Cinco candidatos debateram publicamente futuro de Peniche

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Os cinco candidatos debateram, durante mais de hora e meia, as suas propostas para o futuro do concelho

Debate promovido pela Gazeta das Caldas/102 FM Rádio no Centro Cívico Intergeracional de Peniche permitiu discussão sobre propostas eleitorais

Nestas eleições autárquicas em Peniche, há, à partida, uma garantia: a mudança de ciclo com a saída do presidente do executivo camarário, o independente Henrique Bertino, que optou por não concorrer a um terceiro mandato. Em consequência, o movimento de independentes por si formado também não renovou a intenção de apresentar candidaturas, pelo que, também sem o BE, concorrem a este ato eleitoral cinco forças políticas: PSD, PS, CDU, Chega e Livre. Se há quatro anos os votos dispersaram-se por sete candidaturas, das quais apenas quatro com eleitos no executivo, a incógnita desta vez é saber qual a consequência da saída da corrida eleitoral do Grupo de Cidadãos Eleitores por Peniche, que venceu a última eleição com 3.706 votos, apenas mais 460 votos que o PSD e 680 do PS (todos com dois eleitos cada), enquanto que o sétimo vereador foi para a CDU, com apenas 1.273 votos. Outra grande incógnita é se a subida notável do Chega nas eleições legislativas, que foi o partido mais votado no concelho com 4.390 votos, terá influência no resultado eleitoral, pois teve apenas 391 votos nas últimas autárquicas. Fruto de uma parceria Gazeta das Caldas com a 102 FM Rádio, foi com este cenário que decorreu na noite do passado dia 19, sexta-feira, no auditório do Centro Cívico Intergeracional de Peniche Professor Rogério Cação, o debate com todos os candidatos à Câmara Municipal: Filipe Sales (PSD), Ângelo Marques (PS), João Neves (CDU), Thiago Felgueiras (Chega) e Fernando Lino (Livre).

A candidatura social-democrata analisa que o concelho tem uma autoestima em baixo e propõe-se lutar contra isso. Segundo Filipe Sales, que concorre pela terceira vez a presidente de câmara, “pretendo inverter esta tendência e, no fundo, devolver o orgulho a todos os habitantes deste concelho, começando com os aspetos mais básicos, como a limpeza do concelho e com o asfaltamento que é uma prioridade”. Nesse sentido, propõe-se a investir no primeiro ano de mandato, a receita proveniente do Imposto Único de Circulação – cerca de 800 mil euros – na manutenção das estradas municipais. Fernando Lino (Livre), tal como há quatro anos, volta a apresentar-se à população, defendendo que é preciso “massa crítica” no concelho em relação à atividade camarária. “É por isso que as coisas estão como estão”, destacou, considerando que “os últimos oito anos foram caóticos”. Avançou a proposta de que, quem vencer, “forneça e entregue toda a informação municipal a todos os autarcas”, de forma a anular “uma certa perversão na gestão da autarquia, pois há um que tem as informações todas e os outros ficam a ouvir o que o presidente diz”. Para Thiago Felgueiras, que é também líder da concelhia do Chega, justificou o dever cívico para avançar “para não defraudar os eleitores que procuram uma verdadeira mudança”. “Esta é uma candidatura que reflete a indignação e frustração da população de Peniche dentro da atual conjuntura política”, acreditando que é “a única que devolve a esperança ao povo”. Em relação aos últimos 20 anos, analisa que “nada foi feito pelos meus opositores”, pelo que garante que é “a única alternativa viável de governação”. Diferente visão tem o candidato socialista Ângelo Marques, que se recandidata a presidente de câmara, estando convicto de que “com o meu percurso profissional com mais de 25 anos, com as diversas experiências que tive nos gabinetes governamentais, estou capacitado para trabalhar para um futuro próspero do concelho de Peniche”. A segunda razão é que reconhece com humildade, que “estou mais bem preparado agora, em 2025, do que estava em 2021”. Já João Neves (CDU) recordou que a coligação não gere a edilidade há oito anos e considera que “é justo realçar” que quando estava na gestão da câmara “pôs, de facto, Peniche no mapa e por boas razões, pelo que podemos dizer que a CDU contribuiu para o desenvolvimento da nossa terra”. Deu, como exemplo, a marca que se reveste a ida do Campeonato do Mundo de Surf para o aumento da notabilidade do concelho, tal como a instalação na cidade do Museu Nacional Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche. Em debate estiveram ainda temas como a saúde, turismo, desenvolvimento económico, cultura, ambiente, ordenamento do território com a revisão do Plano Diretor Municipal no centro das atenções, ou ainda a criação da Polícia Municipal que é um tema que não gera consensos entre as candidaturas. A governabilidade da autarquia, caso não se atinja maioria absoluta no executivo, tal como aconteceu neste mandato que foi marcado por uma grande turbulência política, foi outro aspeto do debate que teve casa cheia e foi transmitido em direto pela rádio e nas redes sociais.

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O diretor da Gazeta das Caldas abriu e fechou o debate nesta parceria inédita entre os dois órgãos de comunicação social no concelho de Peniche. José Luiz de Almeida Silva congratulou-se pela forma como decorreu na generalidade o confronto político, “que foi civilizado, cordato e que permitiu às pessoas entenderem as propostas dos candidatos”, desejando que “os próximos quatro anos sejam muito fortes na vida e desenvolvimento [do concelho] e no aumento da capacidade de viver melhor”.

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