Paulo Espírito Santo foi eleito presidente da secção da JSD das Caldas da Rainha numas eleições conturbadas cujos efeitos vão continuar a fazer-se sentir no próprio PSD caldense, tendo em conta as trocas de acusações feitas antes e depois do acto eleitoral.
A lista A, presidida por Paulo Espírito Santo, obteve 117 votos, e a lista M, presidida por Carla Oliveira, contou com 64 votos. Na eleição para a mesa do plenário a lista A (Paulo Ribeiro) teve menos dois votos (115) e a lista M (Carlos Santos) mais um (65), havendo a registar um voto em branco.
Cerca de uma hora depois de se saberem os resultados (as eleições decorreram das 20h08 do dia 26 de Agosto até às 0h08 de 27 de Agosto e antes da uma da manhã estavam apurados os votos), o presidente da concelhia do PSD, Fernando Costa, apareceu na sede do partido para felicitar Paulo Espírito Santo, candidato da lista A, com quem acabou por se envolver numa acesa troca de palavras.
Embora não tenha havido gritos ou palavras menos próprias, gerou-se um ambiente de grande tensão com o presidente do PSD a fazer algumas acusações e a deparar-se com um grupo de jovens a colocar-se ao lado de Paulo Espírito Santo enquanto os dois falavam.
Fernando Costa afirmou aos jornalistas presentes no local que tivera queixas de que tinham sido feitas “promessas de subsídios para alguns desportistas por parte da Câmara e de empregos a jovens, para votarem na lista A”.
O também presidente da Câmara disse que Paulo Espírito Santo teria sido uma das pessoas a fazer essas promessas e garantiu que iria averiguar da veracidade daquelas acusações por as considerar muito graves.
Nessa mesma tarde, Fernando Costa terá confrontado o vereador Hugo Oliveira com esses factos “porque ele assumiu publicamente o apoio à lista do Dr. Espírito Santo”, disse o autarca, que apelou a que fossem denunciadas quaisquer situações em que ele próprio pudesse ter feito uma oferta de emprego para votarem numa lista.
Questionado sobre o facto de existirem muitos funcionários da Câmara das Caldas que são militantes activos do PSD, o autarca respondeu que “se calhar havia mais, se eu não me opusesse a isso”.
Fernando Costa revelou ainda que há algum tempo foi pressionado para dar um emprego ao anterior presidente da secção da JSD, Paulo Ribeiro, depois de este ter terminado um estágio na Câmara. “Eu disse que não porque a Câmara não é um local para empregos da JSD e a partir daí as relações complicaram-se”, afirmou. O social-democrata acusou mesmo a JSD de ser responsável por terem surgido 29 votos em branco nas últimas eleições para a comissão política do PSD. “Isso começou quando o Dr. Paulo Ribeiro não teve emprego na Câmara”, salientou.
Também Carla Oliveira, que fez um estágio com um vereador na Câmara das Caldas, fez questão de esclarecer que foi um estágio curricular de 15 dias, não remunerado, no pelouro da Educação (do vereador Tinta Ferreira). Ao contrário de Paulo Ribeiro “que fez um estágio de um ano, remunerado”, afirmou.
Fernando Costa diz que não apoiou nenhuma lista
Apesar de tudo, Fernando Costa negou que apoiasse a candidata da lista M, de Carla Oliveira. “Eu concordei com o programa que ela apresentou, não apoiei nenhum candidato. Apoiaria outros programas se me tivessem sido apresentados”, referiu.
No entanto, a candidata da lista M acha que o presidente da concelhia tinha sido claro no seu apoio.
Fernando Costa também se mostrou disponível para participar nas acções da lista A, mas isso nunca lhe foi pedido. Paulo Espírito Santo explicou à Gazeta das Caldas que candidatava-se pelos militantes da JSD e por isso entendia que não precisava de apresentar o seu programa a Fernando Costa.
