“Eu quero transformar as Caldas”

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Hugo Oliveira quer as “ Caldas num nível diferente daquele em que está hoje”

Para o candidato da AD – Somos Caldas, Hugo Oliveira, nos últimos quatro anos as Caldas “mudou, na maior parte dos aspetos, para pior”. Elenca como prioridades a segurança, limpeza, espaços verdes e saúde e garante que se for eleito suspende “ de imediato” a taxa de saneamento para as fossas séticas

Em 2021 O PSD perdeu, por 1330 votos (6%), para o VM, depois de 36 anos no poder nas Caldas. Como pensa recuperar a Câmara?

Com transparência e com humildade. Ou seja, reconhecendo que as pessoas quiseram votar de forma diferente porque estavam cansadas do PSD e de uma governação de muitos anos.

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Apresentei, como é público, muita gente nova, independentes, ideias novas para corresponder àquilo que é a vontade das pessoas, com um projeto diferente para as Caldas.

O que mudou em quatro anos?

Mudou, na maior parte dos aspetos, para pior. Havia condições com uma vontade grande de mudar, mas vimos todos os dias que as coisas não correram bem. E, portanto, poderia mudar, sim, e por isso é que eu digo que era transformar. Caldas precisa dar um salto qualitativo e afirmar-se na região e no país e é isso que eu apresento.

Foi uma oportunidade perdida, mas as pessoas poderão avaliar exatamente isso.

As contas da autarquias estão também a ser criticadas pela AD. O que se propõem a fazer diferente?

É simples. A Câmara está a aumentar a despesa acima das suas possibilidades e isto cria dificuldades para o futuro. Preocupam-me as despesas correntes, que aumentam brutalmente com a aquisição de serviços, com o pessoal e a aquisição de serviços. Isto significa que vão ser, algumas delas, despesas permanentes. Outras, estamos a gastar demasiado em conta de ação de serviços.

E o investimento, mais baixo. Caldas é dos concelhos, ao contrário do que eu ouvia em reunião municipal – e tive a oportunidade de perguntar isto na OesteCIM- , que tem menos fundos comunitários. E para alavancar fundos comunitários temos que ter disponibilidade de investimento.

Essa disponibilidade financeira tem que existir e tem que permitir o desenvolvimento das Caldas. Gostava de ter projetos para o futuro, como alguns que ainda não foram acabados e estão aí na cidade, mas que foram deixados [pelo PSD]. E eu não os vejo, podem estar escondidos, mas não os vejo para o futuro. Não vejo projetos. E isto preocupa-me.

Também me preocupa que não haja disponibilidade financeira. Basta perguntar às associações ou às juntas senão têm verbas para receber? E se não recebem há muito tempo? Há coisas que estão para ser cabimentadas na Câmara e que não o são porque não há disponibilidade de verba. Isto são sinais claros que as contas estão a ir num caminho de ruptura e isso preocupa-me porque vou ser presidente de Câmara a seguir e vou ter que gerir uma câmara assim.

Significa ter de cortar gorduras, quando oiço falar na videovigilância, naquela proposta que vai custar 200 mil e que é totalmente insuficiente. Eu digo que vamos fazer mais e quatro anos de Foz Beats dá para fazer isso, são opções.

Nada me move contra o atual presidente da Câmara, pessoa que respeito muito, é muito simpática, um bom homem, mas é poucochinho para as Caldas, que merece mais.

Eu respeito ter uma visão diferente,  agora eu quero as Caldas num nível totalmente diferente daquele que está hoje.

Foi tornado público que se a AD ganhar a Câmara deixa de ser cobrada taxa de saneamento a quem tem fossa setica. Mantém essa posição?

Sim, mantém. Não tenho dúvidas sobre essa matéria, o que faremos é uma suspensão imediata. Na minha opinião é uma taxa injusta que é cobrada às pessoas e que tem que ser vista. E não aceito a questão ambiental, pois esta não se combate com o pagamento de taxas, mas com fiscalização. São coisas diferentes.

Falámos há pouco na segurança. Quais as prioridades da AD para o concelho?

A segurança, garantidamente. A limpeza urbana, que está uma miséria, as zonas verdes, a saúde. Para poder ter a visão e a cidade que quero para o futuro, ela tem de estar assente em coisas que são óbvias, como a segurança, a limpeza das zonas verdes, para atrair pessoas para viver, atrair empresas e atrair turistas.

Tudo isto funciona com âncoras próprias como a Praça da Fruta, o Parque… mas tem de estar numa cidade agradável para quem vive e para quem quer vir às Caldas.

– A agricultura também está entre as vossas bandeiras, inclusive trouxeram cá o ministro José Manuel Fernandes. O que se propõem a fazer, que não fizeram antes?

Mais que isso, eu propus que a Câmara passe a ter um pelouro da agricultura. As Caldas é conhecida como uma cidade de comércio e serviços … e a agricultura. Quem tem sustentado a economia das Caldas são essencialmente estes três pilares.

Temos de dar um apoio à área empresarial e à agricultura, que é da base do nosso concelho nas freguesias. Eu tenho que ter uma estrutura na Câmara que dê apoio aos agricultores e que perceba quais são os problemas. Eu não vejo as coisas isoladas, este setor depois alimenta a Praça da Fruta e o Mercado Abastecedor.

Também é por isso que a Feira dos Frutos é tão importante, não é só pelos espetáculos. É pela ligação ao setor e o que ficou combinado era fazer conferências e um congresso, de dois em dois anos, para discutir a inovação e as preocupações do setor.

Hugo Oliveira é também deputado na Assembleia da República e próximo do governo atualmente em funções. Pode garantir que vai haver um novo hospital no Oeste? E que este se irá localizar nas Caldas?

