Mais de 50 pessoas marcaram presença na cerimónia organizada pela comissão política concelhia do PS, na noite de segunda-feira, que teve por objectivo celebrar o 37º aniversário do 25 de Abril e homenagear o socialista e alfarrabista Hermínio de Oliveira.
Familiares e amigos foram unânimes em reconhecer este caldense, de 80 anos, como um profundo humanista e cidadão de referência.
Nesta noite foi-lhe também atribuída a medalha de mérito do Governo Civil de Leiria.

“Convidei o Hermínio a falar “às massas”, ao cair de uma tarde de Maio de 74. Não recordo, claramente, por que razão (foram tantas as situações semelhantes). Foi sob uma árvore, em cima de um banco da Praça de Fruta, que ele falou”. Esta a recordação do amigo de longa data, Mário Tavares, que dessa altura lembra ainda que Hermínio de Oliveira se conhecia pela palavra fácil e pelo seu discurso impressivo.
A amizade manteve-os unidos durante a vida, assim como a luta pelas mesmas causas.
Foram ambos escolhidos para integrar a Comissão Administrativa Municipal, após o 25 Abril. Contudo, o homenageado viria a abandonar o cargo (não remunerado) porque tinha que trabalhar para alimentar a família. No PS das Caldas, foi de tudo, desde militante a dirigente, passando por deputado da Assembleia Municipal e deputado da Assembleia da República.
Mário Tavares destacou ainda que Hermínio de Oliveira encarou sempre a vida pública como um serviço a prestar à cidadania. “Autodidacta de formação, frequentou a universidade da vida de forma intensa. Culto, dotado para as letras, escreveu centenas de crónicas na imprensa local e regional, escrita e falada, e publicou livros de memórias, que são tesouros de sabedoria”, acrescentou.
Mário Tavares falou também da Livraria Camões, que é ponto de encontro das mais diversas personalidades, reconhecendo que à loja do Hermínio, normalmente, “não se vai, com bastante pena dele, comprar nada. Vai-se conversar ou vai a malta das escolas fazer perguntas”.
Fazendo uma retrospectiva pela vida do homenageado, disse que esta numa lhe foi fácil. Na década de 60 emigrou para França, “a pátria das liberdades”, depois de conseguir um passaporte com o apoio de António Freitas. As saudades e a responsabilidade para com a família fez com que voltasse pouco depois e nunca mais saísse da cidade termal.
Também Mário Gonçalves se associou a esta homenagem ao homem que classifica de carácter íntegro que “inspira, em todos aqueles que melhor o conhecem, a admiração e respeito que são devidos a quem faz do saber o seu conforto”.
Referindo-se ao seu percurso político-partidário, disse que o homenageado não fez uma carreira, mas uma missão, que se iniciou logo após o 25 de Abril.
“Do que conheço de Hermínio de Oliveira, sei que persiste constante a sua ideologia que, por motivo das mudanças politicas, sociais e económicas, que se evidenciam num mundo conturbado, é talvez agora sentida com menos sonho e mais pragmatismo”, revelou Mário Gonçalves. Acrescentou ainda que a sua forma de estar, frontal e leal, dedicada aos bons princípios e exercendo continuadamente os seus deveres de cidadania, justificam amplamente o tributo que lhe foi prestado.
“Um marco que deixa marcas”
Para Vasco Trancoso foi uma feliz ideia do PS a de festejar o 25 de Abril com uma homenagem a Hermínio de Oliveira, pois sempre o viu como um dos valores da democracia, liberdade e disponibilidade para ajudar o próximo.
“Ele próprio era um livro aberto, não era uma pessoa egoísta que guardava o conhecimento”, disse o antigo presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar que, com ele aprendeu muito do que viria a escrever sobre as Caldas da Rainha.
O actual vereador do PS na Câmara, Rui Correia, disse ser um fã incondicional de Hermínio Oliveira, desde logo pelo seu exemplo de dignidade.
“Numa época em que não há ídolos ou heróis, há valores que é importante recuperar e o Hermínio é um património”, disse o também professor, que o considera indispensável.
Para José Carlos Nogueira o 25 de Abril deu-se porque existiam homens como o Hermínio, que classificou como um democrata. “Mesmo não sendo possuidor de uma grande fortuna, é muito rico porque vamos sempre lembrar-nos dele”, adiantou o amigo que considera que o homenageado foi “um marco que deixa marcas”.
O também amigo de longa data, Custodio José Freitas, filho do histórico socialista António Freitas, partilhou com os presentes um “segredo” da vida de Hermínio de Oliveira, que este se tinha iniciado na Acção Socialista Portuguesa, em inícios da década de 60. Caracterizando-o como um homem “bom, de diálogo, tolerante e sincero, sempre no combate à ignorância”, realçou que importa defender a memória do seu percurso.
Apesar de ter assumido o compromisso de que iria deixar de ter participação política nas Caldas, o ex-vereador do PS e actual governador civil de Lisboa, António Galamba, não pode deixar de participar na homenagem. “Pobres as terras que não sublinham o percurso dos cidadãos que lhes trazem a grandeza”, começou por dizer, para sublinhar que as Caldas peca muito por isso. “Quem não tem memória terá cada vez mais dificuldade em afirmar-se no futuro”, reiterou.
Na opinião deste político o percurso de vida de Hermínio de Oliveira é “uma inspiração e uma responsabilidade para cada um de nós”.
O adjunto do governador civil, Jorge Sobral, entregou a Hermínio de Oliveira a medalha de mérito do Governo Civil de Leiria.
O presidente da concelhia socialista caldense, Delfim Azevedo, também realçou a importância deste homem para a cidade e para o partido e lembrou que Abril é “memória, esperança e primavera”. Já antes, Pedro Seixas, da JS, tinha enaltecido os valores de Abril e lembrou que apesar do descontentamento generalizado que o país vive é injusto dizer que se está pior que antes do 25 de Abril.
Emocionado, Hermínio de Oliveira agradeceu a homenagem e falou sobretudo de amizade.
Distinguidas mulheres com mais de 25 anos de militância
Olga Izidoro, Lídia Tavares e Joaquina Oliveira foram as três mulheres socialistas homenageadas na noite, por uma participação de mais de 25 anos dedicados ao partido.
“É uma vida dedicada ao PS. Quem se lembra da sede velha, recorda-se destas, e de outras mulheres a trabalhar”, referiu o presidente da concelhia caldense, Delfim Azevedo, que lhes entregou um diploma de mérito.






























