O dia de votos na aldeia

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IMG_8146Em Salir de Matos cerca de 1100 pessoas cumpriram o seu direito de voto, o que significa que mais de metade ficou em casa porque estavam inscritos 2300 eleitores. Marcelo também ali venceu e Vitorino Silva foi o quarto mais votado atrás de Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias. A afluência às urnas teve dois picos: depois da missa (ainda antes de almoço) e logo depois de almoço.

É domingo, 24 de Janeiro, dia de eleições presidenciais. Em Salir de Matos, às oito da manhã, quando abrem às mesas, já por ali espera um eleitor. Mas a manhã é calma. “Agita no fim da missa, acalma para almoço e tem o período forte da parte da tarde. Já são muitos anos disto”, diz à Gazeta das Caldas um dos escrutinadores de uma mesa de voto. Há três mesas em Salir: a número um no Posto médico, a número dois na antiga escola primária e a número três no primeiro andar da Junta. As duas primeiras com 767 eleitores e a terceira com 766.
A manhã decorre calma com eleitores a aparecerem a “conta gotas”. E como toda a gente se conhece, o formalismo que existe nos grandes centros, dá aqui lugar a alguma brincadeira. A uma senhora que pega no boletim e se dirige à câmara de voto, o marido diz-lhe em voz alta: “vota em mim!”. E mais tarde chega um eleitor que, desanimado com a abstenção, se dirige à mesa para dizer: “vocês têm que mandar uma sms aos vossos clientes ou oferecerem um rebuçado…”. Já ao fim do dia uma senhora pergunta em quantas partes deve dobrar o boletim e respondem-lhe da mesa: “pode ser assim em quatro, senão depois mais logo dá muito trabalho quando for para contar”.
Por volta das 12h30 havia cerca de 140 votos na mesa um, 134 na dois e 115 na três. Mas é durante a tarde que se regista mais movimento. Até por volta das 17h00 a azáfama era grande. O estacionamento da Junta estava cheio e via-se muita gente à conversa.
Na mesa três houve algumas reclamações pelo facto de esta se situar no primeiro andar e, consequentemente, obrigar a subir escadas. Houve quem comentasse a espessura do boletim de voto e questionasse se era ou não feito em papel reciclado.
Lucília Claudino, já depois de exercer o seu direito de voto, explicou à Gazeta que “é importante votar para que não haja uma abstenção muito alta e para que o povo faça valer os seus direitos”. Na sua opinião, “havia demasiados candidatos” e “gasta-se muito dinheiro do povo para tantas candidaturas”. Numa análise ao dia de votos em Salir de Matos, notou que “há muito movimento, mas o convívio cada vez se nota menos porque as pessoas são menos unidas agora”.
Às 15h30 já havia cerca de 250 votos nas mesas um e dois e 180 na três, mas por volta das 17h00 já eram 325 na primeira, 366 na segunda e 253 na terceira. À hora do fecho das urnas o ambiente era sereno. Lá aparecia um ou outro eleitor que por motivos vários não tinha tido oportunidade de exercer o direito de voto, mas na generalidade foi uma última hora calma.
Contas feitas: na mesa um votaram 382 eleitores, na mesa dois votaram 425 e na três 299 pessoas exerceram o direito de voto. Estes valores correspondem a 49,8%, 55,4% e 39,0%, respectivamente, dos eleitores inscritos. No total votaram 1106 eleitores, que representam 48,1% dos 2300 inscritos. Houve 11 votos nulos e 15 em branco.
Marcelo também venceu em Salir de Matos (63%), onde Sampaio da Nóvoa registou 16%, Marisa Matias 10% e onde Vitorino Silva foi o quarto mais votado (4,3%). Jorge Sequeira foi o menos votado, com apenas um voto.
E, assim, com mais ou menos dificuldade de locomoção, com ou sem auxílio humano ou material, cerca de 1100 eleitores exerceram o seu direito de voto na freguesia de Salir de Matos. No entanto, foi a abstenção a grande vencedora, representando 51,9% da população inscrita.

O dia de eleições na mesa de voto

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Os funcionários entram ao serviço perto das 7h00 e saem por volta das 21h00. Até às 19h00 lêem os cartões de cidadão, dizem os números aos eleitores, confirmam as identidades. Depois disso contam os votos, apuram os resultados, selam os documentos e afixam os resultados. E daí podem ir à sua vida. São cerca de 13 horas de trabalho, pelo qual ganham 50 euros. À hora de almoço combinam quem vai primeiro e vai um de cada vez.
Todos concordam que as maiores dificuldades do cargo que desempenham são os tempos mortos. E, por vezes, o trato. Quando algo corre menos bem “as pessoas ralham connosco como se fosse culpa nossa, mas não é”, disse-nos Sílvia Eusébio.
Nos tempos mortos e de sala vazia conversam sobre a abstenção, fazem-se piadas sobre um ou outro candidato, comenta-se as brincadeiras dos eleitores e os mais novos ‘brincam’ com o telemóvel. Numa das mesas debate-se o voto on-line e os seus perigos, noutra fazem-se piadas com a situação.

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