“Queremos fazer um parque infantil em A-dos-Negros que é uma coisa que não existe na freguesia”

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juntaA freguesia de A-dos-Negros, no concelho de Óbidos, comemorou em Julho 412 anos. Com 1489 habitantes (Censos 2011) em 1682 hectares, a grande dispersão da freguesia e o envelhecimento da população são os principais problemas, segundo Heitor Conceição, presidente da Junta. A construção da barragem do Arnóia ainda não trouxe benefícios aos agricultores, que não podem usar a água. E a freguesia precisa ainda de coisas tão simples como um parque infantil e um multibanco. Médico tem, mas precisa de fazer a manutenção de – pasme-se! – cinco cemitérios e tem ainda sete antigas escolas primárias desactivadas (das quais quatro já têm novas funções).

HEITOR CARVALHO CONCEIÇÃO
51 ANOS
ELEITO PELO MOVIMENTO UNIDOS PELA FREGUESIA
PRIMEIRO MANDATO
PROFISSÃO: EMPRESÁRIO (RAMO ALIMENTAR)
ESTADO CIVIL: CASADO, DOIS FILHOS

Isaque Vicente
ivicente@gazetadascaldas.pt

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GAZETA DAS CALDAS: Quais foram as promessas eleitorais para este mandato que já conseguiu cumprir?
HEITOR CONCEIÇÃO – Nós viemos estrear este edifício da Junta em Março de 2014, mas já tinha sido inaugurado em Agosto de 2013. Tivemos de trazer as coisas para cá e adquirir algumas coisas novas.
Fizemos uma melhoria da parte informática nos serviços da Junta, com a compra de computadores e um servidor.
Além das competências obrigatórias da Junta, somos uma freguesia bastante grande e muito dispersa: temos sete localidades, mais de 130 caminhos agrícolas, que são muito trabalhosos. Temos cinco cemitérios que estão ao nosso encargo (conservação, limpeza e manutenção).
Fizemos este ano o dia da freguesia que calha no primeiro domingo de Julho e fizemos uma homenagem a todos os ex-presidentes desta Junta desde 1917.
Creio que somos a única freguesia do concelho que faz as celebrações do 25 de Abril já desde há muitos anos. E fazemos a Gala da Freguesia anualmente, sempre numa associação diferente, só com artistas (música, dança, poesia, cantares, entre outras) da freguesia.
Iniciámos agora um parque de merendas junto à entrada da estrada da Sancheira Pequena e que ainda não está acabado. Essa estrada foi alcatroada também este ano até à extrema do concelho (A-dos-Francos).
Vamos lançar um concurso para um passeio, em calçada antiga portuguesa, para a ligação da Sancheira Grande ao Casal do Marco porque a EN115 tem raides dos dois lados e não há espaço para as pessoas passarem. Vai ser financiada pela Câmara, mas executada pela Junta. Deve estar concluída no início de 2016.
Depois fizemos a manutenção das fontes naturais e adquirimos uma peça para colocar no tractor para pulverizar as valetas.

“Queremos um multibanco porque o mais perto é em Gaeiras ou A-dos-Francos”

