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“Não aceitamos, seja com que pretexto for, a alienação por 30 anos de um bem essencial à vida, para nós de valor incalculável”. É assim que a CDU da Nazaré reage à aprovação em reunião de executivo camarário da abertura de um concurso público internacional para concessão da exploração e gestão da distribuição de água e saneamento locais.
O executivo defende que esta é “considerada a solução mais vantajosa para munícipes e municípios”. Mas a coligação não concorda e diz que “com a privatização da água perdem as populações e perdem os trabalhadores”.
O comunicado refere também que “a privatização transforma sempre o serviço público em negócio” e que nos concelhos onde este serviço foi entregue a privados “os custos para os consumidores domésticos do serviço de abastecimento de água são 30% mais caros quando comparados com os preços de outras entidades gestoras, como sejam as integradas nos erviços municipais”. Um argumento que vem contestar a proposta feita pelo presidente da autarquia, Jorge Barroso, onde se lê que com a concessão os preços serão mais baixos “em cerca de 40% a 45%”.
A CDU diz ainda que “nunca a população da Nazaré foi ouvida sobre esta acção do executivo municipal”, salientando que a intenção de entregar o serviço de abastecimento de água a privados não foi apresentado por ninguém durante a campanha para as autárquicas de 2009. E no actual contexto económico o aumento da factura da água seria “mais um agravamento da pobreza”.
Acusando a liderança da autarquia de querer levar a cabo um negócio “feio a partir de gabinetes de empresas, pagas a preço de ouro”, a CDU aponta ainda que a autarquia nazarena “também à conta de tantos projectos, grande parte deles inconsequentes, e de pareceres, que em grande parte serviram apenas para salvar a pele de alguns eleitos, endividou a nossa terra e o nosso futuro”. Um problema que não será resolvido com a concessão em causa, contra a qual promete “continuar a lutar, seja contra quem for” por entender que a água “não pode ser um negócio a favor de alguns, poucos, contra os muitos cidadãos restantes”.
A abertura do concurso, que tanta contestação tem levantado na Nazaré, é hoje, 28 de Setembro, discutida em Assembleia Municipal, numa sessão marcada para as 20h30 no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt
