Fernando Costa quer chamar a si a gestão do Hospital Termal

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A Câmara das Caldas poderá vir a gerir não só o Parque D. Carlos I e a Mata Rainha D. Leonor, mas também o próprio Hospital Termal, em conjunto com uma entidade privada.
Essa foi a proposta apresentada pelo presidente da Câmara das Caldas numa reunião com o ministro da Saúde, Paulo Macedo, na passada segunda-feira, 30 de Julho, onde esteve também presente o vereador do PS, Rui Correia.
Fernando Costa disse à Gazeta das Caldas que o Ministério da Saúde aceitará que a Câmara das Caldas concessione a gestão do Hospital Termal a uma entidade credível, que poderá ser o Montepio Rainha D. Leonor.
O autarca admitiu também que esta unidade hospitalar poderá sair do Serviço Nacional de Saúde (SNS), indo assim ao encontro dos desejos do próprio ministro da Saúde.
“Não queremos que saia, mas caso isso aconteça, pedimos para que o ministério mantenha uma ligação com o Hospital Termal no sentido de manter a qualidade mínima que este deve ter“, defendeu, embora não assegure que os utentes tenham os mesmos direitos que os do SNS.
“A Câmara não quer tomar conta do Hospital Termal de um dia para o outro. A Câmara nem tem condições, nem vocação para isso”, disse o autarca, adiantando que o importante é que acabe o impasse em que este processo tem estado nos últimos 30 anos.
Fernando Costa diz que o Hospital Termal tem um prejuízo anual de cerca de 350 mil euros (700 mil euros de despesas e 350 mil de receita) podendo a Câmara financiar já 50% desse défice “para que a decisão seja tomada mais a longo prazo e bem pensada”.
Paralelamente a esse processo, o autarca aceita estabelecer um outro protocolo para a gestão do Parque e da Mata “com a condição de que o Ministério da Saúde se empenhe para que haja fundos comunitários para recuperar os Pavilhões do Parque e outras áreas que precisam de ser recuperadas”.
Este processo de passar a gestão dos dois maiores espaços verdes do concelho para a autarquia deverá estar concluído em breve, mas a Câmara só aceita uma concessão por 50 anos, no mínimo.
O presidente da Câmara quer no futuro alargar o Museu da Cerâmica, instalar um Parque de Esculturas e, se houver interessados, construir uma clínica termal privada no espaço da Parada.
Fernando Costa garante que a Câmara tem condições financeiras para suportar os gastos na manutenção destes dois espaços (uma estimativa de 300 mil a 500 mil euros por ano). “Felizmente a Câmara tem dinheiro e esta parece-me uma prioridade”, afirmou.
No entanto, admite que o Centro Hospitalar tem sabido cuidar do Parque e da Mata. “Até aqui tinha cuidado bem porque tinha dinheiro”, mas acha que se deixou de ser feito um aproveitamento turístico-cultural “que a Câmara tem obrigação de fazer melhor”.
Para evitar polémicas, propõe que seja criada uma associação de amigos do Parque e da Mata para acompanhar o que lá será feito.

Fernando Costa adere às teses do governo sobre saúde

Em relação ao Hospital das Caldas, está quase certa a perca de algumas valências, mas o presidente da Câmara entende que a região só terá a ganhar com a reorganização hospitalar.
Algumas dessas valências serão transferidas para Torres Vedras “porque não cabe aqui tudo”, afirmou Fernando Costa. “Tanto quanto sei, vão ter que ser feitas obras de alargamento e de remodelação interna” no Hospital das Caldas.
Segundo Fernando Costa, o ministro da Saúde deixou antever a possibilidade de continuarem a realizar-se nas Caldas parte das cirurgias programadas, “mas o nosso hospital vai ficar com mais serviços” e uma maior abrangência territorial. “Pessoalmente, não acho que isso seja um prejuízo para os hospitais das Caldas e de Torres porque a concentração de serviços melhora os especialistas e os cuidados de saúde”, considera, alinhando em total sintonia com o discurso de Paulo Macedo.
Na sua opinião, o serviço de urgências caldense não irá ter constrangimentos com o aumento da sua área da abrangência. “É por isso que vão precisar de mais espaço e vão ter aqui mais médicos na urgência”, adiantou.
“Há médicos, isentos e sérios, que me dizem que o hospital vai ficar melhor”, garantiu, sem nomear quem fez estas afirmações. “Não vale a pena ter valências que não se traduzem num serviço de qualidade. É preferível ter menos valências, mas boas e seguras”, disse.
Embora respeite a opinião de outros médicos que estão contra o que está a ser estudado para a reorganização hospitalar no Oeste, Fernando Costa acredita que será melhor assim. “Pode é não ser tão bom para alguns médicos, que podem ser prejudicados por terem que trabalhar em Torres Vedras e nas Caldas. Espero que isso não aconteça”, referiu ainda.
O edil caldense comentou que seria melhor que não se tivessem que tomar essas opções, mas para isso “era preciso que houvesse dinheiro”. Por isso, entende que “quem é razoável e sensato” deixa de ter argumentos para defender outras soluções.

Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt

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