Experiência, continuidade, criatividade e dinamismo são as palavras-chave da candidatura do PSD à Câmara de Óbidos, cujas linhas programáticas foram apresentadas à comunicação social local, no passado dia 7 de Agosto, por Humberto Marques, cabeça de lista daquele partido.
“Não podemos ter um presidente de Câmara sem experiência e sem conhecimento dos dossiers quando vamos ter um novo Quadro de Referência Estratégica no próximo ano. Isso significaria ‘perder o comboio’ e meter Óbidos a voltar para trás”, afirmou, lembrando que recentemente o executivo conseguiu garantir um financiamento de 13 de milhões de euros de fundos comunitários para obras no concelho.
Humberto Marques promoveu uma conferência de imprensa no Convento de São Miguel, nas Gaeiras, para que os jornais regionais pudessem “esclarecer o eleitorado” sobre o programa do PSD. Nessa altura, anunciou ainda que o seu mandatário político é o ex-ministro Nuno Morais Sarmento.
Na opinião do actual vice-presidente da autarquia, estas serão “as eleições das mais importantes da história do concelho” porque entende ser essencial continuar o trabalho que o seu partido tem feito à frente da Câmara desde 2001.
“Isto não é um novo ciclo. Isto é a continuidade de um projecto, dinâmico e inovador, que começou há 12 anos”, afirmou.
O candidato comparou a situação do concelho com a que existia em 2001, com base nos valores dos Censos, “quando estávamos em decréscimo na população e com linhas de tendência, segundo projecções, para decrescer ainda mais”.
Actualmente, apesar da taxa de natalidade ser baixa, “o número de novos residentes que Óbidos conseguiu atrair é superior aos óbitos no concelho”, salientou, referindo que isso “não se faz só com boas intenções, ideias vazias ou com falta de experiência”.
Para além disso, “devido à sua dinâmica e inovação”, o concelho tem conseguido também atrair vários investimentos privados. O candidato deu como exemplo o Parque Tecnológico “que já atraiu mais de 100 empresas de base tecnológica”.
Numa altura em que vão ser construídos os edifícios centrais do Parque Tecnológico, Humberto Marques quer que seja criado um espírito de competição e de cooperação que permita uma nova dinâmica empresarial no concelho.
O candidato diz que gostaria que o sector da agricultura fosse “contaminado” pela dinâmica dessas novas empresas e que aproveite a tecnologia que é desenvolvida no concelho.
Outra aposta será no apoio à criação de organizações de produtores no sector hortofrutícola, para retirar proveito da marca “Óbidos”. Pretende também uma ligação da agricultura ao Turismo, aproveitando o património edificado “que pode ser revitalizado no âmbito de regenerações urbanas”. Isto de forma a trazer mais ofertas turísticas ao concelho e, ao mesmo tempo, dar mais vida às aldeias e vilas.
Decisão tomada há um ano e meio
Humberto Marques revelou que já tomou a decisão de se candidatar a presidente da Câmara de Óbidos há mais de um ano e meio, e desde essa altura que tem apostado em envolver-se nos vários sectores da autarquia para estar preparado.
O candidato salientou o grande investimento que a autarquia fez em educação nos últimos anos, considerando-o mesmo “o maior investimento ‘per capita’ realizado em termos mundiais”. Em cinco anos foram gastos 23 milhões de euros neste sector em Óbidos. “Construíram-se escolas de excelência, mas o objectivo deste investimento não são apenas os edifícios”, disse, defendendo um investimento nas metodologias de ensino e aprendizagem.
No entanto, admite que os resultados dos alunos do concelho não são os melhores e quer que toda a comunidade colabore para inverter a situação. Humberto Marques vai criar um endereço de e-mail específico para as questões relacionadas com a educação.
Uma equipa multi-disciplinar para a Câmara
Humberto Marques entende que o concelho está “num patamar de tal maneira elevado e exigente” que é necessário que o PSD mantenha a presidência da autarquia “para continuarmos a sermos ouvidos e respeitados pelos governos, pelo empreendedores e decisores de fundos comunitários”. Mas para isso são necessárias pessoas experientes e com competências técnicas variadas, tendo apresentado cada um dos elementos que o acompanha na candidatura.
Sobre o número dois, Pedro Félix, que é vereador há 12 anos, disse ser uma “pedra fundamental” do executivo e gabou-lhe a competência técnica relativa aos “grandes equipamentos que garantem a qualidade de vida dos munícipes”.
A professora Celeste Afonso (nº 3 na lista) foi escolhida para assumir os pelouros da Educação e do Desenvolvimento Comunitário, no caso do PSD vencer as eleições.
“Quero que ela tenha o seu gabinete na rua, com as pessoas. Este trabalho é fundamental”, referiu. Desta forma, poderá ser uma ajuda importante nas questões do emprego, empreendedorismo e da cultura.
Para as áreas da Modernização Administrativa e do Desporto, Humberto Marques quer voltar a contar com o actual vereador Ricardo Ribeiro (nº 4). “Tem feito um trabalho exemplar. Actualmente não há papel a circular dentro da Câmara de Óbidos”, referiu.
Uma das medidas será criar um serviço, como as Lojas do Cidadão de segunda geração, “onde as pessoas possam resolver todos os assuntos apenas num posto de atendimento”. No futuro, pretendem ainda implementar uma tecnologia que faça digitalmente a leitura dos contadores de água. Na área do Desporto, quer promover todas as localidades do concelho e hábitos de vida saudáveis.
O deputado municipal José Capinha está em quinto lugar na lista e foi convidado “pela sua capacidade no planeamento”, para além da experiência de oito anos na Assembleia Municipal.
Em sexto lugar, Anabela Adónis, funcionária do Ministério da Agricultura, é apontada como eventual vereadora deste pelouro. “Quando foi chefe de gabinete de um secretário de Estado da Agricultura, Rui Barreiro, ‘puxou’ pelo dossier da rede de rega das Baixas de Óbidos, que estava no fundo de uma gaveta”, declarou Humberto Marques.
Para o sétimo lugar foi escolhido José Pereira, dirigente associativo, que irá trabalhar na área social da Câmara, se o PSD vencer as eleições, mesmo que não venha a ser eleito vereador.
Revisão do PDM não serve interesses da população
O vice-presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, revelou que existe um “braço de ferro” entre a autarquia e o governo por causa da revisão do Plano Director Municipal (PDM) do concelho.
“Se nós aplicarmos a regra que o PROT [Plano Regional de Ordenamento do Território] nos exige [relativamente à expansão da malha urbana], em muitas vilas e aldeias do concelho significam medidas mais restritivas do que aquelas que existem hoje”, explicou.
Humberto Marques considerou que o facto do candidato do PS, Bernardo Rodrigues, ter prometido a revisão do PDM só é justificável por ser “um candidato sem experiência e que não conhece em profundidade os dossiers”. Segundo o actual vice-presidente da autarquia, “se a população quiser a revisão do PDM, nós temo-la pronta”. Só que o executivo do PSD considera que este não serve os interesses da população.
Já foi sugerida uma outra metodologia de revisão do PDM e até que exista uma decisão positiva “eu não vou avançar com esta revisão”, declarou Humberto Marques. A Câmara aguarda uma reunião com o novo secretário de Estado da tutela “para tentar, uma vez mais, desbloquear aquilo que é uma interpretação restritiva do PROT”.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt































