“O PDM do Nadadouro vai ser revisto e vai dar m uito trabalho, mas é necessário pois tem que haver re gras”

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2-LagoaO PDM do Nadadouro vai ser revisto em breve e a presidente da Junta, Alice Gesteiro, crê que este é importante e necessário já que a construção no seu território (10 quilómetros quadrados) abrandou, “mas nunca parou” e “é preciso regras”. Entre as prioridades do seu mandato estão o início da construção do lar e ainda o desassoreamento dos braços da Lagoa já que tem pensados projectos relacionados com o lazer. Alice Gesteiro não quer a sua freguesia agrupada com outras porque, afirma, “temos uma identidade muito própria”.

ALICE GESTEIRO
57 ANOS
ELEITA PELO PSD
PRIMEIRO MANDATO
PROFISSÃO: DESEMPREGADA (FOI COMERCIAL NA SUBTIL E NA SECLA)
ESTADO CIVIL: CASADA, DOIS FILHOS

GAZETA DAS CALDAS – Quais as promessas eleitorais que já cumpriu?
ALICE GESTEIRO – Vamos cumprindo, limpando e embelezando a freguesia. Já fizemos trabalhos no jardim-de-infância, nos parques infantis, nos parques de merendas e temos feito arranjos nas estradas e aquedutos. Não temos uma obra “grande” visto que a Rua Engº Luís Paiva e Sousa (uma das principais) foi requalificada recentemente. Estava prevista no anterior mandato.
Faltava muita sinalização vertical e alguma horizontal também que colocámos, assim como candeeiros, algo muito importante pois está ligado à segurança das pessoas.

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GC – O que falta concretizar?
AG – As grandes prioridades são o arranque da construção do lar e as margens da Lagoa.
As Câmaras das Caldas e de Óbidos e as freguesias da Lagoa – Foz, Nadadouro, Vau e Sta. Maria – estão a lutar para que a próxima etapa, já em 2016, seja o desassoreamento também dos braços da Lagoa. É uma pérola que nós não podemos deixar morrer.
O próprio secretário de Estado do Ambiente, que aliás é nosso freguês, tem-se empenhado nesta questão. Pretendemos também o arranjo dos espaços das margens e das zonas envolventes. Ainda temos 15 pescadores que vivem da pesca na Lagoa.
Falta pôr uma cobertura no estaleiro que temos junto ao cemitério e fazer uma pequena garagem para as viaturas da Junta.
O cemitério também precisa de gavetões para ossadas ou cinzas e ainda queríamos investir mais na limpeza das valetas, nos arranjos dos jardins.
GC – Quais são os principais problemas da freguesia?
AG – Falta-nos tempo para dar a volta a tudo. Somos uma freguesia já meio urbana e temos muitos passeios que é preciso ter limpos.
Temos muita habitação, segunda habitação e apesar da construção ter abrandado, esta nunca parou.
O PDM do Nadadouro vai ser revisto e vai dar muito trabalho e discussão, mas é necessário pois tem que haver regras. Vamos começar a trabalhar nele com a Câmara e depois vai para discussão pública. Vai demorar algum tempo. Acho que a sua discussão é importante.

GC – Como pensa resolver estes problemas?
AG – Com muito boa vontade e com ajudas de voluntariado, onde também participam os fregueses, já que falta mão-de-obra e dinheiro.
Todos os anos fazemos a limpeza das margens da Lagoa. É uma acção que foi inserida no programa de Vamos Limpar a Europa, da Valorsul e que tem sempre 60 pessoas a participar. Quando se fazem actividades com as crianças do jardim, os pais também participam.

GC – Quais são as fontes de financiamento da freguesia?
MJQ – Para além do Fundo de Financiamentos da Freguesias (FEF), temos a delegação de competências da Câmara e algumas receitas do expediente da Junta, muito pouco significativas. Temos um orçamento total de 90 mil euros.

GC – Onde é que é aplicado o orçamento?
AG – Nós comprámos uma carrinha de caixa aberta e reparámos uma outra que tínhamos. Adquirimos também toda a sinalização que foi entretanto colocada.
GC – O financiamento continua a ser um problema?
AG – Sim, nunca é suficiente. Vivemos também com outro problema: a maquinaria pesada da Câmara está obsoleta. Se conseguíssemos ter melhores máquinas como roça-caniços poderíamos fazer mais e melhor. Só que nós também não temos dinheiro para investir.