Carla Oliveira era secretária-geral da direcção anterior, presidida por Paulo Ribeiro, e disse que só soube da demissão daquela direcção por causa da convocatória que apareceu no “Povo Livre”, o jornal oficial do PSD. Como era a segunda vez que isto acontecia, apesar de fazer parte da direcção, decidiu desta vez apresentar uma lista alternativa. “Eu senti necessidade de fazer algo em prol da juventude”, disse.
Paulo Ribeiro explicou ao nosso jornal que apresentou a sua demissão de presidente da secção da JSD das Caldas “por motivos profissionais e falta de disponibilidade de continuar no cargo”.
Da lista M faziam parte seis elementos que tinham estado consigo na direcção anterior da JSD e sobre os quais Paulo Ribeiro sabia que estavam há cerca de um ano a preparar uma lista alternativa. Por esse motivo não lhes comunicou a sua decisão de se demitir da direcção da JSD. À Gazeta das Caldas disse que estava em causa uma “quebra de confiança” por parte dos seus antigos apoiantes.
Quanto ao alegado pedido para um emprego na Câmara das Caldas, Paulo Ribeiro explicou que fez um estágio profissional na autarquia no âmbito do PEPAL (Programa de Estágios na Administração Local), “mas sempre tive trabalho nas empresas da minha família e não precisava de estar na Câmara”. Por isso garante que “nunca lhe foi pedido [a Fernando Costa] para eu ser funcionário da Câmara”.
Paulo Ribeiro comentou ainda que “quando se faz política dessa maneira é preciso dar emprego às pessoas para se poder pressionar”. Questionado sobre se achava que Fernando Costa faria isso, respondeu: “não sei, é capaz de haver, mas se houver, as pessoas devem denunciar”.
Projectos para o mandato
Paulo Espírito Santo mostrou-se muito agradado com a sua vitória, ainda por cima no mesmo dia em que celebrava o seu 28º aniversário. “Sempre disse que iríamos ganhar pelo dobro dos votos, mas até ao fim nunca se sabe”, disse ao nosso jornal.
“Nós já andamos aqui há algum tempo. Temos demonstrado a nossa competência e que sabemos trabalhar”, afirmou, adiantando que “os militantes não se deixam enganar por quem aparece do nada”.
O novo presidente da JSD também fez acusações de pressões por parte de elementos mais velhos do PSD para que a lista alternativa ganhasse.
Agora que foi eleito, o novo presidente quer avançar com as propostas que apresentou durante as eleições, nomeadamente um programa de troca de livros escolares e a apresentação de um projecto de requalificação dos pavilhões do parque para a transformação em hotel e spa (que terá sido feito por uma militante desta juventude partidária).
Duas bandeiras que querem defender é a linha do Oeste e a lagoa de Óbidos. “Temos a obrigação de pressionar a ministra do Ambiente, que até foi eleita pelo distrito de Leiria como deputada. Conhece muito bem este assunto e tem agora a obrigação de fazer”, adiantou Paulo Espírito Santo.
O recém-eleito quer também apostar na formação a fim de apresentar uma série de jovens preparados para assumir lugares nas listas do PSD nas eleições autárquicas em 2013 e também criar núcleos nas freguesias do concelho.
Zangam-se as comadres…
As disputas causadas pelo surgimento de duas listas candidatas à JSD, estarão já relacionadas com a escolha do próximo candidato do PSD à Câmara das Caldas, uma vez que Fernando Costa não pode legalmente recandidatar-se ao cargo.
Há quase um ano, em Novembro de 2010, o edil caldense teve que se recandidatar à comissão política do PSD para evitar um eventual confronto antecipado entre os seus potenciais sucessores. Isto porque, caso outra pessoa avançasse, poderia ser entendido como um sinal de que já poderia ser o candidato escolhido. Mesmo assim, houve 29 votos em branco, que Fernando Costa desconfia serem oriundos da JSD e uma forma de provar a força desta estrutura.
