Cerca de 500 militantes do PSD das Caldas apoiam candidatura de Tinta Ferreira

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O presidente da Comissão Política do PSD das Caldas, Fernando Costa, recebeu na noite de 28 de Janeiro um abaixo-assinado com cerca de 500 assinaturas de apoio à candidatura de Tinta Ferreira à presidência da Câmara.
Segundo Luís Ribeiro, um dos promotores deste abaixo-assinado, um grupo de militantes entendeu recolher assinaturas para demonstrar apoio à decisão da Comissão Política local de apresentar Tinta Ferreira como cabeça de lista nas próximas eleições autárquicas.
“Apoiamos esta candidatura pelas suas qualidades, pelo seu carácter, pela experiência que tem e pela serenidade que tem demonstrado ao longo dos anos”, referiu o presidente da Assembleia Municipal das Caldas.
Em dois dias conseguiram reunir 491 assinaturas de militantes activos (com quotas pagas) de todas as freguesias do concelho. “Houve ainda outros militantes que têm a sua situação suspensa e que queriam manifestar o seu apoio, mas esses não foram contabilizados”, referiu. O PSD das Caldas tem actualmente cerca de mil militantes com as quotas em dia, num total de 1300 pessoas.
Para Luís Ribeiro não faz sentido que se continue a falar em eleições para escolher um candidato porque este já foi escolhido pela Comissão Política local e pela distrital. Mesmo que tenham tido o cuidado de terem recolhido apenas assinaturas de militantes que poderiam, eventualmente, participar num acto eleitoral interno.

Candidato ainda não foi aprovado por Comissão Política nacional

Fernando Costa, que confessou a surpresa por terem conseguido quase 500 assinaturas em dois dias, revelou à Gazeta das Caldas que irá entregar estas assinaturas à Comissão Política nacional, entidade que na semana passada decidiu não ratificar a proposta da Distrital de Leiria para que Tinta Ferreira fosse escolhido como candidato nas Caldas. “A última palavra é sempre da Comissão Política Nacional em qualquer processo”, disse o presidente da Câmara.
De acordo com Fernando Costa, o nome de Tinta Ferreira não terá sido aceite porque no dia da reunião da comissão politica, a 22 de Janeiro, foi entregue um pedido de contestação à decisão da concelhia das Caldas. “Em meu entender, fizeram bem em não aprovar logo naquele dia porque havia uma reclamação”, afirmou. No entanto, está seguro que Tinta Ferreira será aprovado pelos órgãos nacionais.
Para Fernando Costa, não seria necessária a entrega deste documento de apoio a Tinta Ferreira porque a decisão já foi tomada pelas comissões local e distrital “mas é um acto democrático que faz parte da discussão interna e demonstra que o partido está activo”. Na sua opinião, é legítimo que exista uma discussão à volta de quem será o melhor candidato pelo PSD. No entanto, salienta que as 500 assinaturas são “elucidativas” porque demonstram que “a Comissão Política escolheu bem”.
Quanto ao plenário da concelhia, que foi requerido por 260 militantes, na sua maioria afectos a Hugo Oliveira, o presidente da Comissão Política Nacional refere que este é apenas “consultivo” e irá abordar também o programa eleitoral a apresentar pelo PSD. Resta agora que o presidente da mesa do plenário, Virgílio Leal (presidente da Junta de Alvorninha), marque essa reunião.
Fernando Costa assume que preferia que Maria Conceição Pereira fosse a candidata do PSD nas próximas eleições. Aliás, na votação realizada na reunião da Comissão Política do partido em que foi escolhido o candidato, a 14 de Janeiro, foi dele um dos dois únicos votos que a vereadora obteve. “Eu assumi logo que na primeira votação votei nela, da mesma maneira que assumi que na segunda votação (entre Tinta Ferreira e Hugo Oliveira) tinha votado no Dr. Tinta”, revelou ao nosso jornal.

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“Falta experiência e maturidade a Hugo Oliveira”

Questionado sobre se sentia traído por Hugo Oliveira, Fernando Costa negou qualquer conflito com o vereador. “O Dr. Hugo Oliveira tem a sua ambição de ser presidente da Câmara e tem direito a sê-lo, mas eu acho que é um bocado cedo”, comentou.
Embora o vereador, com 37 anos, seja mais velho do que Fernando Costa quando este foi eleito pela primeira vez, o edil caldense entende que a situação é diferente. “Quando fui eleito já era um homem maduro. Já sobrevivia sozinho. Comecei a trabalhar na Câmara com 18 anos. Antes de ser presidente fui advogado durante 10 anos”, contou.
“Felizmente que, hoje, os rapazes não têm de comer broa de milho e passar fome, como eu passei. Hoje ganha-se experiência mais tarde do que no meu tempo”, considera.
Embora reconheça competência a Hugo Oliveira, considera que “falta-lhe um bocado de experiência e de maturidade”. Até porque acha que o vereador tem sido mal influenciado “por certas pessoas”.
Aos jovens que apoiam Hugo Oliveira pede que “tenham calma para chegarem aos lugares a que têm direito”. Fernando Costa não esquece que nas últimas eleições para a JSD das Caldas houve alguns conflitos. “Havia alguns jovens que tinham muita pressa em conseguirem lugares na Câmara e eu rejeitei. Eu acho que só devem ir para a Câmara quando fazem falta e quando disputam os lugares com outros, em concurso público. É daí que vem esta confusão”, entende.
Em Agosto de 2011, quando Paulo Espírito Santo foi eleito presidente da JSD das Caldas, a 27 de Agosto, Fernando Costa dirigiu-se à sede do partido e acusou a lista vencedora de ter feito promessas de empregos e de apoios para ganharem votos.
Nessa noite, Fernando Costa revelou ainda que há algum tempo tinha sido pressionado para dar um emprego ao anterior presidente da secção da JSD, Paulo Ribeiro, depois de este ter terminado um estágio na Câmara. “Isto de ser Jota não dá direito a um emprego na Câmara”, disse agora Fernando Costa à Gazeta das Caldas.
O presidente da Câmara continua a não assumir qualquer conflito em relação a Hugo Oliveira quanto às obras de regeneração urbana, apesar dos atrasos e das constantes alterações impostas pelo edil caldense. “Todos os projectos precisam sempre de pequenas alterações. Há dias cheguei à avenida da Independência Nacional e, para salvar uma árvore, alterei a largura da rua”, contou.
O autarca lamenta não ter acompanhado com mais pormenor a elaboração dos projectos destas obras. “A equipa projectista demonstrou alguma debilidade porque eram muitos jovens, mas o projecto global é bom”, disse.

