Construção do Centro Escolar continua a ser o grande desafio para Alfeizerão

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Gazeta das Caldas

IMG_0064 copyEm Outubro de 2013 iniciou-se um novo ciclo na freguesia de Alfeizerão com a entrada de Leonel Ribeiro para a presidência da Junta de Freguesia. Na altura da campanha disse que aceitou este desafio a convite do presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, porque sentiu o apoio de grande parte da população. Assim, como candidato da lista do PSD, única que concorreu às eleições de 2013, passou a ocupar o lugar deixado por Natividade Marques.
Alfeizerão tem uma área de 27,99 Km2 distribuída por 26 lugares. Segundo os censos de 2011, conta com uma população residente de 3584 pessoas.

LEONEL RIBEIRO
48 ANOS
ELEITO PELO PSD
PRIMEIRO MANDATO
PROFISSÃO: EMPRESÁRIO AGRÍCOLA
ESTADO CIVIL:  CASADO, DOIS FILHOS

GAZETA DAS CALDAS – O PSD foi o único partido a concorrer à freguesia de Alfeizerão. Como se sente por não ter oposição?
LEONEL RIBEIRO – O facto de não ter oposição não limita o trabalho que temos pela frente. Só significa que a população acreditou em nós, por isso mesmo não a podemos desapontar.

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GC – Mas é dos poucos autarcas da região que foi eleito sem ter oposição. Sente-se sozinho, ou gostava de ter oposição? 
LR – Penso que seria saudável haver uma oposição. Contudo, dentro da própria Assembleia há elementos que pensam de maneira diferente, acabando assim por haver um debate e por conseguinte, pontos de vista diferentes, que enriquecem e ajudam o desempenho da minha missão.

GC – Preferiria ter ganho contra outras listas em vez de ser o único?
LR – Ainda não tive a experiência de concorrer com outras listas, mas a postura será sempre a mesma – uma vez que fui eleito, tentar resolver os problemas da população. Contudo nem sempre tudo depende da minha, nossa, boa vontade.

GC – Acha que há um défice de cidadania entre os alfeizerenses por ninguém mais se “chegar à frente” para gerir os destinos da freguesia? Ou isso significará que as pessoas já não acreditam nos partidos?
LR – O que se está a passar com os alfeizerenses em relação à Junta de Freguesia também se passa em relação às colectividades. As pessoas não querem ter preocupações e por vezes não se querem comprometer. É mais fácil criticar do que ser criticado.
Em relação aos partidos, as notícias com que todos os dias somos bombardeados pela comunicação social, nem sempre abonam em favor dos partidos políticos, mas como em tudo na vida, o que contam são as pessoas.

GC – No seu manifesto apontou vários objectivos a que se propôs alcançar. Conseguiu, entretanto, concretizar alguns?
LR – Temos trabalhado nesse sentido, mas tenho a consciência que os tempos não são fáceis. As dificuldades são muitas e é difícil de um momento para o outro resolvermos tantos problemas. Porém, já conseguimos reabilitar o mercado, restaurar a ponte na A8, recuperar algumas estradas rurais. Apoiamos as colectividades da freguesia e estamos a tratar do alargamento do cemitério do Valado Santa Quitéria, um problema que já se arrasta há bastantes anos. Esperamos que a Câmara nos ajude na resolução desta questão com a brevidade possível.

GC – E a obra do Centro Escolar? 
LR – Esta é outra situação que nos preocupa bastante. Já cedemos o terreno (antigo campo de futebol) à Câmara. Sabemos que o presidente quer avançar com este projecto, e para isso a Câmara já se candidatou aos fundos comunitários. Veremos quanto tempo vai demorar. Eu gostava que tal acontecesse neste meu primeiro mandato.

GC – Relativamente à obra a efectuar na rua do Relêgo, apesar das diligências feitas pelos moradores junto da Câmara de Alcobaça, nada foi feito. 
LR – O assunto não está esquecido. Ainda há dias tive oportunidade de contactar com o presidente a este propósito e soube que a intervenção não vai ser feita já. No entanto, fiquei com a ideia que a previsão é animadora. Tenho a promessa da autarquia que após os trabalhos a efectuar nas zonas balneares, a brigada da Câmara viria de seguida para Alfeizerão para iniciar a obra ou seja a colocação das lombas na rua do Relêgo.

GC – A postura do trânsito ainda vai demorar?
L.R. –  Julgo que não e espero ter notícias concretas a este respeito muito brevemente, porquanto esta questão está em análise e será imediatamente implementada para não perdermos mais tempo.

GC – A ciclovia entre Alfeizerão e S. Martinho é uma construção que tem vindo a ser adiada, ano após ano. A população não esquece a promessa que lhe foi feita. Qual a situação deste projecto?
LR – Da forma como estava concebida tornava-se bastante onerosa. Nesta circunstância a Câmara está a estudar outra alternativa.

