
A Câmara das Caldas aprovou a informação prévia sobre a viabilidade de construção de um edifício para uma superficie comercial Lidl nas instalações fabris abandonadas da Secla 2. No entanto, o PS critica a área de construção “manifestamente exagerada” face às áreas comerciais instaladas no centro urbano e defende a valorização do comércio de bairro.

A cadeia de lojas Lidl solicitou à Câmara uma informação prévia sobre a viabilidade de construção de um edifício para uma superfície comercial daquela marca nas instalações fabris abandonadas da Secla 2. O pedido prevê a construção de mais de 3200 metros quadrados numa superfície de implantação de perto de 2500 metros quadrados e um parque de estacionamento a céu aberto para 160 automóveis.
A maioria PSD concordou com o pedido, dependendo a decisão final dos pareceres das entidades referidas na informação prévia. Quer também que seja apresentada uma solução que elimine as entradas e saídas de viaturas em contramão e ampliada a parcela para equipamentos. Em caso de parecer favorável e deferimento do pedido de informação prévia, o projecto de arquitectura deve “privilegiar a qualidade de imagem arquitectónica, considerando o local em que se insere”, deliberaram.
Já no início do ano, a maioria PSD aprovou um pedido igual, requerido pela Prime Unit – Construções Imobiliário, Lda, com sede no Porto, para a construção de um conjunto constituído por três edifícios destinados a comércio e serviços nas antigas instalações da Secla. Este edifício fica situado a cerca de 200 metros da Secla 2, onde agora se pretende instalar a nova superficie comercial.
Para a Secla 1 está previsto um supermercado da insígnia Continente Bom Dia, um restaurante e um hotel da rede Campanile. O projecto prevê uma área de implantação próxima dos 4500 metros quadrados.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, considera que o facto de ali se pretenderem instalar duas superfícies comerciais é sinal que Caldas da Rainha “é atractiva para empresas de referência. Também constitui uma oportunidade de requalificar uma parte da cidade que está degradada”, refere à Gazeta das Caldas.
O autarca destaca que uma das condições colocadas, no caso do edifício da Secla 2, foi a exigência de cedências para equipamento que permitam uma futura ampliação do cemitério. Já na Secla 1 são colocadas condições que permitam a salvaguarda das memórias da unidade fabril Secla.
Tinta Ferreira considera que tem existido uma “procura de espaços para além do que era habitual”, que é sequência da “reabilitação urbana da cidade, da dinâmica desenvolvida e da promoção do concelho”. Questionado pela Gazeta das Caldas sobre a existência de mais investidores interessados nas instalações da antiga Secla, Tinta Ferreira não confirmou a informação, salientando que o espaço é privado e as negociações decorrem entre os privados. “O município apenas se pode pronunciar sobre processos administrativos apresentados”, concluíu.
Ameaça ao comércio de bairro
Os vereadores do PS, Luis Patacho e Jaime Neto, também votaram a favor, mas apresentaram uma declaração de pronúncia a este pedido de viabilidade onde referem que, apesar de defenderem a reabilitação de instalações fabris abandonadas, não aprovam a sua substituição por “extensivas áreas comerciais de empresas concorrentes de cadeias de hipermercados”. Os deputados da oposição consideram a área de construção “manifestamente exagerada” face à capacidade instalada nas áreas comerciais já existentes no centro urbano consolidado. Por outro lado, defendem um projecto político de valorização e modernização do comércio de bairro e um urbanismo de bairro, propondo-se apresentar propostas concretas de configuração de um plano de logística urbana.
No entender de Luís Patacho e Jaime Neto, a instalação de grandes superfícies comerciais no centro urbano é uma ameaça ao comércio de bairro e aos seus postos de trabalho, prevendo, a médio prazo a sua substituição por postos de trabalho precários e a termo certo. Chamam a atenção para o aumento de tráfego automóvel naquela zona, que é contrário à política de mobilidade que defendem.
No documento apresentado, os vereadores do PS recomendam à Câmara que peça um parecer escrito à ACCCRO sobre este pedido de viabilidade. Propõem também que seja planeado, e implantado, um “corredor verde”, destinado à mobilidade pedonal e ciclável, numa faixa de 15 metros de um lado e do outro da linha ferroviária, desde a ESAD até ao centro urbano da cidade.
Os vereadores recomendam ainda que seja feito um estudo urbanístico para toda esta zona norte da cidade, que “enquadre e salvaguarde o interesse público face à pressão urbanística dos pedidos de viabilidade já apresentados e também dos previsíveis futuros pedidos”.






























