Dos cinco partidos políticos nas Caldas, só o PCP é que não acredita na reabertura das termas já em 2019. A promessa da modernização da Linha do Oeste é novamente adiada, perspectiva a direita e o Bloco de Esquerda (discordam socialistas e comunistas). A maioria das concelhias caldense mostra-se também preocupada em relação aos fenómenos extremistas e populistas, num ano em que se realizam dois actos eleitorais: em Março as Europeias e em Outubro as Legislativas.
“Não será nos próximos anos a modernização da Linha do Oeste”

O presidente da concelhia caldense do CDS-PP, João Forsado, acredita que o “nó” das termas “seja desatado”. O responsável salienta que, após o veto por parte do Tribunal de Contas à entrega da exploração das termas ao Montepio Rainha D. Leonor, a Câmara ao assumir a exploração, “deixou de ter argumentos perante todos para a não reabertura das termas”.
No que respeita à Linha do Oeste, o líder centrista concelhio considera que este governo “atrasou e muito” a decisão que o governo anterior já tinha tomado e só agora vem falar desta linha. Salienta que ainda é preciso aprovar alguns estudos para depois serem alvo de orçamentação e concurso para, finalmente, a obra ter o seu início. “Apesar dos anúncios feitos recentemente pelo governo no sentido dos investimentos previstos para a ferrovia, bandeira que o CDS-PP tem levantado desde há muito, pensamos que não será nos próximos anos que a modernização da Linha do Oeste verá a luz do dia”, disse à Gazeta das Caldas.
No que respeita às eleições que irão realizar-se este ano, João Forsado salienta que relativamente ao Parlamento Europeu, os resultados passados “têm dado a vitória, de uma forma bem expressiva, à abstenção”. No entanto, acredita que o povo começa a estar ciente que muitas decisões a nível legislativo aplicadas e com efeitos em todos os cidadãos derivam de decisões que emanam de Bruxelas. “Quem decide é o povo, o qual por vezes nos surpreende com a sua inteligência nas escolhas”, considera o responsável, acrescentado que ainda é cedo para saber quem será o vencedor. Destaca ainda que, apesar de nem todos os partidos terem apresentado os seus cabeças de lista, o CDS-PP já anunciou que o seu candidato é Nuno Melo, “actual eurodeputado e de reconhecida competência”.
Para João Forsado alguns dos actuais políticos, com os seus comportamentos menos éticos têm contribuído para o aparecimento de fenómenos populistas ou até de extremismos. Casos de deputados que “faltam no Parlamento, mas que têm a sua presença confirmada por outro colega deputado, outros que dão moradas falsas para daí obterem rendimentos indevidos”, faz com que os cidadãos e eleitores comecem a dar atenção e a proporcionar o aparecimento deste tipo de fenómenos seja eles com cariz de esquerda ou de direita, conclui.
“O PSD é uma alternativa a um governo à esquerda”

O presidente da concelhia caldense do PSD, Hugo Oliveira, acredita na reabertura das termas este ano, ou não estivesse ele envolvido directamente no processo enquanto autarca. À Gazeta das Caldas explicou que tem sido desenvolvido um trabalho de reabilitação do Balneário Novo e com novas canalizações para a sua abertura, prevista para Março deste ano.
Hugo Oliveira realça que a abertura do Balneário Novo é apenas o início do projecto de recuperação do termalismo nas Caldas.
Já sobre a modernização da Linha do Oeste, o dirigente social-democrata não tem tantas certezas. Diz que tem conhecimento que foi aberto concurso (o que não corresponde à verdade) e acredita que as coisas vão avançar, mas destaca que, ao contrário das termas que são da responsabilidade da autarquia, neste caso terá que ser a Infraestruturas de Portugal e o governo a garantir essa intervenção.
Relativamente às eleições que irão decorrer este ano e sobre os seus vencedores, Hugo Oliveira espera que a população tenha “discernimento” para perceber que o PSD é uma alternativa a um governo à esquerda. O também vice-presidente da Câmara caldense considera o BE um partido de extrema-esquerda e, nesse sentido, acha que estes extremos poderão ter alguma expressão. Considera que “no meio é que está a virtude” e que o PSD não precisa desses extremos para governar. Sobre o seu partido entende que deve conseguir reinventar-se e estruturar a sua política olhando para a sociedade actual.
“Eleger um deputado pelo distrito de Leiria”