GC – A casa da rua 25 de Abril doada à junta pelo Sr. Augusto Lopes por vontade da filha Fátima Lopes (falecida em 28-07-2014) vai ser recuperada?
LR – Posso dizer que a escritura foi feita e o projecto vai entrar na Câmara a todo o momento. Na próxima Assembleia de Freguesia penso apresentar à população o que está previsto fazer naquele espaço. Quero realçar que a obra, na sua maioria, será financiada pelo benemérito. Quero ainda referir que será uma obra para dar ocupação aos nossos jovens. Serão criadas oficinas para trabalhos manuais, uma biblioteca, sala para exposições com espaço de convívio. Terá três pisos: cave, rés-de-chão e primeiro andar. Será um futuro Centro Cultural, digamos assim.
“Não há certezas sobre o empreendimento chinês”

GC – Qual o ponto de situação do empreendimento chinês no valor de 32 milhões de euros?
LR – A Câmara de Alcobaça na Assembleia Municipal de 29 de Abril deu parecer favorável pelo que o projecto seguiu para o Ministério da Agricultura para aprovação. É o que posso adiantar.

GC – Acha mesmo que vai avançar na sua freguesia?
LR – Neste momento não há certezas, demos o nosso melhor  para que tal se realizasse, mas neste momento o progresso do empreendimento não depende da Junta de Freguesia.

GC – O facto de ser construído em RAN não o incomoda? Há pessoas que se sentem injustiçadas porque valorizam-se terrenos para uns e não para outros.
LR – Eu como pessoa ligada à agricultura, penso que não é pelo facto de se ocupar uma pequena parte do terreno, que já no novo PDM será considerado urbano, que se põem em causa a agricultura na nossa freguesia ou no nosso concelho. E sabemos que a sustentabilidade de uma freguesia não depende só do sector primário.
Quanto às pessoas que se dizem injustiçadas, têm de ter em consideração que na Assembleia Municipal, este pedido de utilidade pública para a construção do empreendimento foi aprovado por unanimidade.

GC – De vez em quando há pessoas de Alfeizerão que, zangados com alguma inoperância da Câmara de Alcobaça, defendem a integração da freguesia nas Caldas da Rainha. O que lhe parece isso?
LR – É natural que haja pessoas descontentes, mas isso é próprio da democracia. Todavia, a integração da freguesia de Alfeizerão no concelho das Caldas da Rainha, quanto a mim, não faz muito sentido, uma vez que estamos na periferia do concelho de Alcobaça e iríamos cair noutra situação idêntica. Julgo que temos é de estar atentos ao que de bom se faz no concelho das Caldas para podermos fazer pressão junto do nosso presidente, Paulo Inácio, para que possamos retirar algo de positivo.

GC – Como está a funcionar a pousada da Juventude? Foi privatizada?
LR – Sabe-se que está previsto a abertura de um concurso público para ser concessionada. Vamos aguardar para ver como as coisas vão evoluir.

“Já sabia desde o início que não agradaria a todos os fregueses”

GC – De quanto é o orçamento da freguesia?
LR – O orçamento da freguesia é poucos mais de 203 mil euros para 2015.

GC – Quais são as principais receitas?
LR – As receitas principais são a dotação da da Câmara (65 mil euros), as provenientes do cemitério (quase 54 mil euros euros), as rendas do Bairro Social (6 mil euros) e a tara das feiras mensais (3 mil euros).

GC – E as principais despesas?
LR – O pessoal é cerca de 44 mil euros, o executivo cerca de 9 mil euros, combustível 6 mil euros e as obras orçamentadas 35 mil euros. Água, luz e telefone chega quase aos 6 mil euros.

GC – Sobre o seu orçamento acha que o seu colega da Junta de Freguesia de S. Martinho tem mais sorte porque tem as receitas extras do parque de campismo?
LR – Isso nem se questiona! Claro que tem mais sorte. Mas o parque de campismo poderia estar em qualquer uma das freguesias do concelho. Está em S. Martinho e é uma mais valia para essa freguesia. Nós só temos de procurar outras fontes de receitas para benefício da freguesia de Alfeizerão.

GC – Acha que a transferência de competências para as juntas de freguesia são um presente envenenado?
LR – Sabemos que as verbas deviam de ser mais para a transferência de competências, mas temos consciência de que são distribuídas de igual forma por todas as freguesias e a nossa, bem como a da Cela e do Vimeiro, são beneficiadas pela Associação de Freguesias “Granjas da Maçã”, em que a Câmara Municipal de Alcobaça nos atribuiu equipamento.

GC – Quando assumiu este cargo pensava que isto iria dar tanto trabalho?
LR – Quando assumi o cargo sabia que não era fácil, mas sem trabalho nada se consegue. E aos poucos fui-me integrando dos problemas existentes na freguesia, e aos poucos tento colmatá-los, mas nem sempre é possível.

GC – Como faz para lidar com os fregueses insatisfeitos?
LR – Já sabia desde o início que não agradaria a todos os fregueses, mas sempre que possível tento junto com equipa e com as nossas limitações satisfazer os pedidos (o orçamento não é muito). Quando não o conseguimos, solicitamos junto da Câmara Municipal e umas vezes somos atendidos, outras não, como em tudo na vida!

T. Antunes

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