O candidato do PSD em Óbidos, Filipe Daniel, revela que, além de uma nova Unidade de Saúde Familiar, pretende instalar uma unidade de medicina desportiva e uma estrutura de apoio à inclusão das pessoas com necessidades especiais
O cabeça de lista do PSD à Câmara de Óbidos tem 41 anos e formação em Engenharia Agronómica. Lidera a Concelhia do PSD e preside à Associação dos Regantes de Óbidos. Em entrevista, deixa uma farpa “aos políticos que aparecem apenas de quatro em quatro anos”.
O que o leva a candidatar-se à Câmara de Óbidos?
O gosto pelo desenvolvimento comunitário. Sentir que todo o meu percurso, com trabalho social, cultural e recreativo, tem contribuído para o desenvolvimento do território e, por outro lado, as pessoas reconhecerem e darem-me força para continuar a fazê-lo, numa outra dimensão, agora política.
Que propostas concretas tem o PSD para apresentar?
Queremos trabalhar de forma muito mais ativa na vertente do desenvolvimento social e da coesão social. A saúde será também prioridade, assim como trabalhar bem ao nível do desenvolvimento económico e continuar a dinamizar o património material e imaterial de Óbidos. A transição climática e digital são duas componentes que se vão integrar com todas as áreas de desenvolvimento do turismo, da educação, saúde e apoio social e, para cada uma, temos pontos identificados de necessidades para o concelho.
Como projeta esta campanha, tendo em conta que já houve uma troca de acusações entre o PS e o PSD?
O movimento das Gaeiras foi desde sempre um movimento independente, mas com o apoio do PSD. Tivemos de vir a público fazer um desmentido porque o próprio movimento referiu não ter havido qualquer apoio. A minha perspetiva enquanto líder do PSD/Óbidos é que haja transparência e rigor. Não me revejo na maledicência nem noutro tipo de características.
“Faz cada vez mais sentido aproveitar as sinergias, com Caldas e Bombarral”
Nunca houve tantas candidaturas em Óbidos. A maioria absoluta fica mais difícil de alcançar?
É bom haver esta vontade das pessoas em querer ajudar a sua terra. É preciso que o façam, mas de forma contínua, não podemos ter políticas sazonais, não podemos aparecer de quatro em quatro anos para tentar fazer um movimento político ou criar equipas que pretendam, de alguma forma, tentar melhorar o concelho. Nunca me revi nisso, mas sim numa perspetiva de construção, independentemente de estar ou não ligado à política.
Considera que as dragagens são a solução para os problemas da Lagoa?
É fundamental para que o ecossistema funcione da melhor forma. Para futuro será imprescindível que os municípios das Caldas e de Óbidos possam adquirir uma draga, que possibilite a retirada destes sedimentos, de forma mais contínua. Estamos perante um património de incomensurável valor e é imprescindível este tipo de intervenção. A classificação também é fundamental e, além disso, criar um conjunto de medidas que interajam, do ponto de vista da educação e da cidadania, como centros de interpretação.
Os seus antecessores apostaram na construção de empreendimentos turísticos de luxo na margem da lagoa, facto que tem sido criticado pela oposição…
Do ponto de vista da sustentabilidade do concelho, esses empreendimentos foram imprescindíveis. Naturalmente que há uma parte menos positiva, que tem que ver com a questão da intervenção humana que foi necessário fazer, mas houve a preocupação de reduzir o número de alojamentos face à área existente. A própria reutilização da água para regadio dos espaços verdes denota preocupação do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, porque também está ali uma fonte importante de sequestro de carbono.
“Será imprescindível que Caldas e Óbidos adquiram uma draga [para a Lagoa]”
Como é que Óbidos poderá aproveitar a eletrificação da Linha do Oeste, tendo em conta que até a estação está fechada e não tem uma ligação direta à vila?
Era importante que a eletrificação da ferrovia pudesse ir o mais a norte possível, pois Óbidos beneficiaria muito desta ligação entre Lisboa e Porto. Relativamente à estação, quer a parte de armazenamento quer a própria estação poderiam servir para a restauração, alojamento, ou por exemplo, uma pousada da juventude, criando desenvolvimento e postos de trabalho.
O parque tecnológico tem cumprido a sua missão? Como perspetiva o seu crescimento?
Tem dado respostas interessantes. Temos um conjunto de empresas a trabalhar no Parque e outras, inclusive, fora do país. E se já fazia sentido antes, agora ainda faz mais, pois há uma aposta forte na digitalização.
Como aproveitar as sinergias da proximidade com Caldas?
