O deputado na Assembleia da República, João Soares, e o coronel Rocha Neves, foram os convidados do jantar comemorativo do 39º aniversário do 25 de Abril, organizado pelo PS caldense.
O evento foi também aproveitado para fazer a apresentação pública de Catarina Paramos e Maria Antónia Nogueira às juntas de freguesia urbanas.
Rui Correia, candidato à Câmara, apresentou os quatro eixos prioritários para o futuro do concelho, assentes na economia social e real, criatividade e termalismo.
As ligações afectivas às Caldas foram razão suficiente para João Soares optar por aceitar este, entre muitos outros convites, para estar no dia 25 de Abril.
O político socialista recordou a colónia de férias que o seu avô criou na zona, as suas idas à Praça da Fruta com a mãe e a grande amizade que a sua família possui com os Maldonado Freitas. João Soares destacou ainda que as Caldas são um símbolo percursor do 25 de Abril, lembrando o 16 de Março como episódio histórico que acelerou a revolução dos cravos.
“Há aqui um acervo muito interessante que nunca foi valorizado porque, infelizmente, o PS nunca teve a Câmara das Caldas”, disse, acrescentando que no futuro isso possa mudar pois a liderar a lista socialista às próximas autárquicas está um “autarca experimentado e professor de História”, prosseguiu, referindo-se a Rui Correia.
João Soares disse ainda que as Caldas foram “adulteradas” do ponto de vista urbanístico e que precisam do PS para um desenvolvimento sustentado.
Também convidado a estar presente para festejar o 25 de Abril, o coronel Rocha Neves considera que a “Democracia não está em causa, mas está a passar por dificuldades”, pelo que, nos vários locais onde tem sido convidado para intervir, tenta levar uma palavra libertadora aos jovens.
O coronel, que participou no 16 de Março de 1974, disse que não se envergonha de nada do que fez e que este foi um movimento percursor da revolução que viria a derrubar o Estado Novo.
Este jantar serviu também para apresentar uma nova militante, Sofia Gomes, de 23 anos, que acredita que pode fazer a diferença, numa altura em que se vive uma “descrença” coronelizada na politica, e também no país. A jovem disse ainda que o PS está disposto a acabar com uma certa “dormência” que existe nas Caldas.
O poder das ideias em vez da política do betão
A presidente da concelhia caldense do PS, Catarina Paramos, é a candidata à nova junta de freguesia que agrega as freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório. No seu discurso, a jovem caldense não falou em união de freguesias porque não a aceita, defendendo a sua autonomia.
A candidata, que considera que é na primeira linha que se ganha a experiência, defendeu um modelo que deverá ser participado pelas pessoas e assentar numa dimensão humana das políticas para a cidade. “Queremos reconstruir e valorizar o espírito de rua e de bairro, estimular o “sentimento de pertença” entre os cidadãos e o seu bairro ou o seu lugar, entre os fregueses e as suas freguesias”, disse, pedindo a mobilização dos habitantes.
De acordo com Catarina Paramos, mais do que boas ideias, é precisa criatividade e inter-ajuda para ultrapassar as dificuldades actuais.
“Ao longo dos últimos 27 anos a cidade continuou a espreguiçar-se pelo betão e pela gestão ardilosa dos gestos improvisados ao sabor do vento, encontrando-se neste momento vazia de um modelo de desenvolvimento e de crescimento sustentável”, disse, defendendo o poder das ideias.
Catarina Paramos deixou a garantia que não está disponível para mobilizar recursos financeiros municipais para obras ostentatórias ou de fachada e que, em vez disso, valoriza a fixação das pessoas na cidade através do investimento na diversificação da oferta, reabilitação do edificado e no papel regulador do município.
A candidata deixou desde já a proposta de um orçamento participativo ao nível da Junta de Freguesia, a criação de um programa de afectação de jovens voluntários para actividades intergeracionais, o apoio a associações de moradores e a criação de fóruns de bairro. Na lista de promessas consta ainda o aconselhamento jurídico gratuito à população e resolução dos problemas de higiene, pintura e limpeza da cidade, assim como o reforço da vigilância policial nas ruas das freguesias.
A concorrer pela segunda vez às eleições autárquicas está Maria Antónia Nogueira, desta feita à União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro. A candidata, que acredita numa boa votação para os socialistas nas próximas autárquicas, falou ainda de alguns dos problemas que aquela freguesia está a atravessar. “Os números mostram que aumentou o desemprego, que a população encontra-se na miséria”, disse, consciente de que terão muito trabalho pela frente para tentar inverter estas situações.
O candidato à Câmara, Rui Correia, falou em quatro linhas mestras que vê como indispensáveis para o futuro desta comunidade e que alinham numa estratégia que privilegia a criação de emprego.
A economia social surge em primeiro lugar. O candidato considera essencial ampliar a rede social de apoio aos mais carenciados e expandir as suas capacidades e recursos financeiros. Referindo-se, por exemplo, ao fundo de emergência social criado neste concelho, destacou que este utiliza pouco mais de 30% de 150 mil euros que lhe estão afectados.
Rui Correia defendeu a criação de uma rede municipal de creches e o apoio às actividades de complemento educativo em período pós escolar nos próximos orçamentos municipais, pois são “elementos de fixação dos casais jovens no concelho”. Nesta área, o autarca destacou o trabalho voluntário de Joaquim Sá junto dos mais necessitados.
Referindo-se à economia real, revelou que o estímulo à iniciativa dos cidadãos é “simplesmente deplorável”, destacando que nunca houve um plano para a criação de estruturas de fixação de empresas. “A maioria das cebolas que se vende na Feira Nacional de Cebola de Rio Maior é de pessoas de Alvorninha”, disse, pedindo a certificação destes produtos e a sua dinamização empresarial cooperativa.
Outra das apostas deste município deve ser ao nível da criatividade, com o candidato a defender que se acabe com uma política cultural de eventos para se construir uma dinâmica de produção de emprego no domínio da criação cultural. Rui Correia destacou o trabalho de Nicola Henriques e do seu projecto Silos.CR.
“Esta cidade não tem futuro sustentável sem um termalismo pujante”, referiu ainda o responsável, acrescentando que não o assusta a provável transmissão do património termal para as mãos do município.
Destes quatro eixos sairão medidas que os socialistas apresentarão no primeiro programa participativo realizado no concelho. Estão agora a recolher opiniões, sugestões e criticas que quatro grupos de militantes e independentes irão sistematizar. F.F.






