GC – Se tivesse mais apoio financeiro, onde apostaria?
AG – Na rede de fornecimento de água pois temos grandes problemas com rupturas. A rede está envelhecida e precisa de substituição.
Em termos de fornecimento público de água, temos cobertura a 100% na freguesia. Em relação ao saneamento básico temos cobertura de 90%.

GC – Quantos funcionários possui?
AG – Temos um funcionário e dois contratos de emprego e de inserção. Fazemos as obras pequenas depois da Câmara nos ceder o material necessário.

“o Dr. Tinta Ferreira é muito acessível”

GC – Trabalhou com Fernando Costa. O que mudou com o novo presidente?
AG – Trabalhei com Fernando Costa enquanto presidente da Assembleia de Freguesia e por estar ligada à IPSS do Nadadouro. O que noto no Dr. Tinta Ferreira é que está disponível para nos ouvir. Reunimos todas as semanas.
Gosto de trabalhar com ele. Nunca tive problemas com Dr. Fernando Costa e penso que era fácil chegar a ele, só que são pessoas diferentes. O Dr. Tinta é muito ponderado, assertivo e consensual e só não nos ajuda mais porque não pode.

GC – O que pensa da união de freguesias, apesar do Nadadouro não se ter agrupado?
AG – Nós lutámos para não ser agrupados pois não vejo vantagem. Os representantes das freguesias mais pequenas ficaram com a sensação de alguma perda de identidade. Dantes éramos 16 e agora somos 12, mas os locais existem e tem que haver alguém que atenda as pessoas nas suas terras.
O anterior presidente de Junta lutou para que não nos uníssemos à Foz. Temos identidades diferenciadas. A Foz tem a praia e nós temos diferentes paisagens. Eles atlânticas e nós lagunares. Queremos afirmarmo-nos.
A praia da Foz é fantástica, mas nós aqui temos a fauna e óptimos locais para observação de pássaros e para fotografar a natureza. Temos algumas ideias para desenvolver estas áreas da Lagoa e vamos fazê-lo.

GC – Quantas crianças tem no  jardim-de-infância?
AG – Temos 30 crianças, mas parte delas são das Caldas. A preocupação é manter o mesmo número e apoiamos ao máximo naquilo que precisam: reparações, pequenas obras e transportes, para onde necessitam.
No 1º ciclo temos duas turmas a funcionar com dois anos em cada, num total de 30 alunos.

GC – O Nadadouro tem extensão de saúde?
AG – Não. É na Foz, apesar de achar que estaria mais central aqui, em relação  à Foz e à Serra do Bouro. Gostávamos de um dia ter um pólo de saúde, mas esse desejo não constou do nosso programa. E

GC – E em relação aos CTT?
AG – Temos o serviço de Payshop na Junta. Dá para pagar as contas da água, da luz e as reformas às pessoas. Temos correio com aviso de recepção. Estamos a ver a possibilidade de receber os impostos e o pagamento das ex-SCUTs.

“Há fregueses a perguntar quando cá chega o Toma”

GC – Como são os transportes públicos entre o Nadadouro e a sede do concelho?
AG – Estamos bem servidos, no tempo de escola  e agora no Verão pois os autocarros que seguem para a Foz, também param aqui.
Há três autocarros diários que passam na EN 360 e outros que vêm aqui à freguesia e há alturas do ano em que temos mais. Mas tenho fregueses que perguntam quando é que o Toma cá chega. Era bom!

GC – Quais são as colectividades e grupos que dinamizam a freguesia?
AG – Temos a IPSS do Centro de Apoio Social do Nadadouro e a Associação Cultural e Recreativa. Esta última funciona com futebol (vários escalões) uma academia de futebol, uma de andebol, ginástica feminina, zumba e o Rancho Folclórico Esperança na Juventude do Nadadouro. Este leva o nome da terra onde actua. Ainda temos a comissão da Igreja e da organização da festa anual de N. Sra. do Bom Sucesso.

