Depois de oito anos a exercer o cargo de vereador, Humberto Marques tomou posse, no passado domingo, 20 de Outubro, como presidente da Câmara de Óbidos. O autarca social-democrata diz que quer privilegiar a captação de investimento público e privado para o concelho e destaca como prioridades a concretização da rede de rega, a municipalização do ensino concelhio e o pólo turístico das águas termais das Gaeiras.
Também os novos deputados municipais tomaram posse e foram unânimes na defesa de uma Assembleia mais próxima dos cidadãos e com a discussão de temas estratégicos para o concelho, como forma de cativar o eleitorado e diminuir a elevada abstenção que se tem registado no concelho.
Agricultura, turismo, indústria e tecnologia. É a partir desta estratégia quadrangular que Humberto Marques quer que ascenda a economia de Óbidos. O novo presidente da Câmara lembrou que a agricultura representa um dos sectores económicos mais importantes, mas que os agricultores continuam sem resposta ao problema do “esmagamento” dos preços dos seus produtos pelas grandes superfícies. É preciso, para isso, arranjar respostas através da organização e articulação entre os sectores da restauração, hotelaria e agricultura para se estabelecer proximidade entre a produção e o consumo.
Humberto Marques quer também manter a pressão sobre o Ministério da Agricultura para a alteração do perímetro de rega e execução das redes de rega a custos mais baixos.
Para a criação de riqueza é também preciso afirmar a Lagoa de Óbidos como um pólo de desenvolvimento económico na área a área da aquacultura. Humberto Marques quer agora convencer o Ministério do Ambiente a alterar a Declaração de Impacto Ambiental, para deposição temporária de dragados e consequente dragagem, de forma a permitir esta aposta.
Ao nível do turismo o autarca defende a promoção do território e o desenvolvimento das Águas Termais das Gaeiras como um pólo turístico que permitirá atrair investidores e turistas, e criar oportunidades de emprego. Humberto Marques considera também prioritário a revisão do PDM e promete continuar o braço de ferro com o governo no sentido de ter um plano “de acordo com as nossas reais necessidades de crescimento”.
No que respeita à Educação, serão continuados os passos do anterior executivo com vista à construção de uma escola municipal, num caminho que quer fazer com professores, alunos, pais e associações.
Aprofundar as delegações de competências nas Juntas de Freguesia e criar condições para um melhor desenvolvimento das políticas de juventude são também objectivos deste executivo. Para a área do desporto fica prometida uma nova abordagem, de ligação das modalidades desportivas com a saúde e turismo, provocando estímulos inter-geracionais e mais produtos turísticos.
No campo social Humberto Marques pretende dar continuidade aos 18 programas municipais existentes e dar novas respostas à pobreza envergonhada.
Humberto Marques comprometeu-se a ser um presidente “aglutinador, conciliador, mobilizador e estimulador de todos” e pediu à oposição para que também ela enterre as bandeiras partidárias. “Não quero a crítica pela crítica. Espero propostas e irei aceitá-las desde que demonstrem como implementá-las e como financiá-las”, disse.
Deputados mais próximos da população
O líder da bancada do PS, José Machado, quer ver mudanças na Assembleia Municipal de modo a não se repetir a “utilização de termos inadequados e ofensivos, que ultrapassaram, por vezes, as regras elementares da boa educação e da conduta política”.
O deputado garantiu que o PS quer contribuir para que se façam debates sobre os problemas e desenvolvimento do concelho, suscitando a colaboração de todos para se encontrarem as melhores soluções. Defendeu também que a Assembleia deve estar mais próxima dos cidadãos e deixou como sugestão que o período para intervenção do público passe para o início das sessões de trabalho, ao invés de ser no final, como tem acontecido. As sessões não se deviam arrastar tanto tempo, até de madrugada, e podiam realizar-se durante o dia, ao sábado, sugeriu.
O ex-vereador socialista também destacou o trabalho do anterior presidente da Assembleia Municipal, Feliciano Barreiras Duarte, na condução daquele órgão e pediu que o mesmo exemplo seja adoptado pelo seu sucessor.
Miguel Silvestre, porta-voz do PSD, disse que por parte da sua bancada irá haver respeito pela oposição, mas considerou “demasiado dura” a imagem que José Machado passou das reuniões da Assembleia. O deputado considera que Óbidos é uma referência em muitos sectores de actividades e que tem também a obrigação de o ser neste órgão.
Miguel Silvestre disse ainda que é necessário combater a abstenção e que isso será possível se trabalharem mais em assuntos do ponto de vista estratégico para o município.
Já Sílvia Correia, da CDU, regozijou-se com os bons resultados no concelho, que permitiu duplicar o número de deputados municipais. “É sinónimo de que o projecto autárquico por nós apresentado é visto cada vez por mais munícipes como credível e concretizável em prol de uma vida mais digna pelo concelho”, disse.
Assembleia não deve ser a “voz do dono”
A deputada comunista foi a mais crítica da gestão social-democrata, acusando-a de “enganar” a população com “projectos megalómanos e fantasiosos que acabam por nunca se concretizar, ao mesmo tempo que o desenvolvimento económico, social e cultural sustentado é uma miragem”. Recusa, por isso, que a Assembleia Municipal seja a “voz do dono da maioria da Câmara”, defendendo que esta deve ser o órgão deliberativo para as questões estratégicas do concelho, não se coibindo de questionar e rejeitar o que não for ao encontro dos interesses da população.
Uma Assembleia mais prestigiada foi também defendida pelo novo presidente daquele órgão, Telmo Faria, que pretende construir uma maior proximidade e pluralidade de participação. O ex-presidente da Câmara vai pedir ao novo executivo para que as reuniões deixem de se realizar apenas no auditório da Casa da Música e que passem por todas as freguesias e que decorra num horário que possa cativar a presença dos cidadãos. “Não estamos nesta casa para estarmos fechados e a falar uns para os outros, estamos aqui a trabalhar para a população”, concluiu.
A votação para a mesa da Assembleia determinou que esta seja presidida por Telmo Faria e tenha como primeiro e segundo secretários, Fernando Jorge e Margarida Reis, todos eleitos pelo PSD.
Para a cerimónia da tomada de posse foram convidados todos os presidentes de Câmara da comunidade intermunicipal do Oeste, mas apenas marcou presença o autarca cessante do Cadaval, Aristides Sécio e o secretário-geral da OesteCIM, André Macedo.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt





























