O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, quer empenho na concretização das obras de remodelação das urgências do hospital caldense, de modo a que fiquem concluídas ainda este ano. O anúncio foi feito durante a reunião que decorreu a 5 de Fevereiro com elementos do executivo caldense no Ministério da Saúde, em Lisboa.
O governante informou que já determinou a criação de um serviço de Psiquiatria afecto ao hospital e que é necessária uma melhor adequação dos cuidados de saúde primários.
Adalberto Campos Fernandes, que deverá vir às Caldas ainda este mês para dar posse ao novo Conselho de Administração do CHO, considera também que não é uma prioridade a integração do Hospital Termal no SNS para comparticipação dos tratamentos com águas termais.
“Parcialmente satisfeito” foi como saiu o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, da reunião com o ministro da Saúde para debater aspectos relacionados com a saúde nas Caldas, em especial nos hospitais distrital e termal. A comitiva caldense integrou ainda a vereadora com o pelouro da saúde, Maria da Conceição Pereira, os vereadores da oposição Rui Gonçalves (CDS-PP) e Rui Correia (PS) e o presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro.
De acordo com o autarca, Adalberto Campos Fernandes está empenhado para que as obras de remodelação das urgências, orçadas em cerca de 1,5 milhões de euros, avancem, adiantando mesmo que gostaria de as ter concluídas até ao final do ano.
O governante informou a comitiva caldense que determinou a criação de um serviço de Psiquiatria afecto ao hospital, tendo em conta que neste momento os profissionais, nomeadamente os psicólogos, estão em regime de prestação de serviços. Pretende também que seja feito um esforço para tornar o ambiente dentro do CHO “menos tenso” e que a relação e colaboração entre os funcionários seja mais agradável.
O governante entende que é necessário melhorar as condições de funcionamento do hospital e aumentar o número de camas. Numa primeira fase isso pode ser feito com o apoio das instituições sociais, disse Tinta Ferreira, acrescentando que a autarquia irá colaborar nesse processo.
Por outro lado, a tutela considera que deverá haver uma melhor adequação dos cuidados de saúde primários, de modo a evitar que as pessoas recorram tanto ao hospital, que deve funcionar como último recurso. Para isso, pretende aumentar o horário de funcionamento dos centros de saúde e Tinta Ferreira reafirmou o compromisso da autarquia na construção de uma nova unidade de saúde familiar em Santo Onofre, com a comparticipação de fundos comunitários, mas em que as Caldas assume a comparticipação nacional.
A possibilidade de voltar a separar os hospitais das Caldas, Torres e Peniche, não recebeu “grande abertura” por parte do governante, que entende que o CHO deverá funcionar como “plataforma logística e administrativa, mas que as valências possam existir em simultâneo nos três hospitais”, disse o autarca.
O presidente da Câmara acrescentou ainda que Adalberto Campos Fernandes reconhece que faz sentido a construção de um hospital novo no Oeste, mas que é um assunto para discutir noutra legislatura. O mais importante nesta fase é melhorar as condições de funcionamento do actual hospital.
SNS “não está vocacionado” para as termas
No caso do Hospital Termal, as notícias não foram tão animadoras. Tinta Ferreira disse que o governante entende que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está vocacionado para as termas. “Há escassez de recursos de acordo com o senhor ministro e esta não é uma prioridade”, disse o autarca, acrescentando que esta posição não afasta possíveis interessados na gestão do Hospital Termal.
“Seria mais rentável com essa comparticipação, mas para nós o importante é criar condições para que o hospital funcione”, acrescentou, destacando que acredita que os tratamentos termais terão procura e que o funcionamento do hospital será sustentável a médio e longo prazo. Contudo, o autarca fez saber ao governante que não desistirão de lutar pela comparticipação dos tratamentos termais no âmbito do SNS porque entendem que os tratamentos com água fazem poupar muito dinheiro ao SNS. “Há outras instituições que também têm esse interesse, pelo que vamo-nos bater por isso e esperemos que a médio prazo se consiga convencer os governantes a chegar a esse bom porto para todos”, disse Tinta Ferreira.