Vítor Fernandes, do PCP, realça que a reabertura das termas “já foi adiada tantas vezes que eu tenho as minhas dúvidas” que abram em 2019. E questiona-se “se estão reunidas todas as condições necessárias para abrir já este ano”.
Já em relação à Linha do Oeste, o comunista é mais optimista. “Vamos aguardar, estou esperançado que desta vez seja a sério”, referiu, notando que é pena que seja modernizada só até às Caldas. “Ter uma linha electrificada até aqui e ter de mudar para outro tipo de linha não vai beneficiar os utentes, nem a própria linha pois a requalificação devia ser um processo completo e não metade”, defendeu, notando que “o troço para Norte das Caldas até é mais rentável”.
Em relação às eleições, assegura que o PCP vai “fazer tudo para manter e melhorar as nossas posições” e revela que “nas legislativas o objectivo é tentar eleger um deputado pelo distrito de Leiria”.
Vítor Fernandes espera que a direita e os partidos e movimentos retrógradas e populistas que têm aparecido ultimamente não consigam enganar as pessoas e ter um bom resultado. “Espero que não tenham expressão eleitoral, que as pessoas estejam lembradas de 48 anos de fascismo e de tudo o que isso representou para milhões de portugueses”.
“Linha do Oeste vai ser novamente adiada”

Carla Jorge, do Bloco de Esquerda, também acredita que as termas vão abrir já este ano, mas não “que abram a cem por cento porque carece de grandes obras”.
É, no entanto, mais céptica em relação à ferrovia: “acho que a promessa da modernização da linha do Oeste vai ser novamente adiada e que ainda não vai ser este ano”.
Num ano com dois actos eleitorais, Carla Jorge não arrisca um palpite sobre quem vai vencer nas Europeias, mas acredita que Marisa Matias será novamente eleita. Em relação às legislativas, acha “que o PS volta a ganhar, mas não ganha com maioria absoluta”. Nesse acto eleitoral a perspectiva bloquista é de crescimento. Em relação aos fenómenos extremistas, Carla Jorge pensa que estes não terão expressão eleitoral em Portugal em 2019.
A bloquista considera ainda essencial para este ano a integração dos 240 precários do CHO, “que o Governo liberte as verbas necessárias para melhorar o Hospital, que a Lagoa de Óbidos seja finalmente alvo de dragagens relevantes e com dimensão adequada” (e que os mariscadores sejam compensados enquanto não puderem apanhar marisco) e que “a Câmara não deixe passar mais um ano sem uma verdadeira requalificação da rede de abastecimento de água do concelho, que atingiu um estado lastimável que é prejudicial para a saúde pública”.
“Os extremistas existem, mas têm estado adormecidos”

O socialista José Ribeiro acredita na reabertura das termas este ano. “Mau era! Isto é uma promessa com mais de cinco anos do executivo PSD, já era para abrir o ano passado”, lembrou, notando que é preciso perceber se existe um projecto de sustentabilidade para as termas. “Já o defendemos há muito tempo e parece-nos que não há um projecto integrado com a cidade, com o hotel, o desenvolvimento turístico e industrial”.
Em relação à Linha do Oeste, e enquanto membro do partido do governo, não poderia deixar de acreditar no cumprimento do que está previsto. “É um assunto prioritário para a concelhia das Caldas”, referiu, acrescentando que, além da modernização, espera uma resolução para a falta de material circulante. “Nós vamos continuar a pressionar nesse sentido, para que não seja esquecido porque a Linha do Oeste é fundamental para o desenvolvimento da região”, disse.
O socialista espera, obviamente, que o PS ganhe todos os actos eleitorais, mas realça que são duas eleições de cariz completamente diferente e pouco relacionadas entre si. “Mais do que as conclusões políticas internas que se tiram em Maio das Europeias, estas eleições são fundamentais para o que é o futuro da Europa”, fez notar, mostrando-se preocupado com os extremismos. “Portugal não está imune, os extremistas existem, estão apenas adormecidos”, afirmou.
José Ribeiro realçou a importância das Europeias nessa batalha e disse esperar que os extremismos não tenham expressão eleitoral, “mas temos de estar todos de sobreaviso”, alertou. O dirigente acrescentou que “a alternativa que oferecem é nenhuma, é o caos” e que “a História nos tem dado lições para desconfiarmos deste discurso generalista, básico, simplista e populista, que se baseia no ódio e na generalização excessiva, e que nunca vai levar a bom porto”.
O socialista realça que “as pessoas devem reivindicar e exigir sempre, sobretudo, da classe política ética e seriedade, em democracia, mas não embarcar neste tipo de discurso”.
Em relação às Legislativas, José Ribeiro revelou que tem “uma grande expectativa que o PS tenha um grande resultado, que será condizente com o trabalho que tem sido desenvolvido”. O socialista disse que este Governo conseguiu “provar que é possível governar para as pessoas, e ao mesmo tempo manter as contas públicas de boa saúde, pelo que espero um resultado excelente”. Assim sendo, impunha-se a pergunta: excelente seria a maioria absoluta? “Não sei se essa questão neste momento se põe, o que é importante é que o resultado seja melhor do que há quatro anos e acho que vai ser”, respondeu.






























