Maré laranja em Peniche e Cadaval e o Bombarral continua cor-de-rosa

0
787

O PSD recuperou a presidência da Câmara de Peniche quase três décadas depois e com maioria absoluta. No Cadaval não houve surpresas e os social democratas voltaram a dominar as eleições. No Bombarral, o PS regista vitória mais folgada que há quatro anos

E à terceira foi de vez. Filipe Sales venceu a Câmara Municipal de Peniche e com maioria absoluta, acompanhando a onda laranja que varreu o concelho nestas eleições autárquicas, onde os social-democratas ganharam quase tudo o que estava em jogo, com exceção da freguesia da Serra d’El Rei, que se mantém sob domínio da CDU. Vereador há 10 anos, o diretor do Centro Social Paroquial do Bombarral conseguiu registar a melhor votação de sempre de um presidente para o executivo camarário, conseguindo quatro eleitos, contra os dois do PS e um do Chega, que se estreia neste órgão autárquico. A CDU, pelo contrário, ficou desta vez arredada da vereação, longe dos tempos em que foi poder durante três mandatos consecutivos. Na Assembleia Municipal, o PSD teve também uma subida notável, passando de seis para 10 eleitos, o que somando às três juntas de freguesia ganhas este domingo, perfaz uma maioria absoluta. A oposição conta com sete eleitos do PS (mais um que há quatro anos), três do Chega (mais dois) e um da CDU (menos um). Nas freguesias registe-se ainda a perda de Ferrel, do PS, para o PSD. Ficou assim desfeita a incógnita sobre a dispersão dos votos do movimento de independentes liderado há quatro anos pelo presidente Henrique Bertino, que se auto extinguiu por ter decidido não se recandidatar ao terceiro mandato, bem como qual seria o impacto do Chega nestas eleições após ter vencido as legislativas.

Filipe Sales torna-se no terceiro presidente eleito pelo PSD, depois de Luís Almeida (1979) e João Augusto Barradas (1985/1997). Em declarações à Gazeta, o novo edil confessa que “nem nas minhas melhores previsões imaginava ter a melhor votação de sempre de um presidente eleito em Peniche”, pelo que sente “uma enorme gratidão”. Contudo, sublinha que “não é por ter maioria absoluta que não irei dialogar com todos, vou dialogar com todos. É ter uma postura, no fundo, inclusiva com aquilo que são as sensibilidades dos demais eleitos.” Uma das primeiras ações, simbólica, é que as sessões de câmara serão agora feitas à volta de uma mesa oval, “porque o objetivo é mesmo a convergência”, até porque “vou contar com a ajuda de todos, independentemente do partido”. Filipe Sales destaca que agora é o tempo para “recuperar o tempo perdido”, até porque, do ponto de vista político, “não há desculpas porque estão reunidas todas as condições e identificadas, pela minha equipa, as necessidades do concelho”.

- publicidade -

No Cadaval, também o PSD conseguiu manter a maioria absoluta e ampliar a votação registada há quatro anos em 46 votos. Ricardo Pinteus, presidente em exercício após a renúncia de José Bernardo Nunes – que transitou para a vice-presidência da Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo -, teve a sua primeira vitória e vai liderar a equipa de quatro eleitos social-democratas. Destaque para a entrada do Chega com um vereador, enquanto que o PS perdeu um lugar e fica neste mandato com dois eleitos, fruto da descida de 158 votos. O movimento de independentes CLIC não foi além dos 171 votos mas superou a CDU (138) e o CDS/PP (23). Na Assembleia Municipal, o PSD mantém a maioria com 10 mandatos (menos um), contra sete do PS (menos dois) e a entrada do Chega com quatro, enquanto que a CDU perdeu o único deputado municipal alcançado em 2021. Os sociais-democratas beneficiam das vitórias obtidas em seis das sete freguesias, registando-se apenas uma para o PS: União de Freguesias de Lamas e Cercal.

À Gazeta, Ricardo Pinteus regista que ficou muito satisfeito com o resultado eleitoral e que representa um sinal do reforço da democracia no concelho. “Foi um voto de confiança muito grande e também de grande responsabilidade”. O edil conclui que “os nossos munícipes acreditaram em nós, com um resultado muito expressivo”, tendo em linha de conta que concorreram seis candidaturas e que contribuiu para baixar a taxa de abstenção. “Quer dizer que as pessoas têm uma grande expectativa no nosso futuro e nós temos que corresponder, como acho que vamos corresponder”, garante. Em relação às primeiras medidas, destaca o avanço a todo o gás para a criação da incubadora de empresas e de um espaço ‘coworking’ para ajudar na fixação de jovens no concelho, seguindo-se “um processo longo” que constituirá a criação do novo parque tecnológico, “em que teremos de negociar e falar” com o Governo. “Mas tão ou mais importante é resolver os problemas das pessoas no dia-a-dia”, destaca.

Vitória reforçada pelos votos foi o que também conseguiu o socialista Ricardo Fernandes, que alcançou a terceira e última maioria enquanto presidente de câmara. O PS conseguiu ampliar a diferença para o segundo, a coligação PSD/CDS/IL, por 899 votos, mas o mesmo número de eleitos – quatro – na vereação, contra três da oposição. Já quanto à Assembleia Municipal, os socialistas aumentaram para 10 os mandatos, mais um, enquanto que PSD/CDS/IL desceu de 10 para 8 e registou-se o aumento do número de eleitos do Chega, de duplicou para 2. A CDU mantém o único deputado municipais conquistado em 2021. Uma vez mais sem maioria absoluta neste órgão, resta esperar sobre as decisões de cada bancada, uma vez que há quatro anos a socialista Margarida Marques, que também ganhou as eleições, viu a presidência deste órgão ser atribuída ao social-democrata Élio Leal, que desta vez foi o cabeça-de-lista pela coligação ao executivo camarário. Quanto às juntas de freguesia, não houve alterações: com duas para o PS e outras duas para a coligação de direita.

Visivelmente satisfeito com a terceira vitória, um feito inédito para os socialistas, Ricardo Fernandes conclui, em jeito de balanço, que “os bombarralenses falaram muito alto” e que “houve um reforço visível da votação e consolidada a maioria”. Sobre o que isso representa, politicamente, o edil enfatiza que “não é um ponto de chegada, ao contrário, isto é um ponto de partida para uma situação motivacional ainda mais elevada, se for possível, e com uma energia renovada para, de facto, fazer aquilo que nós projetamos fazer, sempre com o ponto de vista de elevar a qualidade de vida dos munícipes”. O autarca afiança que ainda que “não nos pouparemos a esforços, como nunca nos poupámos, para que isso aconteça”. Compromete-se a continuar a ouvir a oposição na construção do trabalho autárquico e, entre as primeiras medidas políticas para o novo mandato, figura a concretização do projeto de habitação municipal a preços controlados, que prevê a construção de um edifício no centro da vila com 40 fogos. O autarca garante que estão ultrapassados todos os constrangimentos processuais, incluindo o Tribunal de Contas, para lançar o concurso público.

- publicidade -