A Câmara irá agora também pôr por escrito algumas das propostas para elaboração de um protocolo de delegação de competências, acompanhado das respectivas verbas, no que respeita à gestão do Museu do Hospital.
O ministro da Saúde deverá vir às Caldas ainda durante o mês de Fevereiro para dar posse ao novo Conselho de Administração do CHO que já entrou em funções na semana passada.
Vereadores da oposição satisfeitos com resultado da reunião
Para o vereador socialista, Rui Correia, esta audiência inaugura uma fase “muito positiva e efectivamente edificante” no relacionamento entre o ministério da Saúde e as Caldas da Rainha. Isso mesmo atesta a presença do ministro na cidade para dar posse ao novo Conselho de Administração do CHO, e que o vereador diz ser “um gesto de disponibilidade que consideramos mais do que simbólico”.
O problema “crónico” da falta de camas, o “desastre” que tem sido a ligação a Torres Vedras, a “hecatombe” nas urgências e a “trapaça” da abertura de vagas que se sabe previamente que ficarão desertas, “tornam muito bem recebida a notícia [por parte do ministro da saúde], que explicitamente nos comunicou que deseja garantir que o Oeste deixe de ser um problema até ao fim do seu mandato”.
Rui Correia destaca também a vontade de Adalberto Campos Fernandes iniciar, na próxima legislatura, o processo para construção de um hospital novo para as Caldas da Rainha.
Para já o governante aponta a resolução de outros problemas, como o estabelecimento de uma comunicação “credível e pacificada” entre todos os agentes, “um pacto de confiança que nunca foi conseguido com os anteriores CA, ARS e ministério”, considera Rui Correia.
O vereador socialista dá também nota da intenção da tutela para autorização para a criação estável do serviço de psiquiatria, a criação de um novo serviço de urgências básicas e o lançamento de um processo com vista à criação de uma unidade intermédia de cuidados intensivos. Por outro lado, realça o seu “desejo material de vizinhança entre a autarquia e o ministério e que nos auguram um futuro bem diferente para a nossa terra”. Este consubstancia-se na criação de uma malha de cuidados continuados integrados, através do apoio domiciliário, programas de promoção de envelhecimento activo e de apoio e vigilância de idosos, disponibilização de enfermeiros de família e de médicos de família para todos os caldenses, entre outros.
Rui Correia realça ainda como benéfico a notícia de que o ministério disponibilizou cerca de 70 milhões de euros para pagar os custos com a ADSE que eram sempre devidos pelas autarquias. Este valor permite “atenuar um esforço financeiro muito exigente”, destacando que nas Caldas da Rainha corresponde a cerca de 100 mil euros que os contribuintes deixam de pagar.
Também o vereador do CDS-PP, Rui Gonçalves, saiu “agradado” da visita com o ministro da Saúde, pois percebeu que este “conhecia os problemas do hospital e tem uma resposta para esses problemas”.
Rui Gonçalves realça que não levava expectativas em relação ao apoio do Hospital Termal, pelo que não estranhou quando Adalberto Campos Fernandes disse que o Estado não iria comparticipar os tratamentos termais. “Está na linha dos anteriores governos e não mostrou qualquer abertura nesse sentido”, disse à Gazeta das Caldas.
No que respeita ao hospital de agudos, o vereador centrista destaca a intenção da tutela em reduzir a afluência nas urgências, com a aposta em cuidados de saúde primários. De acordo com Rui Gonçalves, o governante defendeu que é precisa a colaboração de outras entidades para aumentar o número de camas para unidades de cuidados continuados, no que chamou de “tricot” entre o Ministério da Saúde, a ARS e os municípios.
“Também continua a defender que a solução para o Oeste passa pela criação de um hospital novo, mas não será nesta legislatura”, acrescentou o vereador do CDS-PP.
Rui Gonçalves disse ainda que o ministro estima que as obras nas urgências do hospital comecem no verão, para estarem terminadas ainda este ano, e que até ao final do ano toda a população tenha acesso a médico de família.































