Movimentos independentes crescem nas próximas autárquicas

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O descontentamento com os partidos políticos e a notoriedade de certos cidadãos locais tem motivado aparecimento de candidaturas alternativas. Na região começam a formar-se novos movimentos, sobretudo para as assembleias de freguesia

Em A-dos –Negros (concelho de Óbidos) existem movimentos de independentes a concorrer à Assembleia de Freguesia desde 1997. O movimento Renovação e Mudança, encabeçado por Vítor Mata terá sido o primeiro a ser criado na região. O grupo Unidos pela Freguesia deu-lhe continuidade e está no poder há 24 anos. Volta a candidatar-se nas próximas autárquicas. No entanto, há um novo movimento independente e apartidário, denominado Mais Freguesia, que também irá a votos, na sequência de apelos de fregueses, que querem “uma maior proximidade e um dinamismo diferente”.

Nos inícios do novo milénio nascia nas Gaeiras o embrião de um movimento independente, o Gaeiras primeiro. “O objetivo era o de trabalhar para a população”, explica Eduardo Silva, lembrando que o movimento nasceu para concorrer contra o candidato do PS, da altura, na freguesia. Viria a candidatar-se nas autárquicas de 2005, com Eduardo Silva encabeçar a lista, e ganhou a junta, com apenas mais quatro votos do que o candidato socialista. O trabalho feito durante o mandato ditou nova vitória de Eduardo Silva, para aquele que seria o seu último mandato. Seguem-se Luís do Coito, Ricardo Duque e agora Pedro Vieira, que o substituiu na passada semana e já anunciou que será candidato àquela freguesia pelo Movimento Gaeiras Primeiro, dando assim continuidade ao projeto.

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Conhecida esta decisão, um grupo de cidadãos “com forte ligação” às Gaeiras juntou-se para criar um novo movimento, denominado Gaeiras – Novo Rumo, apresentado como “um projeto político alternativo, com o qual pretende incutir um novo dinamismo estratégico, social e económico à freguesia”, refere a nota de apresentação.

Eduardo Silva é o mandatário deste novo movimento independente que está a formalizar a sua candidatura.

Para se constituir, um movimento terá de apresentar um número necessário de preponentes, ou seja, as listas de candidatos são propostas por um número de cidadãos eleitores correspondente a 3% dos eleitores inscritos no respetivo recenseamento eleitoral. No caso concreto das Gaeiras, que possui 2165 eleitores, cada um dos movimentos terá de entregar 65 assinaturas, juntamente com a lista de candidatos efetivos e suplentes, no tribunal das Caldas, até 18 de agosto. Os grupos de cidadãos eleitores estão obrigados, também, a constituir conta bancária específica para a campanha, a designar um mandatário financeiro e a apresentar o seu orçamento de campanha, bem como a prestar contas da sua campanha eleitoral perante a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP).

Nas eleições para a Assembleia de Freguesia das Gaeiras haverá, pelo menos, dois movimentos independentes, que ainda poderão negociar apoios partidários. Estão a constituir-se outros movimentos, como o “+ Freguesia” que se apresenta à Assembleia de Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa. Caracteriza-se como um “movimento apartidário, pioneiro nesta freguesia, constituído por pessoas conhecedoras do seu território, a quem apenas importa o melhor para as nossas gentes e para a nossa terra, colocando de parte toda e qualquer divergência política”.

Bombarral Primeiro em 2001
Aproveitando a abertura legal instituída em 2001, no Bombarral surgiu o movimento de independentes Bombarral Primeiro, que concorreu nesse ano às eleições autárquicas, tendo como cabeça-de-lista Luís Camilo Duarte. O ex-vereador em regime de permanência do PSD quase venceu as eleições, tendo ficado apenas a 235 votos do social-democrata Albuquerque Álvaro, reeleito para aquele que seria o seu terceiro e último mandato. Contudo, o PSD sofreu também um enorme revés, pois perdeu uma maioria absoluta de quatro em sete lugares do executivo, para apenas dois, o mesmo que os independentes obtiveram. PS, CDS e PCP ficaram com os restantes três vereadores, naquele que foi um mandato muito difícil. A tal ponto que, nas eleições de 2005, o PSD propôs ao Bombarral Primeiro uma parceria e Luís Camilo Duarte, acompanhado de vários membros do movimento, liderou a lista social-democrata e alcançou a presidência da Câmara Municipal.

Em declarações à Gazeta das Caldas, o principal protagonista – agora militante e autarca municipal no PS, pelo qual voltou a ser cabeça-de-lista à câmara – recorda que o movimento, o único criado até agora no concelho, foi constituído por um grupo de bombarralenses ligados ao PSD, PS e independentes para protagonizar a candidatura autárquica. “Foi um espaço interessante porque mobilizou pessoas que estavam um pouco saturadas dos partidos e era um espaço de liberdade de pessoas válidas que, de outra forma, nunca participariam em eleições”, resume.

VM volta a concorrer
Atualmente, o município das Caldas é governado pelo Vamos Mudar, movimento criado para as autárquicas de 2021 e que concorre também a12 de outubro. Começaram no passado fim de semana a recolher as assinaturas para poder formalizar a candidatura, que neste caso ascendem a 1500. Para além das ações de rua, também irão recolhê-las na sua sede de campanha, situada Rua Henriques Sales.

O presidente da Câmara, Vítor Marques, lembra que há quatro ano foi fácil conseguir as assinaturas e que teriam entregue cerca de 2500. “Do meu ponto de vista isto é legítimo e parece-me razoável”, refere o autarca sobre a necessidade de candidatura a cada ato eleitoral necessitar de 3% das assinaturas dos eleitores no concelho. No entanto, contesta que a percentagem do IVA a pagar pelos movimentos independentes não seja igual à dos partidos.

O Vamos Mudar pretende candidatar-se à Câmara, Assembleia Municipal e a várias juntas de freguesias, não estando o processo ainda fechado. Sabe-se, no entanto, que não irá concorrer à Foz do Arelho e apoia o MIFA Mais, o movimento que tem estado no poder naquela freguesia e que agora é encabeçado por uma mulher, Sandra Queiroz, residente na vila e uma das poucas mulheres a encabeçar as listas às assembleias de freguesia.
Conhecido é também já o apoio dado pelo PS caldense ao movimento Vamos Mudar, e integrando alguns elementos socialistas nas suas listas.

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