GC: Assim sendo, há projectos que queira fazer e que faltem cumprir?
HC – Temos uma grande prioridade que é adquirir um terreno para fazer um armazém para a Junta. As viaturas da Junta pernoitam na rua. Não temos espaço para arrumar praticamente nada. Temos um espaço alugado a um senhor, mas só usamos o quintal. Temos muros à volta, mas as alfaias, o tractor, as maquinarias ficam na rua. E não temos sítio para fazer estaleiro para “tout venant”, manilhas, esses materiais que as Juntas precisam todos os dias. É uma das situações que queremos ver resolvida. Já fiz um pedido ao presidente da Câmara para nos ajudar a adquirir o terreno.
Vamos lançar agora uma obra que é paga na totalidade pela Câmara e que está dependente dos contratos de execução que nós temos e que é um passeio, também em calçada antiga portuguesa, junto à igreja de Sta. Maria Madalena. Vamos iniciá-lo em final de Setembro, início de Outubro. Vai custar perto de 20 mil euros e deve estar concluído ainda no ano 2015. É um passeio ao longo da estrada e acho que faz ali muita falta porque não existe espaço para as pessoas andarem.
Temos previsto e já temos orçamentos pedidos para fazer um parque infantil em A-dos-Negros que é uma coisa que não existe na freguesia.
Vamos estabelecer um protocolo com o grupo desportivo de A-dos-Negros para fazer um espaço de lazer com aparelhos de manutenção e estacionamento num terreno que lhes foi dado pelo senhor Dionísio Ferreira.
Fizemos um pedido à Câmara que é um sonho que temos: uma creche – que não temos na freguesia – que acho que era uma mais-valia para segurar e até atrair jovens. No passado talvez tivesse sido mais fácil, neste momento é muito difícil haver apoios para essas situações.
Para nós é uma prioridade, porque a freguesia está muito envelhecida. Nós temos muitas casas para recuperar, desabitadas. Com a crise que o país atravessa se calhar era uma boa aposta para os jovens recuperar algumas dessas casas, umas compradas e outras de família. Nós, se tivermos cá os serviços, podemos cativar e segurar pessoas.
Temos andado a lutar para a colocação de uma caixa multibanco no edifício da Junta em A-dos-Negros que fazia e faz imensa falta. Tenho andado a trabalhar isso com uma instituição bancária, mas não está fácil. Não perdi a esperança, há-de chegar a bom porto. O mais perto que temos é Gaeiras ou A-dos-Francos.
A Câmara está a trabalhar no alcatroamento da estrada principal que está cheia de buracos e precisa bastante dessa intervenção. Está em fase de projecto, sendo para concluir, à partida, em 2016.
Queremos que seja feita a recuperação da zona histórica de A-dos-Negros. Estou sempre a falar com o presidente da Câmara, mas ainda não teve hipótese de lançar concurso a fundos comunitários porque ainda não abriram. A ideia é enterrar os cabos e fazer os arruamentos em calçada portuguesa, com os candeeiros antigos nas paredes. Não depende de nós, porque é uma obra de grande envergadura que acarreta muito dinheiro.
Temos uma urgência muito grande no alargamento do cemitério de A-dos-Negros, que está praticamente cheio.

“De ano para ano vamos perdendo eleitores”

GC: Quais são os principais problemas da freguesia?
HC – A área e dispersão e o envelhecimento são dois grandes problemas. De ano para ano vai-se notando que vamos perdendo eleitores. É uma grande preocupação que eu tenho, porque se não houver aqui os serviços, tanto na Junta – CTT, pagamento de águas, etc. -, mas também multibanco, creche, entre outros, não conseguimos fixar população jovem.

GC: Qual é o orçamento desta Junta? Têm receitas extra para além da dotação orçamental a que têm direito?
HC – Em termos de receitas temos a venda de covais e este ano recebemos a verba de um projecto de recuperação de fontes da freguesia, que já tínhamos executado no ano passado através do Leader Oeste. Assim este ano o orçamento total foi de 237 mil euros. Inclui o FEF, o acordo de execução dos contratos inter-administrativos e a verba dos dois passeios que iremos construir.

GC: Quais são os principais gastos?
HC – A mão de obra e a manutenção das máquinas. Este ano tivemos que legalizar o Dumper, ainda foi uma despesa razoável.

GC: Considera o orçamento suficiente? É difícil aumentá-lo?
HC – Difícil de aumentar é de certeza. Suficiente… É o que temos, mas tem de ser bem gerido, dado a dimensão da freguesia e os custos. Penso que não há mais nenhuma freguesia do concelho que tenha cinco cemitérios, dois jardins de infância abertos e sete escolas desactivadas que exigem manutenção. Duas estão a servir de centro de convívio (Areirinha e Sancheira Grande) e a do Casal da Areia está entregue à população. Na Gracieira temos um protocolo feito com a população há meses (penso que é o primeiro feito sem ser com uma associação) em que as pessoas desenvolvem actividades onde ensinam o que sabem (como aulas de concertina para toda a população do concelho).
Pedimos à Câmara para passar o jardim de infância para uma dessas escolas desactivadas, a EB1 de A-dos-Negros, porque tem o ATL e juntava-se tudo, com o futuro parque infantil que queremos instalar. Onde é o jardim de infância seria a creche.

GC: A delegação de competências da Câmara para as Juntas foi um presente envenenado?
HC – Acho que é uma boa medida, um presente envenenado não. Possivelmente, algumas das obras conseguimos executar mais rápido do que a Câmara, apesar de nos dar trabalho e despesa. Mas ver a obra feita e concluída tem um sabor bastante bom.

GC: Quais são as principais reivindicações dos fregueses?
HC – São muitas: uma das situações que fomos confrontados foi a limpeza dos terrenos, principalmente junto às casas, mas não só.
Somos uma freguesia maioritariamente agrícola, há muito terreno abandonado que se torna um perigo para a população. Felizmente não temos sido muito fustigados por incêndios.
Depois é buracos para tapar, cimentar valetas, entre outros.

