Comunistas só concebem o futuro do Hospital Termal incluído no SNS

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Notícias das CaldasDefender a manutenção do Hospital Termal no Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo nele pleno aproveitamento através da gestão pública, controlo público dos aquíferos e acreditação científica, clínica e económica do uso da água mineral natural, continua a ser a pedra de toque para o PCP nas Caldas da Rainha.

Numa conferência de imprensa realizada no passado dia 24 de Maio, Vítor Fernandes, revelou a “firme oposição” às pretensões de alienação do património que, acredita, “vai criar espaço para uma posterior privatização, propósito aliás confessado pela tutela”. O deputado municipal defendeu a não adulteração do legado da rainha D. Leonor, que conta já com mais de cinco séculos, defendendo que aquele património só faz sentido como um todo.
Para o PCP devem ser optimizadas as potencialidades de Hidrologia Médica como base da actividade do Hospital, tendo em conta as características terapêuticas únicas da sua agua. “É uma riqueza que temos e que deve ser aproveitada”, defendeu Vítor Fernandes, dando conta dos seus benefícios ao nível da reumatologia, medicina física, reabilitação, assim como no tratamento de algumas doenças do foro respiratório.
“A possibilidade de uma gestão autonomizada do Hospital Termal não deveria ser enjeitada”, disse o dirigente comunista, que equaciona a separação dos hospitais como a solução mais indicada e a criação de uma instituição, com direcção própria, para gerir o património, num quadro de cooperação com o município.
Para os comunistas a parceria da Câmara das Caldas deve ser feita com o Ministério da Saúde, mas não “admitem” que a autarquia venha depois a entregar as termas para serem geridas por entidades privadas, “depois das obras feitas”. O responsável adverte que, caso a parceria não seja feita com a tutela, deixará de haver garantias para os utentes e tratamentos para as pessoas mais desfavorecidas.
Vítor Fernandes refere que há espaço para a iniciativa privada no que concerne à venda da água termal, que poderá ser aproveitada para tratamentos termais ou fins de turismo e lazer. “Para nós, é compatível um projecto de modernização termal aliando a continuidade do Hospital Termal na posse do Estado e o seu próprio desenvolvimento numa perspectiva de saúde pública com o surgimento de empresas privadas ou mistas, garantindo a tutela a cedência da água termal sobrante, paga por leitura de contador”, disse, dando o exemplo das termas francesas de Dax, onde a água é distribuída pela autarquia. As receitas obtidas poderiam contribuir, segundo este dirigente do PCP, para a manutenção e recuperação do património.

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Actividade termal “suscita impacto positivo na economia local”

Vítor Fernandes destacou ainda que é urgente resolver, definitivamente, o problema da contaminação bacteriana, que tem originado uma diminuição do número de utentes. Realça que a viabilidade económica e o reequilíbrio financeiro do Hospital Termal podem ser assegurados com uma frequência de cerca de cinco mil aquistas, um número que, recorda, era ultrapassado na década de 90. “Reconhece-se de igual modo o impacto positivo na economia local e no emprego que a plena actividade termal suscita”, disse.
O candidato à Câmara das Caldas pela CDU, José Carlos Faria, garante que fazem uma defesa do Termal, mas com propostas. “Não nos resignamos e não aceitamos que o Estado tenha que estar de fora como ponto de início da discussão”, disse, denunciando que  já existe uma “lógica condicionada” para que não se satisfaçam as condições do hospital.
José Carlos Faria considera mesmo que “estamos a viver um intolerável regime de chantagem”, em que o poder público tenta formatar as coisas ao dizer que não há outro caminho. O responsável questiona as escolhas e prioridades do governo, sobretudo na área da saúde, e considera que não há é vontade política para investir.
José Carlos Faria garante nada ter contra o investimento privado, mas este “será sempre supletivo e não poderá por em causa o papel estruturante que o Estado tem”, admitindo a complementaridade de funções.
José Carlos Faria considera o encerramento da reumatologia um “completo absurdo” e adianta que esta lógica de fechar os vários serviços tem por objectivo demonstrar a inviabilidade do Hospital que, sustenta, não é verdadeira. O candidato comunista denuncia o desinvestimento progressivo que se tem verificado por parte da tutela e os ataques aos profissionais que ali trabalham.
Este responsável vê com apreensão o futuro da cidade, que tinha três eixos vitais. “O comercio está ameaçado, a cerâmica foi praticamente aniquilada e agora o termalismo está a ser posto em causa, querem fazer da cidade das Caldas um dormitório?”, questiona.
Os dirigentes não pouparam criticas ao presidente da Câmara, Fernando Costa, por não ter sido mais reivindicativo e por não ter concretizado as suas promessas, especialmente no último mandato. Garantem “estar sempre disponíveis” para participar nas acções feitas em defesa do Hospital Termal e irão fazer as “iniciativas possíveis” na Assembleia da República e no Parlamento Europeu nesse âmbito. F.F.

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