O histórico dirigente da UDP (que se integrou posteriormente no Bloco de Esquerda) Mário Tomé acha que os militares portugueses que vão para missões no estrangeiro, como o Afeganistão, “são mercenáriozinhos que vão para lá ganhar mais dinheiro”.
Na opinião de Mário Tomé, estes militares são cúmplices de criminosos de guerra norte-americanos como Donald Rumsfeld ou Condoleezza Rice.
O coronel do Exército na reforma esteve nas Caldas da Rainha a 28 de Outubro para falar sobre a NATO, em duas sessões, uma na ESAD e outra na sede local do Bloco de Esquerda.
A Gazeta das Caldas esteve presente na sessão da tarde, nas instalações da ESAD, onde Mário Tomé fez um enquadramento histórico sobre a forma como foi criada a NATO e como a organização passou a agir no mundo. “A NATO arroga-se ao direito de ir onde quiser e lhe apetecer”, criticou.
O ex-deputado da UDP fez uma longa intervenção que pretendeu ser uma pedrada no charco relativamente ao que é defendido pelos países ocidentais. “A NATO é a forma de nós pagarmos para os Estados Unidos dominarem o mundo”, resumiu.
Mário Tomé não entende, por exemplo, como é que se pode dizer que o inimigo é o terrorismo. “O terrorismo é uma táctica utilizada por vários países, incluindo os Estados Unidos. Neste momento devem estar pessoas a serem torturadas às ordens dos Estados Unidos ou da NATO”, acusou.
Por isso, acha que quando se fala na necessidade de combater o terrorismo pretende-se justificar a existência da NATO e as invasões a países como o Afeganistão e o Iraque.
O dirigente político avançou com uma série de elementos que, no seu entender, dão a entender que o ataque às torres gémeas a 11 de Setembro de 2001 foi uma manobra política interna dos Estados Unidos para que a opinião pública apoiasse uma invasão ao Afeganistão.
Apesar do seu discurso ser muito crítico para com os EUA, Mário Tomé não se cansou de citar filmes norte-americanos para justificar algumas das suas teorias. “Tudo o que estou a dizer está escarrapachado em filmes de grande nível”, comentou, dando alguns exemplos.
Mário Tomé acha que todos podem ter acesso a essa informação “apesar da Comunicação Social ser sabuja, merdosa e medrosa”. Isto porque acha que a própria Comunicação Social se encarrega de vigiar quem se mantém ou não dentro do consenso geral “que é estarmos dentro da NATO”.
Na sua opinião, a actual crise económica pode ser um bom argumento para se começar discutir a sério a saída de Portugal da NATO. “Só precisamos das Forças Armadas por causa NATO”, defende, explicando que se pouparia muito dinheiro cortando nessa despesa com os militares.
Mário Tomé considera que esse dinheiro seria melhor aplicado em meios da Protecção Civil, por exemplo. “Não há dinheiro para pagar aos vigilantes das florestas, mas há para pagar aos soldados, que não servem para nada”, disse.
Criticando a forma como a juventude está desligada destas causas, Mário Tomé incentivou os jovens a começarem a questionar a situação actual. Só que na plateia também só estavam menos de duas dezenas pessoas.
Para 20 de Novembro (altura em que se realiza a cimeira da NATO em Portugal) está marcada uma manifestação em Lisboa, do Marquês de Pombal aos Restauradores, para exigir a retirada de Portugal desta organização.