GC – Alice Gesteiro e Maria João Querido (do Carvalhal Benfeito) são as únicas mulheres à frente de Juntas no concelho. Como é trabalhar com outros autarcas, todos homens?
AG – Fui bem recebida e não há tratamento diferente. Sempre trabalhei entre homens. Creio que seremos cada vez mais mulheres. Fazemos falta nas equipas, apesar dos homens também serem precisos para alguns tipos de trabalhos… [sorrisos].
Estes cargos exigem muita disponibilidade e quem tiver um emprego dificilmente consegue. Tem que se estar desempregada ou reformada.

GC – É natural do Nadadouro?
AG – Sim, nascida e criada no centro da freguesia. Por cá casei e os meus filhos também são de cá. Ainda surgiu a hipótese de emigrar, mas acabei por ficar. Gosto de viajar, mas regressar é sempre bom.
Vi o crescimento da freguesia e, desde pequena, que me envolvo na resolução das questões.

GC – Como é que entrou na política?
AG – Não me meti…Meteram-me [risos]! Já tinha sido convidada algumas vezes, mas enquanto trabalhava não aceitei. Depois fui convidada para a lista e depois para a Assembleia de Freguesia. Tinha o apoio da família de muita gente local, o que foi importante. O “bichinho” do serviço aos outros já cá andava…

GC – Como é a relação com a oposição?
AG – No início, por não termos tido a maioria, foi complicada a instalação do executivo. Tivemos que fazer várias assembleias. Obtive mais 59 votos do que o MPN (Movimento Pelo Nadadouro) e não foi fácil chegar a um entendimento. Depois lá conseguimos um acordo com o PS. O MPN está na Assembleia de Freguesia e tem um papel reivindicativo. Os seus elementos são jovens e, às vezes, falta-lhes experiência e traquejo na forma como colocam os assuntos. No entanto, todos pomos o Nadadouro em primeiro lugar. A oposição faz o seu papel, que é fundamental em democracia.
Logo a junta é PSD/PS, ou seja, eu e o secretário (Francisco Daniel) somos PSD e o tesoureiro é PS (Mário Alberto).

GC – Como lida com os fregueses descontentes?
AG – Com ponderação e tentando fazer o que nos estão a pedir. Se não der, de forma assertiva e polida, tentamos explicar porque é que não dá.
Já tive algumas pessoas descontentes e consegui resolver as questões. No início foi um problema por causa da colocação dos contentores do lixo, após as obras de requalificação da Rua Eng. Paiva e Sousa.

GC – Como vê a delegação de competências para as freguesias por parte da Câmara? É um presente envenenado?
AG – No início, a sensação foi de presente envenenado. Mas agora reconheço que é bom pois como estamos junto da população é mais fácil dar as respostas adequadas.
Pena é que os fundos não sejam mais. Antes não tínhamos as competências com a sinalização, que agora temos. Também cuidamos dos espaços verdes, dos caminhos e dos viadutos e as reparações na escola.
Se tivéssemos mais dinheiro transferido, faríamos mais trabalho. Poderíamos ter mais material e um funcionário. O dobro dos 90 mil euros, seria o ideal.

GC – Vai todos os dias à Junta?
AG – Venho todos os dias à Junta. Se não venho logo, estou por perto. Temos que ir às reuniões na Câmara e marcar presença nas iniciativas. Também acompanho as obras que fazemos, estando presente no dia-a-dia dos trabalhos. Atendo os fregueses também ao sábado à tarde, pois durante a semana trabalham. Continuo ligada ao Centro Social. Sobra pouco tempo para o resto.

GC – O que mais gosta de fazer, dentro das suas funções?
AG – De prestar um serviço à população. Tudo para mim é encarado nesse sentido. Também valorizo a interacção entre as várias freguesias. Temos óptimas relações com os restantes presidentes de Junta e com a Câmara.

GC –Pensa recandidatar-se?
AG – O primeiro ainda vai a meio. Penso que se calhar é importante tentar mais um mandato para perceber o que fizemos e o que podemos fazer mais. Mas ficarei por aí… No entanto, não me comprometo. Logo se vê.

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