
Os três vereadores, criticam falta de “frontalidade e coragem política” de presidente da Câmara
“O que nos levou a tomar a decisão de renunciar aos pelouros que nos foram confiados não foi um ato impulsivo, nem fruto de qualquer ambição pessoal, mas sim o resultado de um processo de afastamento e de quebra de confiança que se tornou irreversível”. Esta a justificação dos vereadores que renunciaram aos pelouros na Câmara de Óbidos, José Pereira, Margarida Reis e Telmo Félix, que emitiram um novo comunicado com o propósito de apresentar esclarecimentos e “evitar juízos de valor baseados em falsas premissas”.
Os autarcas dizem que a primeira fratura surgiu com a retirada de pelouros aos vereadores. “A decisão foi unilateral e desprovida de diálogo prévio, marcando o início de um padrão de atuação em que o isolamento e a desconfiança se tornaram cada vez mais visíveis”.
Acrescentam que tentaram “manter a estabilidade institucional e o respeito mútuo, mesmo perante episódios internos que, vindos do seio do PSD, pareciam mais tentativas de assalto ao poder do que propriamente verdadeiros projetos de futuro para o concelho de Óbidos”.
A lista de candidatos à Câmara foi “gota de água”, tendo em conta que o presidente da Câmara, Filipe Daniel, terá “mudado de ideias”, não reconduzindo a atual equipa. “Fê-lo em silêncio, longe dos olhos e ouvidos dos seus vereadores, enquanto formava (in)discretamente uma nova equipa e fazia convites a terceiros”, criticam os vereadores, acrescentando que, depois de confrontado, o edil nunca clarificou a situação. Mais tarde o vereador José Pereira foi convidado para integrar a equipa em segundo lugar, o que recusou, e que, posteriormente, Filipe Daniel convidou o vereador Telmo Félix para o Parque Tecnológico e a vereadora Margarida Reis para a empresa municipal Óbidos Criativa. “Como seria de esperar, esta proposta foi recusada. Nunca foi uma questão de lugares, mas sim uma questão de princípio!”, salientam os vereadores, que saem pela “ausência de sinceridade, frontalidade e coragem política para nos olhar nos olhos e dizer a verdade”.
Admitem que podiam ter saído antes e que não o fizeram porque “havia o compromisso com projetos, programas e pessoas que dependiam da nossa entrega diária”.
“Decisão irresponsável”
O vereador do PS, e candidato à Câmara de Óbidos, Paulo Gonçalves, tornou pública a sua opinião, após a sessão de Câmara de 8 de agosto e começando por dizer que “não foi uma surpresa”. O líder da oposição recorda que vêm chamando a atenção para a “degradação dos serviços, das respostas, do funcionamento em geral, situação aliás que era do conhecimento geral dos colaboradores da Câmara” e que serão os obidenses a sofrer com as consequências. Isto porque, explica, com a demora nos procedimentos pós-eleitorais, os vereadores demissionários “sabem bem que a ação municipal nos seis meses que restam do ano de 2025 está ainda mais dificultada”. Além disso, acrescenta: “manter os lugares de vereadores, enquanto se avaliou a possibilidade de uma candidatura independente, é a cereja no topo do bolo”, reconhecendo que estas ações não dignificam a política e os políticos.
Para o PS a decisão foi “egoísta, calculista, oportunista e irresponsável”. As críticas estendem-se ao presidente da Câmara que, defendem os socialistas, desvalorizou os factos e que “não foi capaz de conduzir o seu próprio grupo”. Paulo Gonçalves lamenta ainda que os vereadores da oposição tenham tido conhecimento destes acontecimentos pelo Facebook. “Sem obra feita, com dezenas de promessas esquecidas, delírios de megalomania, episódios de autoritarismo, contestado por parte de vereadores e secretário, as pessoas mais próximas de si, resta pouco deste mandato. É um triste final de um mandato fraco”, critica.






