GC: Quantos funcionários tem a Junta?
HC – Temos dois funcionários na rua (manutenção e limpezas), o que para uma freguesia com esta área e dinâmica tem de ser bem gerido e bem trabalhado. Se não tivermos o apoio da Câmara com máquinas – como retroescavadoras, niveladora, tractor corta-caniços -, não conseguimos manter a freguesia bonita e bem tratada como gostaríamos.
Depois temos uma funcionária na carrinha de transporte das crianças e melhor idade, que a ocupa o dia inteiro e temos uma funcionária na Junta. Existe uma união no executivo muito forte.
“Uma vezes havia médico, outras não”

GC: Está satisfeito com os transportes para a sede do concelho?
HC – A oferta é boa, mas peca por ser pouca. Já tivemos o OBI a passar todos os dias. Eu compreendo que não faz sentido andar um autocarro todos os dias para trás e para a frente vazio. Agora está a vir um dia por semana, o que ouço no relato das pessoas é que dois dias semanais seria o ideal.

GC: Existe extensão do centro de saúde? Funciona bem?
HC – É uma situação relevante, porque inicialmente deixámos de ter médico porque o que estava colocado em A-dos-Negros foi para a reforma e tivemos algumas dificuldades: umas vezes havia médico, outras vezes não. Vinha um médico, ficava uma semana ou duas e ia embora. Agora temos um, que foi colocado por um ano e meio e não sei se irá continuar, mas a população está muito agradada e é uma mais-valia. O posto médico está a funcionar relativamente normal.

GC: Quais as

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colectividades e grupos cívicos que se destaquem na freguesia?
HC – Temos a Associação Desenvolvimento Social da Freguesia A-dos-Negros, que tem o lar aberto e tem apoio ao domicílio e que presta serviço nesta e nas freguesias vizinhas. Temos o rancho folclórico Estrelas do Arnóia, da Sancheira Grande, que é um ex-líbris da freguesia.
Temos o grupo de teatro Reflexos que tem um papel muito importante na cultura e está ligado ao grupo desportivo. E temos as associações desportivas e recreativas que são muito importantes também. Vão todas ao Mercado Medieval (tirando a Gracieira) porque é uma fonte de receita muito importante.

“Os agricultores não podem usar água da barragem para rega”

GC – A barragem traz vantagens aos agricultores?
HC – Para já ainda não demos muito por isso, porque do ponto de vista dos agricultores até veio foi consumir alguns terrenos férteis para várias culturas e que foram expropriados. Em termos de regas, não, porque não podemos tirar água da barragem para rega. Até foi uma situação que o presidente da Câmara falou pelas eleições, que possivelmente iria arranjar forma de que os agricultores da parte de cima também pudessem usufruir da água da barragem para regas, mas os agricultores não têm estado a usufruir.
Nós, basicamente, é o espelho de água, que quando a barragem está cheia dá uma imagem bastante bonita à freguesia.

GC – E em termos imobiliários?
HC – Em termos imobiliários, na minha maneira de ver, não se viram grandes reflexos. Esperamos que venha um dia a acontecer. Se eventualmente existissem, por exemplo, desportos náuticos na barragem, podiam trazer uma dinâmica diferente.

GC: Como é o seu dia-a-dia como presidente de Junta?
HC – Tenho de gerir a minha empresa e tenho de gerir a Junta, com o executivo e os funcionários. É impossível ter uma rotina, estão sempre a surgir situações.
Depois tenho o atendimento aos fregueses, as reuniões e os eventos da Junta.
A vida familiar acaba por ser prejudicada e eu próprio, que deixei de ter o tempo que tinha.

GC: Como é que se envolveu na política?
HC – Fui convidado por pessoas que também fazem parte do grupo desde início. Eu inicialmente não queria. Nunca esperei vir a ser presidente de Junta, mas nunca fui pessoa de virar as costas a nada.

GC: Como lida com as pessoas descontentes com a sua prestação?
HC – Com calma, falando com as pessoas, sabendo ouvi-las e tentando resolver o problema o mais depressa possível.

GC: Das suas funções neste cargo, de que é que gosta mais?
HC – Não gosto muito de papéis. O que me dá mais gozo é os trabalhos, andar na rua, ver e falar com as pessoas.

GC: Tenciona recandidatar-se?
HC – O futuro a Deus pertence. Estamos a meio do mandato e isto não é uma tarefa fácil, dá-nos um grande desgaste físico e psicológico.

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