“As mentalidades não mudam por decreto e falta uma cidadania activa europeia, apesar desta estar incluída nos tratados”, afirmou Isabel Baltazar, especialista em assuntos europeus e membro do Team Europa, num encontro que teve lugar a 9 de Maio, na sede da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório.
A sessão de informação foi promovida pelo Movimento Viver o Concelho, em colaboração com o Centro de Informação Europe Direct Oeste. “Esta sessão vem na sequência de uma campanha da Comissão Europeia para promover sessões de informação em escolas, universidades e outras instituições, sobre os valores europeus, os objectivos da União e as grandes apostas para o futuro”, explicou Isabel Baltazar. Pretendeu-se também “conquistar as pessoas para que vão votar a 25 de Maio nas eleições europeias”.
No entanto, esta terá sido das sessões menos participadas das que são habitualmente promovidas pelo Movimento Viver o Concelho.
Isabel Baltazar admitiu que é esperada uma abstenção superior até ao que é costume em todas as eleições, mesmo no caso das europeias que normalmente têm menos pessoas a votar. “Eu relaciono isso com um certo desencanto dos portugueses e de todos os europeus em relação à própria Europa”, disse.
OS RISCOS DOS NACIONALISMOS
A especialista entende que as pessoas culpam a Europa por muitos dos seus problemas. Segundo o Eurobarómetro, 87% dos europeus estão descontentes em relação à Europa. “Talvez por isso esteja a crescer o fenómeno dos nacionalismos, os quais no passado foram o motivo para as grandes guerras mundiais”, salientou.
Para Isabel Baltazar, “estamos numa encruzilhada, onde uns acham que há Europa a mais, por excesso de partilha de soberania dos Estados, e outros acham que há Europa a menos porque queriam constituir os Estados Unidos da Europa, que tenha mais força a nível mundial”.
No entanto, “os europeus de rua”, afirma, ou são antieuropeístas ou apáticos. “Os antieuropeístas revelam-se até nas filas dos supermercados porque não compram fruta de outros Estados europeus que não sejam Portugal”, referiu. A própria Isabel Baltazar foi às compras nas Caldas e ouviu várias pessoas a comentar que só queria comprar produtos nacionais.
Na sua opinião, estar com sentimentos nacionalistas quando fazemos parte de uma União Europeia, para sermos mais fortes face ao resto do mundo, é algo de perverso.
Por outro lado, não tem dúvidas que a actual crise económica também irá fazer aumentar a abstenção.
Mas também considera que a culpa é, em parte, da comunicação social que salienta mais os aspectos negativos da União Europeia “em detrimento de uma verdadeira informação sobre os valores e o projecto europeu, que está em causa para um futuro melhor de Portugal”.
É por isso que acha essencial uma educação para a cidadania europeia que demonstre todas as vantagens desta União, a começar pela herança de paz durante 64 anos.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt


