Faz cada vez mais sentido aproveitar as sinergias. A intermunicipalização fará cada vez mais sentido. Serão importantes projetos comuns que possam surgir nas áreas da saúde da mobilidade, porque cada vez há mais pessoas a praticar desporto, a fazer caminhadas e a andar de bicicleta. Faz muito sentido que com Caldas e também com o Bombarral, consigamos criar essas pontes.
Há questões que dividem, como o novo Hospital do Oeste. Qual a localização que defende?
Defendemos que, independemente da sua localização, o importante é que seja construído o mais rapidamente possível e que tenha um conjunto de respostas que visem o perfil de saúde dos utentes do território. Isso é o mais importante. Naturalmente que, se houvesse a possibilidade de ser construído no território de Óbidos, não o rejeitaríamos, mas não queremos com isto ser limitadores da sua rápida execução.
Em Óbidos, o Centro de Saúde tem falta de condições físicas e falta de recursos humanos. Como resolver esta questão?
A requalificação do centro de saúde é um ponto extremamente importante e está já prevista. Mas, mais do que isso, será preciso criar uma Unidade de Saúde Familiar, que poderia trazer um conjunto de oferta de serviços. Também queremos criar uma unidade de medicina desportiva, Óbidos tem trabalhado bastante bem do ponto de vista da saúde e do bem-estar e tem agora esse pelouro. Mais do que entrar na prescrição médica é importante prevenir um conjunto de patologias que estão associadas a excesso de trabalho, stress, maus hábitos.
Como pode a barragem do Arnóia ser aproveitada em pleno?
Queremos aumentar a área beneficiada e queremos utilizar o espelho de água para atividades lúdicas e de lazer que respeitem a fauna e a flora, que também podem ser dadas a conhecer nas escolas. A realização de atividades no espelho de água irá gerar uma economia descentralizada. Temos ainda um projeto na área da sustentabilidade, pois temos um consumo de energia considerável e estamos a avaliar, do ponto de vista financeiro, qual a melhor das hipóteses, se painéis fotovoltaicos, turbinas ou eólicas. Caso seja eleito deixarei de dirigir a associação.
Na área social, e com a pandemia, como é que a autarquia pode ter uma resposta eficaz?
Temos um conjunto de medidas, desde estruturas que tenham condições para a inclusão de pessoas com necessidades especiais, que não temos no concelho, ao desenvolvimento de espaços intergeracionais, que permitem que as duas faixas possam estar ligadas. Outra ideia é desenvolver universidades ou oficinas seniores, para dar ou estimular competências. Temos de ter uma agenda forte na inclusão dos migrantes, com uma integração que tem de ser bem organizada, na forma e no espaço, para não criar possíveis guetos. Depois, existem apoios mais diretos, porque as pessoas estão a passar dificuldades. ■

“Terá de haver uma readaptação da empresa Óbidos Criativa”
Candidato considera que continua a fazer sentido a existência da entidade, mas que deverá ser readaptada
A pandemia evidenciou algumas das fragilidades da aposta num único setor, nomeadamente o turismo, mas Filipe Daniel considera que continua a fazer sentido a existência de uma empresa municipal para atuar naquela área. “Julgo que fará e tem sido o garante do território, pela capacidade que esta empresa tem de projetar, reinventar e dinamizar o território”, frisou o candidato do PSD, realçando que “às vezes a empresa municipal é olhada como algo só para a questão dos eventos”.
Filipe Daniel realça que “terá de haver uma readaptação da própria empresa para outras áreas de negócio, mais transversais”. Com a pandemia, os grandes eventos terão de ser repensados. “Permitir que o que era um evento de massas estejam mais dispersos pelo território é um objetivo”, afirma o cabeça de lista do PSD, acrescentando que um dos compromissos “é dar vida também às aldeias”.
Limitação de espaços comerciais e de serviços visa combater a desertificação
O facto de Óbidos ser Cidade Criativa da Unesco na área da Literatura “permitiu ainda mais alavancar a marca Óbidos, que é neste momento muito forte”, defende, acrescentando que “é fruto de trabalho desenvolvido no passado”.
Para combater a desertificação da vila, o social-democrata defende que é necessário “ter uma política forte da habitação” e que poderá ser necessário limitar o número de espaços comerciais ou de serviços dentro de determinado contexto, seja na vila ou no concelho.
Ao nível do património e da cultura diz que uma das metas é “fazer requalificações no aqueduto da Usseira, retratando a vinda de água da Usseira até Óbidos com jogos de águas, e depois criar percursos pedestres”. “Gostaríamos também de fazer requalificações em frente à Igreja do Senhor da Pedra e julgo que há condições como nunca houve para que Eburobtrittium seja reabilitada, reabilitar a igreja do Mocharro e investir na iluminação do património”, concluiu o dirigente social-democrata. ■

































