Dirigentes caldenses não acompanham críticas internas a Rui Rio

0
910
Gazeta das Caldas
O PSD esteve representado ao mais alto nível nas Caldas da Rainha

Caldas da Rainha esteve, no passado dia 12 de Setembro, no epicentro da tempestade que se está a viver na cúpula do PSD. Rui Rio trouxe à cidade a reunião do Conselho Nacional e, com ela, algumas das suas vozes mais críticas a mostraram a sua discordância relativamente à sua actuação mesmo depois de, à entrada para a reunião, Rio ter ironizado que estava “cheiinho de medo”.
Horas antes, o presidente dos sociais-democratas participou na tomada de posse da nova concelhia caldense, que reelegeu Hugo Oliveira. À parte das críticas internas, todos os dirigentes caldenses mostraram o seu apoio ao líder e consideram que as vozes discordantes, apesar de ruidosas, são poucas.

Gazeta das Caldas
A nova Comissão Política Concelhia do PSD das Caldas da Rainha

Rui Rio veio às Caldas cumprir uma promessa feita aquando da campanha para as directas no partido. Faltavam poucos dias para as eleições internas e o candidato anulou a visita à última da hora para se preparar para o debate televisivo com o seu adversário, Pedro Santana Lopes, nessa noite. E foi uma promessa paga com juros, fez questão de dizer agora Rui Rio, pois trouxe às Caldas o Conselho Nacional e a Comissão Política Nacional do partido. “É uma taxa de juro justa porque as Caldas merecem”, disse o presidente do PSD durante a tomada de posse da nova concelhia.
Rui Rio pediu aos sociais-democratas um esforço pela dinamização do Conselho Estratégico Nacional, que pretende colocar militantes e independentes a fazer propostas sobre os temas que mais lhes interessam. Deu mesmo o exemplo do professores, “uma classe que não está a ser bem tratada e que, juntamente com os alunos, pode ter um espaço dentro do partido para tratar dos problemas da educação”, disse, defendendo uma militância diferente.
O presidente do PSD quer já começar a preparar as autárquicas para, em 2021, conseguir ganhar mais câmaras. Pediu, por isso, aos militantes para que, nas autarquias em que são oposição, comecem a trabalhar mais activamente no combate político e acompanhem a actividade da Câmara. Também está confiante relativamente às legislativas do próximo ano, que diz estar em condições de “disputar taco a taco com o PS”.
Rui Rio quer utilizar a estratégia correcta, nomeadamente com a denúncia de situações como a degradação dos serviços públicos e os problemas que atravessam a CP, a TAP e o Serviço Nacional de Saúde. “Só lhes resta o domínio da comunicação e do marketing porque do domínio estrutural ninguém consegue pôr bem estas situações”, disse em relação ao governo.
Mais do que as diferenças programáticas, o líder social-democrata quer incutir no eleitor a ideia de que o PSD tem capacidade de fazer melhor, que são mais sérios e mais competentes. Um dos exemplos que deu em que as ideias se devem sobrepor à política é o combate à especulação imobiliária, que o BE defende, tal como ele próprio, ainda que com propostas que possam ser diferentes.

- publicidade -

“ A política é para os maratonistas”

