Miguel Poiares Maduro, ex-ministro adjunto e do Desenvolvimento Rural no governo de Passos Coelho, defende aquilo que foi a prática contrária do governo a que pertenceu – um aumento do salário médio dos trabalhadores, a par de uma maior qualificação dos recursos humanos como resposta à crescente robotização das empresas. Em Óbidos, onde no passado dia 23 de Junho falou para cerca de 40 jovens autarcas da JSD do distrito de Leiria, o também professor universitário defendeu a descentralização de competências para os municípios e as economias de escala que tal significa com a partilha de equipamentos e de serviços.
Caso tivesse que estabelecer um desígnio para o país, Poiares Maduro apostaria no aumento “exponencial” do salário médio. “Termos um salário médio tão próximo do salário mínimo é identificador da falta de competitividade da nossa economia, disse, acrescentando que o crescimento económico que se regista está apenas associado à criação de emprego, não se verificando ganhos de produtividade nem competitividade internacional.
Por outro lado, as fracas qualificações e um tecido empresarial em áreas com pouco valor acrescentado também colocarão desafios no futuro ao nível do emprego, tendo em conta a crescente aposta na robotização da economia e na inteligência artificial.
Poiares Maduro baseou-se em estudos económicos que referem que o impacto da robótica e inteligência artificial no emprego são assustadores para Portugal. “Enquanto que a perda média de emprego noutras economias andará à volta de 35%, para Portugal indicam 50%, a 20 anos, tendo em conta a baixa qualificação dos empregos”, explicou.
Esta situação poderá ser combatida com a qualificação dos trabalhadores mas também com investimento que permita a criação de empregos. Para isso é preciso poupar mais, mas também conseguir atrair investimento externo, o que não será fácil tendo em conta a carga fiscal existente.
“O país vive anestesiado porque depois dos sacrifícios enormes que fizemos, a recuperação económica, apesar de muito medíocre, faz com que as pessoas se sintam melhor”, disse, acrescentando que neste contexto de optimismo é difícil conseguir passar a mensagem de que os dados estruturais do país “são muito negativos”.
Descentralização e ganhos de escala
A capacidade de adaptação das politicas públicas é mais fácil de organizar numa lógica descentralizada, considera Miguel Poiares Maduro, destacando que o país tem muito a ganhar com esta passagem de competências para os municípios. E dá exemplos: currículos escolares adaptados às realidades territoriais ou centros de saúde com horários de abertura adequada à rede de transportes existente.
A descentralização tem também as vantagens de uma maior responsabilização e diferenciação, bem como os ganhos de escala resultantes da partilha de serviços e de equipamentos entre municípios.
Na academia de jovens autarcas do PSD, Miguel Poiares Maduro falou também da má qualidade na avaliação das políticas públicas, que muitas vezes se resumem à medição da quantidade da prestação do serviço público ao invés dos resultados. O orador considera que se devem criar políticas de incentivo no sistema científico para que seja produzido mais conhecimento sobre essa matéria, assim como ao nível da organização interna da orgânica de um governo.
Ricardo Duque, coordenador da JSD de Óbidos, lembrou que este partido foi pioneiro na formação e capacitação dos seus jovens. O obidense destacou o papel do líder da distrital de Leiria, Pedro Brilhante, na formação e envolvimento dos jovens nas discussões dos assuntos fundamentais da agenda política, e agradeceu o trabalho feito pela presidente da JSD, Margarida Balseiro Marques, a nível nacional.
Numa altura que se preparam as eleições legislativas, Ricardo Duque quer acreditar que Rui Rio “vai constituir as suas listas com base na competência, no trabalho desenvolvido e não continuando a manter pessoas cujo único trabalho que fazem é apenas o taticismo na manutenção dos seus lugares”. Dirigindo-se a Margarida Balseiro Marques, disse-lhe que gostaria de a ver como cabeça de lista pelo distrito e que a considera um dos “melhores quadros da actualidade” no PSD.






























