“Não queremos um novo hospital que implique perda de valências nas unidades das Caldas ou de Peniche”, diz Heloísa Apolónia

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A CDU organizou um jantar comício com 230 pessoas num restaurante no Coto, a 17 de Setembro, onde a cabeça de lista Heloísa Apolónia defendeu que um futuro novo hospital do Oeste não deverá colocar em causa o funcionamento e as valências das unidades das Caldas e de Peniche. Jerónimo de Sousa elogiou a candidata e sublinhou a sua “coragem” em encabeçar a lista por Leiria, distrito onde os comunistas não elegem um deputado há 34 anos.

O restaurante Paraíso do Coto encheu-se de gente que veio ouvir Heloísa Apolónia, que após sete legislaturas na Assembleia da República (AR), aceitou o desafio de encabeçar a lista pela CDU por Leiria. Mesmo tendo em conta que os comunistas não elegem nenhum deputado neste distrito desde 1985.
A candidata contou que, na visita aos hospitais do distrito, a CDU se apercebeu “das carências, da falta de meios e de profissionais e da necessidade de requalificar o edificado”. Em relação ao novo hospital para Oeste, a candidata afirmou que “a nossa proposta tem uma marca específica: não queremos um novo hospital que implique perda de valências nas unidades das Caldas ou de Peniche”.
A cabeça de lista recordou que a coligação e os Verdes defendem o transporte ferroviário desde sempre e “todos sabemos que o comboio tem sido penoso para os cidadãos desta zona. É mais um empecilho diário em vez de ser uma ajuda ao direito à mobilidade dos cidadãos”.
Recordou também que a coligação durante esta legislatura, “lutou para que houvesse investimento para esta linha ferroviária” e apesar dos anúncios e os investimentos “terem chegado tardiamente, tiveram a mão da CDU”. Exigem mais material circulante de modo a poder dar resposta às necessidades dos cidadãos e “vamos continuar lutar, pois queremos a modernização e a electrificação total da linha do Oeste, algo que o povo de Leiria merece”.
Heloísa Apolónia propôs igualmente um plano de mobilidade integrado, com espinha dorsal na linha ferroviária do Oeste, “mas que contemple transporte público para todos os concelhos do distrito de Leiria”.
Sobre o património ambiental, a coligação pretende o desassoreamento da Lagoa de Óbidos e a sua classificação como Reserva Natural. A CDU quer implementar um plano de protecção que visa a segurança das arribas de S. Martinho do Porto. Defendem ainda “a despoluição efectiva” da bacia do Lis e do rio Alcoa, com a criação de estações de tratamento de efluentes das suiniculturas. Pretendem que a Berlenga e o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros sejam áreas protegidas e “não apenas no papel como até agora”, disse a candidata.
Em relação ao património cultural, Heloísa Apolónia defendeu que a população tem o direito de usufruir do seu edificado e, por isso, “não aceitamos a subjugação deste aos interesses privados como vai acontecer nos Pavilhões do Parque e no Mosteiro de Alcobaça”.

Contra a maioria absoluta

Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP, teceu elogios a Heloísa Apolónia por ter aceite encabeçar a lista por Leiria e afirmou que a CDU, durante a última legislatura, pugnou para que fossem repostos “direitos que muitos achavam perdidos para todo o sempre”. Referiu que o partido apoiou o governo no que diz respeito ao fim no corte dos salários e das pensões, na baixa do IVA na restauração, no aumento do abono de família e na gratuitidade dos manuais escolares.
O líder dos comunistas afirmou que o PS “não se libertou das políticas da direita” pois o PSD tem funcionado “como pronto-socorro” do governo em muitas matérias como, por exemplo, “quando decidiram injectar dinheiro no Banif”.
Jerónimo de Sousa contou que o governo, com o apoio do PSD e do CDS, alargou o período experimental de trabalho para seis meses, algo que permite aos patrões “afastar e mandar embora um trabalhador sem o indemnizar”. O líder dos comunistas afirmou que a correlação de forças na AR entre os diversos partidos “será determinante para a prossecução de políticas na próxima legislatura”. Para o secretário-geral, qualquer maioria absoluta na AR “seria um puro desastre”, ao passo que o reforço da votação na CDU significa “a garantia que Portugal avançará e que haverá mais justiça ambiental e social neste país”, rematou.

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