Fernando Costa, reeleito presidente da mesa do plenário da concelhia caldense, recordou que nas Caldas nunca o PSD perdeu eleições legislativas e manifestou a sua concordância com o líder, quando este defende que a crítica deve ser feita dentro do partido e que para fora devem mostrar lealdade. O ex-autarca caldense aconselhou ainda Rui Rio a não se precipitar pois a política é para “os maratonistas”.
Também o presidente da JSD caldense, Rodrigo Amaro, elogiou a coragem do presidente do partido ao querer antes “arrumar a casa” e depois então definir a sua estratégia política e testemunhou que a sociedade civil cada vez está mais desacreditada em relação aos partidos.
O jovem quer que o PSD seja uma alternativa em 2019 e deixou a garantia de que nas Caldas irão fazer uma “forte campanha” para eleger Rui Rio como futuro primeiro ministro de Portugal.
O presidente da distrital de Leiria, Rui Rocha, destacou o trabalho da concelhia caldense, liderada por Hugo Oliveira (também vice-presidente da distrital), que é a maior do distrito de Leiria e uma das maiores do país. O responsável lembrou que nas últimas eleições autárquicas conquistaram oito câmaras no distrito, o que faz de Leiria o segundo maior distrito com autarquias laranja a nível nacional.
Em Outubro a distrital do PSD de Leiria quer fazer uma iniciativa idêntica à que foi feita no Porto com o lançamento do Conselho Estratégico distrital e pediu o contributo de todos.
No seu discurso, o presidente da concelhia, Hugo Oliveira, disse que nos próximos dois anos querem crescer mais, pois só assim poderão “reforçar o processos de debate interno, que nos permitirá encontrar sempre as melhores equipas”. Quer mais militantes e mais participativos, reforçando processos de discussão interna em função do interesse especifico da própria discussão política, contando para isso com o Conselho de Opinião.
O próximo ano será um ano eleitoral, o que levará à necessidade do partido se mobilizar, “para ganhar, mas sobretudo para defender causas e projectos”, disse, acrescentando que, por outro lado, não se podem furtar ao debate de questões de interesse regional. Diz que não se pode mais tolerar os avanços e recuos da Linha do Oeste “sob pena de hipotecar seriamente o futuro da região”, nem aceitar que não se estude a opção da abertura ao tráfego comercial da base aérea de Monte Real. Também a saúde dos oestinos e o definhamento do Hospital das Caldas da Rainha irão merecer a atenção desta concelhia.

Conselho Nacional marcado por críticas

O terceiro Conselho Nacional do PSD, que durou cerca de quatro horas, ficou marcado pelas críticas, por parte de alguns conselheiros, ao modo de actuação que tem sido seguido pelo líder.
A acção concentrou-se no chamado “período antes da ordem do dia” com uma dezena de conselheiros a inscrever-se para falar, num debate que se estendeu desde perto das 22h00 até quase à meia-noite. O ex-líder parlamentar Hugo Soares, foi o autor da intervenção mais dura secundadas por outras vozes discordantes. As provocações não obtiveram respostas, com Rui Rio a elogiar até o facto das divergências terem sido levadas para aquela reunião, que é o lugar próprio, em vez de aparecerem nos jornais, como tem acontecido.
A política do PSD para a saúde, que era o tema principal previsto na ordem de trabalhos, foi abordado já tarde e com a sala meio vazia. O documento foi apresentado pelo coordenador, Luís Filipe Pereira, e não foi distribuído aos conselheiros.
Para o presidente da Câmara das Caldas, e um dos conselheiros nacionais, independentemente do posicionamento dos actores políticos, foi uma boa jornada que revelou a força que o PSD das Caldas tem. Tinta Ferreira reconhece que houve mais intervenções críticas do que favoráveis ao líder, mas acredita que isso não significa a posição da maioria dos conselheiros nacionais. “Na espuma houve divergência, na substância não houve”, disse à Gazeta das Caldas o presidente da Câmara, que acredita que a maioria não está contra o líder do PSD, mas que as minorias são mais ruidosas. “Estou convencido que se houvesse eleições agora e Rui Rio concorresse a presidente, ganhava outra vez”, opina.
Na sua intervenção, Tinta Ferreira pediu a colaboração do PSD nacional na luta pela melhoria do CHO, para não deixar resvalar o processo de desassoreamento da Lagoa de Óbidos e o de modernização da linha do Oeste. Tinta Ferreira chamou ainda a atenção para a importância de uma verdadeira descentralização de competências, com o acompanhamento adequado dos meios.
Também presente no Conselho Nacional, Hugo Oliveira, desvalorizou as vozes críticas que se ouviram em relação ao líder. Explica que o PSD é um partido de poder e que os seus militantes anseiam sempre pelos melhores resultados. “Quando temos sondagens que dão valores abaixo do esperado, o PSD entra em ebulição”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que Rui Rio está a ter um estilo novo e diferente, que é arriscado, pois “não estamos habituados a esta postura na política”.

 

- publicidade -