram, por unanimidade, o orçamento da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM), no valor aproximado de 5,7 milhões de euros. Este montante depende, essencialmente, das transferências efectuadas pelos municípios, juntamente com fundos comunitários e outros autónomos, no âmbito de candidaturas diversas.
A aquisição de bens e serviços para a execução de actividades, juntamente com as despesas com o pessoal compõem o orçamento da despesa.
Relativamente a 2019, este orçamento representa um acréscimo de 13%, devido ao incremento de projectos que a comunidade intermunicipal se propõe a executar.
O presidente da OesteCIM, Pedro Folgado, caracterizou-o como um orçamento “equilibrado”. Entre os projectos em curso e outros para desenvolver estão a Academia do Oeste, o Acess Tur, Be Taste and Feel Sustainable Oeste, Brigada de Sapadores Florestais do Oeste, Central de Compras do Oeste, combate às alterações climáticas, comércio com história e Estação Náutica do Oeste, entre outros.

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