Governo sem datas para a modernização da linha do Oeste

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O lançamento do concurso público para a modernização da linha do Oeste ainda não tem data prevista. O governo diz que os projectos se atrasaram e que as empresas de engenharia até já foram multadas por isso, mas não se compromete com uma calendarização para as obras.
Segundo o plano Ferrovia 2020, a meia modernização da linha do Oeste (só está previsto o troço entre Meleças e Caldas) já deveria estar em obras desde finais de 2017 para estar concluída em Junho de 2020. Este projecto é um dos mais atrasados de todos os investimentos previsto nesse plano.
Já a modernização para norte das Caldas, está parada a aguardar financiamento comunitário.

Falta de recursos humanos, atrasos das equipas de projectistas. Eis as justificações do governo para o atraso na modernização da linha do Oeste, a qual já deveria estar no terreno há mais de um ano. Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação disse à Gazeta das Caldas que o estudo de impacte ambiental, cuja consulta pública terminou em Dezembro de 2018, “está a ser ultimado para entrega à APA com vista ao levantamento das condicionantes”. Só depois disso o concurso poderá ser lançado, sendo que as obras apenas terão início um ano depois.
Ou seja, na melhor das hipóteses, os trabalhos só arrancarão em meados de 2020. Pedro Folgado, presidente da OesteCIM, referiu na última reunião inter-municipal que, de acordo com informação obtida no mesmo ministério, estava convicto que o concurso público seria lançado até Junho.
O projecto prevê a divisão das obras em duas empreitadas: uma de Meleças a Torres Vedras e outra daquela estação até Caldas da Rainha. Haverá ainda uma obra para a construção de uma subestação (equipamento para alimentar a linha com energia eléctrica) em Runa, no concelho de Torres Vedras.
A modernização está estimada em 107 milhões de euros e os trabalhos deverão decorrer durante dois anos, o que significa que antes de 2022 não haverá comboios eléctricos na linha do Oeste.
A CP tem a decorrer um concurso público para a compra de 22 automotoras, algumas delas destinadas a esta linha, mas ainda não se conhece qual é a empresa vencedora. Por isso, antes de 2022 também não haverá novo material circulante neste corredor ferroviário.
Quanto à prossecução da modernização a norte das Caldas da Rainha, a resposta do governo é clara: “o troço Caldas da Rainha – Louriçal e o ramal de Alfarelos estão pré-indicados no PNI2030, não havendo, por isso, uma programação definida”. Para já, nem sequer existem estudos a decorrer para esta obra, com excepção de um projecto específico para a estação do Louriçal, mas no âmbito do transporte de mercadorias.

O REGRESSO DA SUPRESSÕES

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Bastou a linha do Douro ter reaberto entre Caíde e Marco de Canavezes, no início de Abril, para que as supressões voltassem à linha do Oeste. Aquele troço da linha do Douro esteve fechado para obras desde Dezembro passado, o que permitiu à CP afectar ao Oeste as automotoras que lá estavam em circulação. Mas com a sua reabertura, o material circulante regressou ao Norte e só nos primeiros 20 dias de Abril foram suprimidos 20 comboios, dos quais cinco num só dia (11 de Abril).
A CP, contactada pela Gazeta das Caldas, deu a resposta habitual. Diz que as supressões “ficaram a dever-se a excesso de imobilizações no parque oficinal de material circulante diesel” e que a empresa e a sua afiliada EMEF “estão a desenvolver todos os esforços para minimizar o impacto desta situação, que deverá estar regularizada nas próximas duas semanas”.
A empresa está a contar com a electrificação do troço Caíde – Marco para poder libertar algumas automotoras a diesel para o Oeste. No entanto, a forte procura de turistas durante o Verão na linha do Douro obrigará a empresa a reforçar a sua oferta naquele eixo, o que poderá criar novamente problemas de gestão de material e as consequentes supressões na ferrovia que serve Caldas da Rainha.
A prioridade atribuída à linha do Oeste pela actual administração da CP é idêntica à de todas as anteriores. Não há visão estratégica para integrar a exploração deste corredor na rede ferroviária nacional como uma verdadeira variante à linha do Norte. A oferta assenta em comboios regionais a parar em todas as estações entre Caldas e Lisboa (e a demorar quase duas horas e meia de viagem), um serviço regional entre Caldas e Leiria, e três inter-regionais por dia para Coimbra, os quais têm sido um sucesso apesar da sua baixa frequência.
A CP não participou, ao lado das empresas do grupo Barraqueiro, nas negociações com a OesteCIM para a redução das tarifas dos passes. Em resultado disso, o modo ferroviário ficou a perder ainda mais competitividade face ao rodoviário que pode agora oferecer preços mais baratos aos passageiros.
De acordo com um comunicado da OesteCIM já houve, entretanto, uma primeira reunião com a CP no passado dia 17 de Abril, estando ambas as entidades “a trabalhar em conjunto com vista à aplicação do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos na linha do Oeste”.

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