Concelhia e distrital do PSD mantêm confiança política em autarca de Óbidos

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Os três vereadores agora sem pelouros e o presidente da Câmara, com quem se incompatibilizaram

Em causa está a demissão em bloco dos vereadores do PSD, que dizem não ser ouvidos pelo presidente da Câmara. Filipe Daniel exonera funcionário, que vai recandidatar-se, agora como independente

Hugo Oliveira, presidente da distrital de Leiria do PSD, só teve conhecimento do que se passava em Óbidos depois dos vereadores sociais-democratas Margarida Reis, Telmo Felix e José Pereira, terem anunciado, na tarde de 29 de julho, que renunciavam às suas funções executivas incompatibilizados com o presidente da Câmara. No entanto, considera que essa é uma “situação de gestão da Câmara” e mantém toda a sua “solidariedade e apoio” a Filipe Daniel, pelo trabalho que tem feito e cuja recandidatura já foi aprovada nos diversos órgãos, desde a concelhia à nacional do PSD. “Filipe Daniel já tem o nome aprovado. Fará a sua equipa da forma que entende, com o nosso apoio”, disse o presidente da distrital à Gazeta das Caldas.

Na opinião de Hugo Oliveira este “episódio” não irá dividir os sociais democratas pois a “candidatura do PSD é a do Filipe Daniel e o eleitorado do PSD, se acredita e confia na candidatura do PSD, continuará a confiar no Filipe Daniel”.

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Também a concelhia obidense do PSD mantém a confiança no atual presidente de Câmara. A comissão política esteve reunida na passada segunda feira, tendo sido “unânime entre os presentes que ninguém se identifica com este comportamento, bem como o manifesto apoio ao presidente da Câmara”, referiu o presidente da concelhia, Nuno Gaio. De acordo com o dirigente político, e chefe de gabinete do presidente da Câmara, neste momento o foco de Filipe Daniel deve ser “manter a normalidade e garantir, aos cidadãos, às empresas e aos investidores, que a Câmara continua a dar a resposta que se espera e nos tempos adequados”.

Nuno Gaio recorda que a candidatura foi legitimada pelos militantes, que a votaram por unanimidade, garantindo que há uma “confiança cega naquilo que é o trabalho do candidato identificado e na escolha da sua equipa”, que foi apresentada na segunda-feira aos militantes, mas que ainda não é conhecida.

Na reunião não participaram Margarida Reis e Telmo Felix, ambos vogais desta comissão política de secção. Nuno Gaio afirma que a continuidade “dependerá dos próprios” e que na reunião não falaram em “afastar ninguém”. “Vamos, se assim for decidido e num espírito bastante democrático, pensar nisso, mas no futuro, não agora”, salientou.

Decisão não põe em causa funcionamento da Câmara
De recordar que os três vereadores do PSD decidiram “deixar de exercer funções executivas”, “com efeitos imediatos, abdicando dos pelouros que foram atribuídos” por não se reverem nas opções políticas. Consideram que “estas opções não priorizam as maiores necessidades da população do concelho de Óbidos como tivemos oportunidade de o transmitir por diversas vezes, sem que nunca tivéssemos sido ouvidos”. Os vereadores defendem também que as associações e entidades “merecem um tratamento institucional mais reconhecedor e valorizador do papel que desempenham na vida do concelho”. Em comunicado dizem que não acompanham a forma de liderança que o presidente da Câmara “tem ao longo dos tempos vindo a seguir e não aceitamos o seu afastamento e a falta de reconhecimento do mérito, esforço e resultados alcançados pelos vereadores do seu executivo”. Em resposta, Filipe Daniel diz que “do ponto de vista político, compreendo as ambições de cada um. Contudo, ao presidente da Câmara e líder local de um partido com os pergaminhos do PSD, a dança de lugares nas listas não pode sobrepor-se à necessidade de renovação da equipa e aos interesses dos munícipes, das empresas, das associações e dos clubes do concelho de Óbidos”. Numa reação publicada nas redes sociais, acrescenta que “o presidente da Câmara não pode, no momento de constituir uma lista para se recandidatar ao cargo, estar sujeito a pressões para que um ou outro ocupe este ou aquele lugar e muito menos intimidar-se pela ideia de que alguém poderá vir a apresentar uma candidatura independente”.

Filipe Daniel salienta que os vereadores “não se demitiram, continuando a exercer funções” e que  “em final de mandato, e estando já em período pré-eleitoral, esta decisão, que lamento, não põe em causa o normal funcionamento da Câmara Municipal de Óbidos que, felizmente, possui uma estrutura de dirigentes e colaboradores de alto nível e focados na execução das políticas que estão em curso”. Garante que a Câmara “continuará a executar os projetos estruturantes já em curso” e que “a seu tempo, e no exclusivo âmbito partidário, será anunciada a renovada equipa” com que se apresentará a eleições.
Gazeta das Caldas tentou contactar os vereadores, que agora como independentes irão apenas participar nas reuniões de câmara, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.

Autarca do Vau abandona PSD
Também na semana passada, Filipe Daniel exonerou Frederico Lopes do cargo de secretário do presidente da Câmara de Óbidos. Esta decisão vem na sequência da vontade do também presidente da Junta do Vau (eleito pelo PSD) se recandidatar aquela freguesia por uma lista independente. Em comunicado, Frederico Lopes refere que, nos últimos quatro anos, não se identificou com “aquilo que foram as prioridades definidas nem como a forma como o PSD, em particular o Sr. Presidente trataram a freguesia do Vau e os Vauenses.

Merecemos mais do que promessas! E ser do PSD estes 4 anos pareceu ser cadastro”.
Garante que a decisão “não resulta de qualquer conflito pessoal” e acredita que este gesto “possa abrir caminho para uma nova forma de olhar para o poder local e que, no futuro, os presidentes de câmara passem a olhar para as juntas como motores de desenvolvimento e lhes atribuam meios adequados”. Considera que as responsabilidades devem ser assumidas sem olhar a partidos políticos e conclui, dizendo que sentiu que “ter sido eleito pelo PSD prejudicou a minha terra durante quatro anos”.

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