O candidato a Presidente da República, Edgar Silva, apoiado pelo PCP e pelo PEV, esteve nas Caldas no passado dia 27 de Dezembro, onde se inteirou do funcionamento da Associação Humanitária dos Bombeiros. Quis conhecer uma instituição que “presta um serviço público fundamental à população” e, depois de ouvir algumas críticas à falta de apoio estatal, garantiu que, caso seja eleito, será interventivo na defesa do serviço público e, neste caso, dos bombeiros.
O Presidente da República “não pode ser um cubinho de gelo”, tem que tomar partido porque a Constituição também o faz, nomeadamente no que diz respeito ao reconhecimento de direitos, disse Edgar Silva.
Edgar Silva escolheu visitar os Bombeiros das Caldas para tomar contacto directo com serviço que prestam ao nível da prestação de socorro. Um encontro com uma actualidade “redobrada” quando há pessoas a morrer porque o Estado não está a investir nas suas obrigações sociais, disse o candidato a Presidente da República, referindo-se às mortes ocorridas no Hospital de S. José.
Em altura de pré-campanha, Edgar Silva não poupou criticas à visita que o também candidato, Marcelo Rebelo de Sousa, fez àquele estabelecimento dias antes, apelidando-a de um “oportunismo vergonhoso e obsceno”. O candidato comunista acusou mesmo o seu opositor de “chorar lágrimas de crocodilo” ao pedir o apuramento de responsabilidades sobre a morte do jovem, depois de “tudo ter feito para legitimar as políticas de terrorismo social que estavam a ser impostas ao país”, quando foi comentador televisivo.
Edgar Silva criticou a “estranheza” do país onde o Estado corta nas suas obrigações nos hospitais, na prestação do socorro e transporte de cuidados de saúde, mas depois “abunda dinheiro para esbanjar nas instituições bancárias e servir grandes interesses financeiros”.
Recebido pela direcção da associação, o candidato quis saber como funcionam os bombeiros caldenses e se estes também se deparam com atrasos no recebimento das verbas por parte do Serviço Nacional de Saúde ou do Ministério da Saúde relativamente ao transporte de doentes e outros apoios na área da saúde.
A resposta pronta do presidente da associação humanitária, Abílio Camacho, foi de que estas, na sua maioria, têm que pagar ao Estado para prestar socorro. Por exemplo, ter o carro de socorro a trabalhar diariamente dá-lhes um “prejuízo” de cerca de 60 mil euros por ano pois pagam o combustível a preço de mercado e têm 10 homens a trabalhar com o INEM, 24 horas por dia.
Actualmente têm cerca de 200 mil euros de pagamentos em atraso, mas Abílio Camacho diz que a situação financeira deste corpo de bombeiros é estável.
Também o comandante Nelson Cruz considera que o Estado deve ter um papel mais forte nesta área, até porque cada vez há menos incentivos para se ser bombeiro. Considera que, por exemplo, “é urgente que se faça alguma coisa no sentido das empresas dispensarem os bombeiros voluntários para vir prestar socorro”, acrescentando que actualmente os patrões não são nada sensíveis aos pedidos dos seus funcionários para sair quando toca a sirene.
Face a estas dificuldades que atravessam a nível de recursos humanos, o comandante defendeu que o Estado introduza as equipas de intervenção permanente, de modo a conseguir garantir o socorro ao minuto durante a semana e em horário de trabalho. Também para resolver esta situação, a Câmara e a associação estão suportar uma equipa de cinco elementos, que se juntam aos 20 operacionais existentes e garantem a resposta ao minuto.
Nelson Cruz lamentou ainda o facto de terem um comando nacional próprio, estando sob o chapéu da Autoridade Nacional de Protecção Civil, que é alguém que “não tem a verdadeira doutrina do que é ser bombeiro”.
António Marques, vice-presidente da associação humanitária, foi mais longe e disse mesmo que nos últimos governos houve uma “acção atentatória” dos bombeiros voluntários em Portugal e que por pouco não chegaram à sua destruição total. Considera que não há incentivo ao voluntariado e dá como exemplo o facto dos soldados da Paz terem que pagar taxas moderadoras quando vão ao hospital.
Edgar Silva garantiu que se for eleito não irá hesitar quando se tratar de defender o bem público, em conformidade com o que a Constituição consagra.






