Garantias só o Governo nos pode dar, seria desonestidade dizer o contrário, mas eu quero lembrar que sempre defendi a localização do novo Hospital do Oeste nas Caldas.

A falta de habitação é um problema. Como o resolver nas Caldas?

É um problema grave. Há duas coisas que é preciso diferenciar, há habitação e a habitação social.  Neste último caso, temos o programa deapoio  Primeiro Direito, em que as Caldas fica muito aquém daquilo que é o projeto nacional. É preciso criar condições para as pessoas sobreviverem. E, por isso, o Primeiro Direito é tão importante. E depois falamos de habitação.O nosso projeto de reaabitação urbana morreu. Não há uma única monitorização e os prédios continuam abandonados. Até o projeto que deixámos para poder avançar, já com o Ministério, da criação de habitação jovem no edifício do antigo Lar das Enfermeiras nunca mais avançou.

É fundamental trazer jovens para poder povoar o centro da cidade. É preciso encontrar soluções para esta matéria em termos de reabitação de edifícios e perceber se temos que exigir mais junto do governo. Tem que haver uma política de habitação, que será apresentada a seu tempo.

A Linha do Oeste é um “problema crónico” do concelho. Além da eletrificação, que tarda, também é necessária uma maior rapidez no trajeto até Lisboa, com uma alteração do traçado. Está disponível para se bater por essa solução?

Sim, em duas dimensões. Uma a Norte, porque acho que há um princípio de solidariedade com os outros municípios, de garantir a ligação a Norte e ligar depois à alta velocidade. Por outro lado, a eletrificação, que acho que é insuficiente. Primeiro, acho que poderia ter-se retirado mais curvas e assim aumentar a velocidade, e em segundo lugar, a ligação à Gare do Oriente. Esta será uma outra fase, que ouvimos do ministro [das Infraestruturas], que não é já, mas tem que ser feita, para a linha ser competitiva.

Se isto não avançar antes de termos a Norte, até à Leiria, e se a Leiria vai ficar até 35 minutos de Lisboa, é mais rápido ir até Leiria e seguir. Vai ser mais caro também, mas é mais rápido também.

A linha do Oeste tem que ser uma aposta, tem que lutar por ela e não pode ser só de quatro em quatro anos. Isto faz parte de uma estratégia que tem que existir de mobilidade. Caldas da Rainha tem que ser o centro de mobilidade e daqui partir para o resto da região. Temos de, cada vez mais, afirmar-nos como a capital do Oeste.

O executivo VM apresentou um masterplan para o termalismo. Concorda com o projeto ou tem uma visão diferente?

Depende do ponto de vista que quisermos ver o que é um masterplan. Se repararmos durante estes quatro anos, são muitos os planos de intenção, de ação … bola. Houve estudos que eu vi que se dissessem, vou dizer, Matosinhos, Maia, ou Espinho, seria igual, porque os consultores fazem esses estudos. Eu tenho muitas dúvidas às vezes sobre isso. Não é que ponha em causa o trabalho deles, mas são coisas que estão habituados e que fazem até para fundos.

O Masterplan tem uma visão de quê? De urbanismo em primeiro lugar, e do termalismo, foi-se buscar tudo o que já havia escrito e juntaram. Há lá matérias com as quais concordo, outras não. Temos de discutir a questão da localização do novo balneário.

Acho que o Masterplan é um princípio, mas é pouco para aquilo que precisamos para as Caldas. Precisamos de ter uma ação e uma visão global das Caldas. Temos de colocar a nossa visão no território e discuti-la com as pessoas e esta tem de ter um fator de transformação pois estamos muito perto de Lisboa, do aeroporto, e queremos também atrair turismo. Por exemplo, temos a Praça da Fruta, que está a definhar. Quando se faz a reabilitação do tabuleiro houve um grande cuidado com as pedras e agora custa-me ver andarem de agulheta a lavarem-no, deixando buracos por todo o lado. Não há uma visão sobre o espaço que nós temos de cuidar e isto vê-se por toda a cidade.

O que eu quero é transformar as Caldas.

E os pavilhões do Parque? Concorda que se continue à espera do investimento por parte da Visabeira, que tem a concessão para construção de um hotel desde 2017?

Acho que a Câmara deve prorrogar o prazo de levantamento da licença. Havia muitas empresas interessadas e quando foi o concurso só concorreu uma. A empresa está, neste momento, a negociar com o governo a possibilidade  do Revive (que não estava regulamentado) para haver apoio para a construção do hotel.

Parece-me que devemos exigir, e encontrar condições com o governo, para poder garantir a obra. E devemos dar espaço à Visabeira para que se possam criar condições e a obra possa ser feita. Toda aquela zona vai ser transformada, e para melhor.

Na cultura, Caldas é Cidade Criativa da UNESCO há quatro anos. Esse potencial está a ser bem aproveitado?

Alguma coisa está a ser feita, mas muito aquém daquilo que as pessoas precisam. Somos uma cidade criativa da Unesco, temos infraestruturas, mas oiço da parte da sra vereadora dizer que não vai haver dinheiro para fazer nada de novo, que é só manutenção. Longe disso, voltemos à questão global da cidade, eu não concebo fazer eventos pequeninos que não atraem pessoas às Caldas.

Na cerâmica, nós temos que ter um evento que envolva a cidade toda, que as pessoas a sintam na rua. Se queremos afirmar-nos como essa cidade criativa, as pessoas têm de respirar essa criatividade.

A Mestra não cumpre essa função?

Não. Deu um salto, mas quantos ceramistas das Caldas foram excluídos? O que é preciso é que em cada esquina, quando houver um evento, eu tropece num ceramista…

Nós temos de olhar para a criatividade e perceber como é que teremos partido dela, e pensá-la interligada com a Inteligência Artificial, e com a ESAD.CR.

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