Novos militantes para o PSD das Caldas

Nos últimos meses o PSD das Caldas recebeu cerca de 150 propostas de pessoas que querem tornar-se militantes do partido. O que terá suscitado alguma preocupação a Fernando Costa. “O que é normal é que as fichas venham à comissão política para aprovar e depois seguem para Lisboa. Só que houve algumas fichas que foram directamente para Lisboa e isso é muito estranho”, comentou.
De acordo com o presidente do PSD das Caldas, a sede nacional terá enviado essas fichas para as Caldas “mas não chegaram cá, perderam-se pelo caminho”.
Entretanto, foi decidido, por unanimidade, que a admissão de militantes só seria feita depois de cada proponente se apresentar na sede. Aos 150 proponentes foi sugerido que se apresentassem na sede das Caldas “para confirmarem a sua vontade”. Destes 150 só cerca de 30 é que o fizeram, pessoalmente ou por telefone.
Segundo Luís Ribeiro, quando contactaram telefonicamente os militantes para subscreverem o abaixo-assinado de apoio a Tinta Ferreira, houve quem reparasse que vários militantes “partilhavam” o mesmo número na ficha de militante. “Parece que há por aí muita gente cujo telefone é o mesmo”, ironizou.
Para Fernando Costa essa situação é normal porque há militantes que, por vários motivos (serem estudantes, por exemplo), não têm residência fixa e no acto de inscrição usaram os mesmos dados. “Acho isso perfeitamente normal”, disse.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

Hugo Oliveira mantém vontade de ir a eleições internas

Depois de saber da existência do abaixo-assinado de apoio ao seu colega Tinta Ferreira, Hugo Oliveira manifestou a sua satisfação por esse acto por considerar que assim “haverá mais legitimidade e razões para que exista um plenário de militantes para efectuar a escolha do candidato”.
O candidato escreveu na passada segunda-feira, no seu perfil do facebook que “a democracia é para ser exercida na plenitude e por isso agradeço por se terem lembrado da recolha de assinaturas e assim espero que o plenário de escolha do candidato seja convocado, já não há lugar a desculpas para fazer o referido plenário”.
À Gazeta das Caldas o autarca disse ser normal que sejam recolhidas assinaturas de apoio a um candidato  “até porque isso legitima a minha intenção em que haja eleições internas”.
Confrontado com a posição de Fernando Costa, que não aceita que o plenário sirva para decidir o candidato, Hugo Oliveira comentou que “ele interpreta o estatutos da forma que quiser, mas não há nada que proíba que isso seja feito”.

“Tinha ficado decidido não falarmos mais para a imprensa”

Hugo Oliveira referiu ter achado estranho que a comunicação social tenha sido chamada para assistir à entrega do abaixo-assinado de apoio a Tinta Ferreira  “quando tinha sido decidido numa reunião do partido que não iríamos falar  mais para a imprensa” sobre este assunto.
A decisão foi tomada depois da Gazeta das Caldas ter manifestado intenção de fazer entrevistas aos dois candidatos a candidato. O vereador Tinta Ferreira, que tinha aceite a entrevista, desmarcou-a no próprio dia, dizendo não ser a altura própria.
“Depois dessa decisão, mantive-me em silêncio”, referiu Hugo Oliveira. Um silêncio que quebrou agora, para se regozijar com a vontade dos militantes de se pronunciarem a favor de um ou outro candidato.
“Eu apenas quero que sejam os militantes a escolher. Eu estou disponível para ser o candidato a presidente ou a fazer parte de uma equipa, mas quero que sejam os militantes a escolher”, disse.
Quanto às referências à sua maturidade por parte de Fernando Costa, Hugo Oliveira referiu apenas que “cada um tem os seus padrões da maturidade das pessoas”.
Mais contundente foi Paulo Ribeiro, ex-presidente da JSD das Caldas, que também comentou este abaixo-assinado no seu perfil do facebook. “Andam pelo ar das Caldas métodos pidescos e anti-democráticos”, escreveu, denunciando que tem havido pressões em todo este processo.

Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt

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