Presença feminina nas listas às Assembleias Municipais confirma falta de paridade

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Há poucas mulheres a encabeçar listas autárquicas nos concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos nas próximas eleições. Para as Assembleias Municipais, apenas Sofia Cardoso (Caldas Mais Rainha) e Sílvia Correia (CDU em Óbidos) são cabeças de lista

Nas últimas décadas, os partidos políticos têm reforçado a necessidade de integrar mulheres nas listas de candidatos aos vários atos eleitorais, mas conferir um papel de liderança nas candidaturas é, ainda, uma tarefa maioritariamente assumida pelos homens. Nas eleições autárquicas do próximo dia 26, a paridade continuará a ser uma miragem. Pelo menos na região.
Olhando para o quadro de candidaturas apresentadas nos concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos, o cenário é, aliás, pouco animador para o papel da mulher na política.
No que diz respeito às listas para a Câmara, apenas Patrícia Silva, a candidata “surpresa” do CDS-PP à Câmara de Óbidos, destoa num mundo quase totalmente masculino.
Mas se atentarmos às listas para a Assembleia Municipal destes dois concelhos a situação quase não muda de figura.
Nas Caldas da Rainha, apenas a coligação Caldas Mais Rainha vai a votos para a Assembleia Municipal com uma mulher. Trata-se de Sofia Cardoso, que disputará o eleitorado com José Lalanda Ribeiro (PSD), que se recandidata a mais um mandato, mas também com o vereador Jaime Neto, que avança pelo PS, o “repetente” Vítor Fernandes e os estreantes nestas andanças Francisco Matos (BE), José António Oliveira (Chega) e António Curado (Vamos Mudar).
Em Óbidos, o cenário é em tudo semelhante. Sílvia Correia, cabeça de lista pela CDU, é a única mulher a liderar uma candidatura à Assembleia Municipal. Enfrenta Fernando Silva (PSD), que se recandidata a mais um mandato. E também é oponente de Pedro Freitas (PS) e José Manuel Marques (Chega), além de Carlos Pinto Machado (O Nosso Partido é Óbidos), que também é o cabeça de lista da coligação apoiada pelo MPT e pelo PDR à Câmara…
Também nas freguesias a escolha de cabeças de lista no feminino tem ficado bastanteaquém do esperado.
No concelho das Caldas da Rainha, onde Alice Gesteiro (PSD) se recandidata no Nadadouro, há quatro freguesias só com homens como candidatos: União de Freguesias da Tornada e Salir de Matos, Landal, A-dos-Francos e Alvorninha.
E só em três freguesias há mais do que uma mulher como 1ª candidata: na Foz do Arelho, com Natércia Correia (PSD) e Ina Vasques (Vamos Mudar); em Salir de Matos, com Ester Santos (Caldas Mais Rainha) e Ana Paula Abreu (CDU); e na União de Freguesias de Caldas – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, que exibe as candidaturas de Maria da Conceição Pereira (PSD) e Mafalda Pedreira (BE).
Há, ainda, mais quatro mulheres que se candidatam como cabeças de lista emf reguesias do concelho: Virgínia Freire em Santa Catarina (CDU), Anunciação Ferreira (PS) nos Vidais, Sónia Casimiro (PSD), na União de Freguesias de Caldas – Santo Onofre e Serra do Bouro, e Susete Constantino (PS), no Carvalhal Benfeito.
Feitas as contas, em 56 listas validadas para Juntas de Freguesia no concelho das Caldas da Rainha apenas 19,6% são lideradas por mulheres.
Em Óbidos, as contas são semelhantes. Há apenas 5 candidaturas com liderança no feminino, mas numa das freguesias o domínio das mulheres é absoluto: falamos da Usseira, onde a presidente da Junta, Dionísia Félix (Movimento Pela Usseira (MPU) enfrenta a estreante Susana Sousa (Chega).
De resto, o PSD escolheu mulheres para candidatar na Amoreira, com Elisabete Rocha, e no Olho Marinho, por intermédio de Sandrina Patriarca. Já o Chega, optou por Adélia Araújo para a corrida à Junta de Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa.
Em termos percentuais, Óbidos apresenta um valor ligeiramente superior às Caldas no que diz respeito a candidaturas protagonizadas por mulheres (21,7%), ainda assim evidenciando uma disparidade evidente relativamente aos homens.

Reforço das Assembleias
Como complemento ao “Guia do Eleitor” publicado na semana passada, a Gazeta dá esta semana conta de todas as candidaturas às Assembleias Municipais das Caldas da Rainha e de Óbidos, mantendo o critério adotado relativamente à apresentação das listas, em função dos últimos resultados eleitorais.
Enquanto órgãos fiscalizadores da atividade municipal, as Assembleias Municipais ganham particular relevo no debate político local, podendo ser considerados, em certa medida, como os Parlamentos locais, embora sem atribuições executivas.
O mandato autárquico 2021-2025 reveste-se de grande importância para o futuro do país e, sobretudo, no desenho e aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência a nível local. Não por acaso, a Associação Nacional de Assembleias Municipais (ANAM) realizou, recentemente, em Ourém, uma iniciativa, intitulada “ANAM em diálogo 2.R – No caminho das regiões”, que contou com a participação de presidentes e representantes das Assembleias Municipais dos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém, tendo como principal temática de abordagem a “Estratégia de Desenvolvimento Regional 2030 na região de Lisboa”. A nova NUT está mesmo a caminho. ■

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