O vereador Hugo Oliveira há muitos anos que se assume como eventual candidato a presidente da Câmara e tem contado sempre com o apoio das direcções da JSD, as quais têm sido sempre pessoas próximas do autarca, como é o caso de Paulo Ribeiro e Rogério Rebelo (este último actual director do Centro da Juventude e da TV Caldas, entidade tutelada por Hugo Oliveira).
Nas eleições para o Secretariado Distrital dos TSD, a lista apoiada por Fernando Costa, liderada por Manuel Capinha, foi derrotada pelo arquitecto António Salvador (proprietário dos jornais Região da Nazaré e Jornal das Caldas). Na lista vencedora estavam alguns caldenses que são próximos de Hugo Oliveira.
Na passada sexta-feira Fernando Costa salientou que “quem vai decidir quem são os candidatos nas autárquicas são os militantes”.
Na sua opinião, a lista M também obteve “um grande resultado que não se esperava” nas eleições para a secção da JSD. “Contrariamente ao que se dizia, não há monopólios dentro da JSD”, afirmou, demonstrando que a estrutura tem sido “utilizada” para conseguir mais força política dentro do PSD das Caldas. “A outra lista aparece com o resultado que teve, como reacção ao que se passava na JSD e eu acho que é salutar”, disse, dando também os parabéns à lista vencida.
Por outro lado, Paulo Espírito Santo acusou Fernando Costa de querer interferir nas eleições da JSD. “Isso ficou óbvio no comunicado publicado hoje na Gazeta das Caldas”, comentou.
Na noite das eleições, Hugo Oliveira esteve sempre numa esplanada da praça 5 de Outubro (onde fica a sede do PSD) com uma lista que seria dos elementos da JSD. Foi na sua mesa, onde estavam alguns ex-elementos da JSD caldense, que se ouviram primeiros os festejos da vitória da lista A, porque alguém que estava na sala da contagem lhes comunicou os resultados por telemóvel em primeira mão.
Mais ou menos a essa hora Paulo Ribeiro escreveu no seu Facebook: “lista de Fernando Costa derrotada na JSD das Caldas da Rainha”.































Eu fazia parte de Lista M e sou uma das seis pessoas que fazia parte da comissão anterior e posso afirmar que a decisão de criar uma lista alternativa só surgiu depois de descobrirmos através do Povo Livre que iam haver eleições e depois de eu ter perguntado directamente a dois membros da Lista A (que por acaso até entraram na JSD comigo) se havia novidades na JSD, à qual me foi dada uma resposta negativa.
Desafio qualquer pessoa a dizer-me cara a cara que isto não é verdade.
Realmente houve uma quebra de confiança, mas não foi causada por nós.
Tenho 26 anos e sou militante da JSD desde os 14 anos e nunca vi tamanha salganhada devido a umas eleições de uma Juventude Partidária.
Acho realmente impressionante…
António Menezes
é lindo ver “as comadres Zangadas”, é lindo ver quem ocupa o quê e é triste, mas muito triste não serem bem explícitos esses concursos PEPAL, para que serve um PEPAL? para se ter um estagiário, formado e depois não o querer a trabalhar? como se obtem um cargo de director? porque há tantos JSD’s na Câmara? como vêem podiamos estar aqui na idade dos porquês… mas sem dúvida, PARABÉNS GAZETA
Estive de férias e só agora soube de tamanha confusão.
Não me espanta!
Quando foi falar na Câmara Municipal, para fazer um estágio no centro da juventude, não o consegui porque não era militante e não me queria fazer, não me esqueço do que me disse o sr que não apoia publicamente a lista A, um favor em troca de outro.
Será por isso que trabalham lá tantos membros da JSD?
Vou emigrar no inicio de Outubro pois tive uma proposta de trabalho na Suécia e vou aproveitar, e não posso deixar de agradecer aos responsáveis do centro da Juventude por isso, vou ficar longe da minha família, da minha aldeia, mas a mim ninguém me compra!!!