
Há quem considere que fez bem em demitir-se e quem não queira comentar por se tratar de uma questão interna do PSD, mas todos acham que o bombarralense Feliciano Barreiras Duarte não devia continuar como secretário-geral de Rui Rio depois da polémica em torno do currículo com falsidades. É assim que os representantes dos partidos, a nível local, reagem à saída de Feliciano Barreiras Duarte de um cargo na direcção do partido que nem chegou a aquecer.
Feliciano Barreiras Duarte apresentou a sua demissão do cargo de secretário-geral do PSD ao presidente do partido, Rui Rio, no passado dia 18 de Março. Um desfecho que já era previsível, resultado da polémica em que o deputado bombarralense se viu envolvido nas últimas semanas, nomeadamente com falsidades no seu currículo académico e eventual recebimento indevido de subsídio de deslocação.
Nas concelhias das Caldas e Óbidos, os responsáveis concordam com a demissão, mas consideram que tem havido uma autêntica caça ao homem, com a tentativa de denegrir a imagem do secretário-geral e a nova direcção dos sociais-democratas. Hugo Oliveira, presidente da concelhia caldense do PSD, entende que Feliciano Barreiras Duarte não tinha condições para continuar e que fez bem em apresentar a sua demissão. “Terá cometido um erro ao não retirar a informação do currículo, mas depois o que se viu foi uma perseguição à direcção do partido”, disse o também vereador, que entende que está a haver uma “caça às bruxas dentro do PSD”.
Hugo Oliveira destaca que um partido político é feito por “pessoas e, quando estas erram, politicamente tem um custo, mas isso não pode nem deve prejudicar o partido”.
Além de concordar com a decisão de demissão, por parte do deputado, o presidente da concelhia de Óbidos, Humberto Marques, diz não ter dúvidas de que se tratou de uma conspiração contra o bombarralense, com a tentativa de “trucidar a pessoa, esquecendo-se da sua dimensão humana”. O também presidente da Câmara (e apoiante de Pedro Santana Lopes à liderança do partido) lembra que Feliciano Barreiras Duarte “conseguiu mover grandes lutas e ganhar batalhas a favor do Oeste”, como foi o caso das portagens na A8 e a afirmação política do distrito de Leiria na sede nacional.
Fernando Costa, vereador na Câmara de Leiria (e adversário interno de Barreiras Duarte na eleição para candidato àquela autarquia), também considera que Feliciano Barreiras Duarte tomou a atitude correcta ao pedir a demissão, “para bem dele, do PSD e do distrito [de Leiria]”. Reconhece que pode haver quem esteja a tentar prejudicar a nova direcção social-democrata, mas destaca que as acusações partem de factos verdadeiros e que isso tem que ser tido em conta.
Por outro lado, Fernando Costa acredita que esta polémica não irá prejudicar a região. “O erro de uma pessoa não tem tanta importância”, remata.
Já o presidente da distrital do PSD de Lisboa Área Oeste, Duarte Pacheco, escusou-se a comentar o assunto.
A presidente da concelhia caldense do CDS-PP, Margarida Varela, também corrobora da opinião de que o secretário-geral do PSD fez bem em demitir-se do cargo. Considera que a “política deve de ser algo transparente e que os políticos, que são o rosto de uma sociedade, devem ser sinceros, justos e honestos. Quando as pessoas camuflam a verdade e deixam de ser transparentes envergonham a política”, disse.
Os responsáveis das concelhias caldenses do PCP e PS, Vítor Fernandes e José Ribeiro, respectivamente, não quiseram comentar a polémica por considerarem ser um assunto interno do PSD. A mesma posição tiveram as concelhias do BE das Caldas e do PS de Óbidos.
O que diz Barreiras Duarte
Em comunicado (que pode ler-se na íntegra na página de Divulgação Institucional), Barreiras Duarte defende-se das acusações e reconhece que terá sido “imprudente” ao manter durante tanto tempo a referência à sua situação de “visiting scholar” (investigador convidado) na Universidade de Berkeley, quando nunca lá esteve. Já no caso da morada da casa dos pais, no Bombarral, (quando mora em Lisboa) entregue no parlamento, para receber ajudas de custo, o deputado diz tratar-se da sua morada fiscal e que até foi prejudicado financeiramente.
Feliciano Barreiras Duarte diz ser vítima de um ataque à nova direcção do partido e espera que a sua demissão “faça cessar os ataques” e permita que Rui Rio e a sua equipa “consigam atingir os objectivos que justamente perseguem”, refere no comunicado onde dá conhecimento da sua demissão.
O político bombarralense esteve na ribalta na última semana devido ao alegado estatuto de investigador da universidade californiana de Berkeley, mas também pela fragilidade e fraco conteúdo académico da sua tese de mestrado, que foi escrutinada nas redes sociais, e que culminou com a revelação de que dera no Parlamento a morada da casa dos seus pais no Bombarral para poder receber mais despesas de deslocação quando, na verdade, residia em Lisboa. Uma situação idêntica à do início da sua carreira política quando, na qualidade de vereador, apresentava despesas de combustível na Câmara do Bombarral mesmo sem ter carro nem carta de condução, tal como foi recordado na última edição da Gazeta das Caldas.






























