Oeste fica pintado a laranja, com oito municípios da região liderados pelo PSD

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No Oeste deu-se nestas autárquicas uma viragem à direita, com o PSD a conseguir vencer oito das 12 Câmaras e a ganhar preponderância na CIM. Os social-democratas conseguiram Lourinhã e Torres Vedras, que tinham sido sempre PS. Peniche, Nazaré e Sobral também conquistados

As eleições autárquicas de domingo ditaram mudanças no mapa político da região. O Oeste virou à direita e, em particular, para a social-democracia do PSD. Os “laranjas” conseguiram colocar a sua bandeira em oito municípios, conquistando, por exemplo, Lourinhã e Torres Vedras, duas autarquias que nestes mais de 40 anos de democracia nunca tinham conhecido outra cor que não o rosa.

No caso de Torres Vedras o PSD apresentou-se a votos numa coligação com o CDS/PP e com o Volt Portugal que elegeu cinco lugares. O PS, que estava no poder, tinha cinco eleitos e passou para três. O Chega fica com um. Sérgio Galvão, que foi eleito presidente da Câmara de Torres Vedras, tem vindo a abordar a questão do novo hospital do Oeste, defendendo que deve ficar localizado no Bombarral ou… em Torres Vedras.

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Já na Lourinhã, a coligação PSD-CDS conquistou a vitória, mas apenas com três eleitos, o mesmo número do PS, com o Chega a ser o fiel da balança. Apesar de perder a Câmara, o PS conseguiu vencer cinco das nove Juntas.

Mas além destas duas vitórias históricas na região, o PSD conseguiu também vencer as eleições para as Câmaras de Peniche e Nazaré. No município penichense o PSD conseguiu quatro eleitos (contra dois do PS e um do Chega) e, à terceira vez em que se apresentou como candidato, Filipe Salles tornou-se presidente de Câmara. Nota para o facto do PSD passar a ter três Juntas (a outra é da CDU), quando antes cada uma tinha uma “cor”.

Já na Nazaré Serafim António irá suceder a Manuel Sequeira (socialista que ficou no cargo após a saída de Walter Chicharro). O PSD recupera uma autarquia “perdida” para os socialistas nos últimos mandatos. Neste caso, há um equilíbrio de três eleitos para cada um, com o Chega também aqui como fiel da balança, um cenário semelhante ao que ocorre na Lourinhã e nas Caldas. Nota também para o facto de o Vamos Mudar ser o único movimento independente que venceu a eleição para uma Câmara na região (eram dois, com Peniche). Na Nazaré há ainda uma particularidade, é que o município tem três Juntas e ficou uma de cada cor. Nazaré para o PSD, Valado dos Frades para o PS e um movimento em Famalicão. Este é também o cenário no Sobral de Monte Agraço.

Outra vitória relevante para o PSD na região foi a conquista do Sobral de Monte Agraço à CDU. A coligação do PPD/PSD – CDS/PP – PPM-MPT foi a mais votada e “tirou” à CDU aquela que era já a sua única Câmara na região.

Estas cinco conquistas juntam-se a mais três vitórias que permitem aos social-democratas manter o poder nos respetivos municípios. Em Alcobaça e em Óbidos os presidentes das Câmaras, Hermínio Rodrigues e Filipe Daniel, viram os seus poderes serem reforçados fruto dos resultados do ato eleitoral. Nestas duas autarquias os “laranjas” conseguiram eleger um quinto membro. Em Alcobaça o PS, encabeçado por Diogo Ramalho, registou uma derrota, perdendo perto de 3500 votos e dois mandatos. Dos 29,99% em 2021, os socialistas passaram para 16,63% em 2025. O Chega, que tinha tido 1281 votos há quatro anos, subiu para quase quatro mil e conseguiu eleger um lugar. No município de Alcobaça nota ainda para a vitória do PSD em dez das treze freguesias e, em particular, em três freguesias com ligação próxima às Caldas: Alfeizerão, São Martinho do Porto e Benedita. Todas elas já eram “laranjas”, mas a primeira e a última mudaram de presidente com as eleições de Inês Delgado e Marina Caetano, que assumem os lugares que eram de Leonel Ribeiro e de Maria de Lurdes Pedro. Por sua vez, em São Martinho do Porto mantém-se Nuno Vieira.

Já no Cadaval o PSD, encabeçado por Ricardo Pinteus, conseguiu manter a autarquia, com quatro eleitos. Ao nível das freguesias, são seis em sete, tal como há quatro anos, com a União de Freguesias de Lamas e Cercal a ser a única a “destoar” com a bandeira socialista.
Não sendo do Oeste, mas no caso de Rio Maior, também foi o PSD o mais votado, com Filipe Santana Dias a ser reeleito, mas a perder um lugar para o PS, que ficou com três.

O PS conseguiu a vitória em apenas três municípios do Oeste, naquele que é um dos piores resultados recentes do partido na região, sendo necessário recuar a 2009 para encontrar um cenário de apenas três Câmaras socialistas na região. Venceram em Alenquer, Arruda dos Vinhos e no Bombarral. Curiosamente, as três autarquias que o PS venceu já eram, todas elas, “socialistas”, mas no rescaldo deste ato eleitoral, umas sofreram mais modificações do que outras no que à composição dos executivos diz respeito. Em Alenquer o PS perdeu dois eleitos e, consequentemente, a maioria. Já em Arruda dos Vinhos, apesar de ter menos um eleito, o PS mantém a maioria, com quatro.

No Bombarral, Ricardo Fernandes irá manter-se como presidente da Câmara. Apesar de ter aumentado os votos e a percentagem, o PS mantém quatro eleitos, contra três da coligação PPD/PSD-CDS/PP-IL.

Uma particularidade é que todas as Assembleias Municipais da região, menos a das Caldas, tiveram como partido mais votado o mesmo que para a Câmara. Há, no entanto, diferentes situações, como maiorias relativas (casos da Nazaré e Bombarral) ou absolutas (como Alcobaça ou Óbidos).

O Chega não venceu em nenhuma Câmara, Assembleia ou Junta da região, mas conseguiu alguns feitos, como a eleição de elementos, em particular, para as Câmaras, mas também para os restantes órgãos. Nalguns concelhos o Chega apresenta-se agora como o elemento que poderá viabilizar ou chumbar projetos e orçamentos e, portanto, com quem será necessário encontrar entendimentos e acordos. O partido liderado por André Ventura encontra-se nessa situação nas Caldas, com Luís Gomes, na Nazaré com Lúcia Loureiro e na Lourinhã com Paulo Sousa. Além disso conseguiu conquistar um lugar nas Câmaras de Peniche, de Alcobaça, do Cadaval, de Alenquer e de Torres Vedras.

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