PSD escolheu “Golpe das Caldas” para dar início às comemorações dos seus 40 anos

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Tiveram início nas Caldas da Rainha as comemorações dos 40 anos do PSD e do 25 de Abril de 1974, aproveitando o simbolismo da tentativa de golpe de Estado de 16 de Março.
O grande auditório do CCC recebeu cerca de 400 pessoas, entre elas Pedro Passos Coelho, líder do PSD, e Francisco Balsemão, ex-líder e actual presidente da comissão que está a dinamizar as comemorações do 40º aniversário do partido.
O militante número um do PSD aproveitou a ocasião para referir que este partido está “muito bem entregue” a Passos Coelho, elogiando o que está a ser feito pelo actual governo.
O primeiro a usar da palavra na sessão evocativa do 16 de Março de 1974 foi o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, que aproveitou a ocasião para dizer que os caldenses não se conformam “por termos o Hospital Termal fechado, a Lagoa de Óbidos assoreada e a Linha do Oeste com comboios pouco mais rápidos do que no tempo do rei D. Carlos”.
Tinta Ferreira disse ainda que os caldenses querem fazer parte das soluções para estes problemas, nomeadamente querendo assumir responsabilidades no Hospital Termal, serem parceiros do governo na resolução dos problemas da Lagoa e apresentando propostas para a Linha do Oeste. “Tal como há 40 anos, motiva-nos a ambição de fazer com que a nossa região seja mais rica e a população viva melhor”, disse.
O discurso de Passos Coelho foi também de muito optimismo, considerando que o passado “é um bom pretexto para olhar para o futuro”. O governante disse que a sociedade portuguesa ainda tem muitas injustiças “com uma pequena parte da população que detém uma parte significativa do rendimento e depois há um grupo muito elevado de portugueses que tem mais dificuldades”. O governante lembrou que as desigualdades já existiam antes da intervenção da troika, mas salientou que em Portugal a população com mais recursos foi quem mais contribuiu para o esforço na recuperação do país. “Eu sou presidente de um partido social-democrata e fico muito satisfeito que tivessem sido os que têm mais que tenham dado o maior contributo para esse efeito”.
Nas Caldas, o primeiro-ministro criticou ainda o tratamento desigual que entende existir na Justiça em Portugal, confessando-se surpreendido pelas prescrições em processos que envolvem banqueiros, numa alusão ao recente caso de Jardim Gonçalves. “Um cidadão comum não teria conseguido um desfecho destes”, afirmou.
A sala, cheia de militantes do PSD, irrompeu em aplausos quando o governante declarou que “grande parte da nossa acção política destina-se a corrigir estas injustiças e assimetrias, ou, eventualmente, os privilégios que ainda possam existir na sociedade portuguesa”.

AS ORIGENS DO PSD

Nas Caldas foi também apresentado pela primeira vez um vídeo (youtu.be/MRRo1PGnBeY) sobre a história do PSD, fundado a 6 de Maio de 1974, no qual se recua ao início dos anos 70 e à actividade dos deputados da ala liberal da Assembleia Nacional que acabariam por vir a fundar o partido.
Durante este ano de comemorações a seta do PSD passa a ter também a cor vermelha, para além do laranja.
Na cerimónia, Pinto Balsemão recordou que o primeiro documento que daria origem ao programa do então PPD (Partido Popular Democrático), intitulado “Linhas para um Programa”, tinha oito páginas e nele se defendia “a escolha de caminhos justos e equilibrados de uma social democracia em que possam coexistir, na solidariedade, e os ideais de liberdade e de igualdade”.
O historiador Rui Ramos fez uma contextualização histórica dos acontecimentos que vieram desembocar no 16 de Março e no 25 de Abril, recuando a 1961, ao início da guerra em Angola, em que o regime se dividiu entre os que defendiam as vantagens de Portugal se desligar das colónias e virar-se para a Europa e para os seus aliados ocidentais e os que insistiam na afirmação da soberania portuguesa em África, mesmo à custa da guerra e do isolamento internacional.
Como um Portugal descolonizado e mais integrado na Europa não era compatível com a manutenção do regime, “venceu, então, a opção africana e manteve-se a ditadura”, disse o historiador. Desde então, estas brechas que então se abriram no regime nunca mais fecharam, tendo durado até ao 25 de Abril.
Na primeira fila do auditório estiveram presentes alguns dos protagonistas do 16 de Março, entre eles os generais Manuel Monge (que viria a ser chefe da casa militar do Presidente da República, Mário Soares) e Almeida Bruno, bem como os coronéis Virgílio Varela, Casanova Ferreira e Armando Ramos, entre outros.

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Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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