O BE realizou no dia 27 de Julho uma sardinhada junto à lagoa de Óbidos. O evento, que começou em 2011 por ser um grito pela salvaguarda da lagoa, juntou cerca de 80 pessoas, entre eles os candidatos às próximas autárquicas e o coordenador nacional do BE, João Semedo, que pediu uma maior atenção das autarquias no combate à pobreza, miséria e exclusão social, que está a aumentar no país.
As bandeiras penduradas no parque de merendas junto à Escola de Vela e a música de intervenção anunciavam o local da sardinhada do BE. E se as sardinhas saciaram a fome dos participantes, as palavras de censura à política de austeridade do governo e da necessidade de defesa do serviço público e direitos dos trabalhadores, arrancaram aplausos e gritos de ordem.
O coordenador nacional do BE, João Semedo, marcou este ano presença, pela primeira vez no encontro, e defendeu que o poder local tem que dar uma resposta mais eficaz os problemas de miséria, pobreza e exclusão social, que estão a crescer no país. O Bloco propõe uma mudança assente na “força necessária para responder aos dramas sociais que hoje se vivem no seio das freguesias e dos municípios”, disse o responsável.
João Semedo acredita que poderão alcançar bons resultados nas próximas eleições se conseguirem consciencializar os portugueses que com o seu voto têm a oportunidade de “castigar e punir a política de austeridade” dos partidos que actualmente governam.
O dirigente bloquista falou ainda da tomada de posse dos novos ministros, dando nota que esta foi a 18ª mudança no governo da coligação. “Este governo foi remodelado ontem [sexta-feira] e já estão debaixo de fogo dois ministros”, disse, referindo-se aos titulares das pastas dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, pedindo a demissão desta.
João Semedo acredita numa outra política “que liberte o país da austeridade e que relance a economia”, defendendo a renegociação da dívida.
O candidato do BE à Assembleia Municipal caldense, Lino Romão, destacou que pretendem reforçar a defesa das posições já apresentadas no último mandato naquele órgão. Entre elas estão a salvaguarda da Lagoa de Óbidos, a qualidade de uma vida melhor na cidade, “com um parque habitacional que é excessivo, mas que não tem habitação social”, e a criação de políticas sociais. Querem também continuar a defender a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, a salvaguarda dos hospitais.
Lino Romão lembrou ainda que no último mandato apresentaram uma proposta para que a Câmara pague os livros escolares de todas as famílias com crianças no ensino publico, revelando que esta medida social custará ao município cerca de 400 mil euros.
O candidato à Câmara, Carlos Carujo, invocou a imagem da grande porca, de Bordalo Pinheiro, para se referir à política dominante, “dos interesses, do mediatismo, do carreirismo”.
O responsável disse que é preciso ter coragem de denunciar os “aproveitamentos pessoais e os compadrios que estão presentes na política local e nacional” e dizer que quem utiliza a política como “uma porca” são as elites locais, os “donos” de Portugal e os mercados.
Carlos Carujo deixou ainda algumas críticas ao que considera ser “política fácil”, nomeadamente o encher a “cidade de construção e os bolsos de alguns construtores e proprietários”, ou prometer grandes projectos para a lagoa de Óbidos e não ser consequente na sua defesa.
Política fácil é também, segundo o candidato, defender o Hospital e depois votar o orçamento que sabota o SNS, e dizer uma coisa localmente e votar o contrário na Assembleia da República, referindo-se aos deputados Maria da Conceição Pereira (PSD) e Manuel Isaac (CDS-PP).
O candidato assumiu que querem uma outra forma de fazer política, organizando-se a partir de baixo, assente no desenvolvimento sustentável, na democracia participativa e no cruzamento da política local e nacional.
“Se a política local consiste muitas vezes na transferência de rendimentos para as elites locais sob diversas formas, uma política de esquerda é a que procura alterar esta estrutura procurando uma política mais igualitária e de justiça social”, disse, deixando um convite à repolitização da política local.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt
Petição sobre a lagoa chega em Setembro à Assembleia da República
A petição “pela salvaguarda da Lagoa de Óbidos” já conta com 4300 assinaturas e será entregue à presidente da Assembleia da República em Setembro.
O documento, promovido por um grupo de 49 cidadãos, defende uma dragagem permanente a começar na zona de confluência dos rios, seguindo pelos braços da lagoa até à jusante.
João Penedos, um dos promotores da petição, criticou a falta de apoio aos pescadores e mariscadores por parte das entidades locais. “As juntas preferem organizar campanhas de limpeza de lixo junto às margens seguidas de petiscos, com o contribuinte a pagar”, disse.
Também a ministra Assunção Cristas foi alvo das criticas de João Penedos, que considera que a Lagoa teve, recentemente, “a pior dragagem de sempre, com consequências desastrosas para os pescadores, comerciantes e todos os utentes da Lagoa”.
O elemento do BE destacou ainda a visita ao local de dirigentes nacionais como Francisco Louçã, e especialistas do bloco, para alertar a opinião pública para a “iminente catástrofe ambiental que paira sobre a Lagoa e o caminho que leva para o pantanal”.
F.F.































