A poluição no concelho esteve em destaque na visita que os candidatos à Câmara e Assembleia Municipal das Caldas pela CDU fizeram no passado dia 14 de Junho. Acompanhados por Sónia Colaço, do partido ecologista Os Verdes, os comunistas ouviram as explicações dos representantes da Comissão Cívica de Protecção das Linhas de Água e Ambiente de modo a puderem preparar o seu programa eleitoral.
José Carlos Faria, candidato à Câmara, deu também nota do subaproveitamento da Lagoa de Óbidos e defendeu a sua classificação como Área Protegida de Âmbito Regional.
A ribeira existente nas Águas Santas, que transporta as águas da cidade até ao Rio da Cal, foi o primeiro ponto de paragem da visita, na tarde de sexta-feira, 14 de Junho. O cheiro nauseabundo deixa antever o que António Peralta faz questão de explicar aos candidatos comunistas nas próximas autárquicas: “este é o rio que leva os esgotos das Caldas até à Lagoa de Óbidos porque a ETAR que existe não tem capacidade nem para tratar de metade”.
António Peralta recordou que há 35 anos um senhor explicou-lhe que o “cano existente já não suportava todos os esgotos e, agora, com o crescimento que as Caldas teve ainda menos capacidade tem”, disse, acrescentando que parte destes efluentes “passam por um bypass” feito junto à ETAR e rumo à Lagoa de Óbidos sem receber tratamento.
O elemento da comissão cívica, que mora nas Aguas Santas, explicou ainda que teve de mandar fazer recentemente uma vala para desaguar as águas residuais que vêm da cidade, evitando assim que elas se infiltrem nos seus campos e junto à sua casa.
Para António Peralta, a separação das águas pluviais dos esgotos já devia ter sido feita há muito tempo, assim como uma conduta adequada que permitisse a vinda dos detritos da cidade até à ETAR das Águas Santas.
Vítor Dinis, da mesma comissão, lembrou que a ETAR, que em 1999 estava parada à espera de reparação, só voltou a funcionar devido à pressão que fizeram na autarquia.
O responsável contou que a comissão não permitiu que fossem manilhar (canalizar com manilhas) os rios e linhas de água para fazer o transporte dos esgotos da cidade até à ETAR, mas entende que essa canalização deve ser feita e passar por outros locais que não afectem os recursos hídricos.
Por outro lado, Vítor Dinis considera que é necessário aumentar a estação de tratamento, de modo a que consiga absorver a totalidade do saneamento.
Mas nem tudo está mal e Vítor Dinis reconhece que é positivo a ETAR estar em funcionamento e o facto de ter sido ampliada, permitindo o tratamento terciário, e a concretização do exutor submarino que leva os dejectos tratados para alto mar.
A visita continuou pelo Braço da Barrosa, onde Vítor Fernandes (CDU) considera que está o grande problema da Lagoa ao nível da poluição.
O actual deputado municipal considera que se tem falado muito sobre a Lagoa, nomeadamente na questão da deslocação da aberta, pois havia o perigo de colocar em risco a época balnear. No entanto, “nunca se deu tanta importância à parte da poluição”, realça, destacando que as pessoas não se apercebem da gravidade da situação.
Vítor Fernandes lembrou uma visita anterior à Lagoa de Óbidos, acompanhado por uma técnica da associação PATO, onde tomou contacto com a riqueza da sua fauna e flora e a necessidade de preservação.
O candidato à Câmara das Caldas pela CDU, José Carlos Faria, corrobora da opinião de que a Lagoa está subaproveitada, defendendo a sua potenciação ao nível da diversidade de recursos. Defendeu também a sua classificação como Área Protegida de Âmbito Regional, garantindo assim uma maior protecção do ecossistema.
“Até Bordalo Pinheiro usava motivos da Lagoa na sua cerâmica e havia lagostas nessa altura. Hoje já não há lagostas e a continuar assim qualquer dia já não há nada”, concluiu.
Também Sónia Colaço, dirigente dos “Verdes”, se referiu à degradação que a Lagoa tem sofrido, consequência da falta de soluções a nível ambiental. “Estamos a falar de uma zona que é visitada por muita gente”, disse, acrescentando que a sua preservação é muito importante e necessária do ponto de vista ambiental, mas também económico e social, pois permitiria a existência de outro tipo de turismo, como a observação de aves, e uma maior riqueza a nível piscícola.
Sónia Colaço deixou ainda a garantia de que “Os Verdes” estarão disponíveis para ajudar, no que for possível, a defesa das linhas de água e a Lagoa de Óbidos na Assembleia da República.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























