A modernização da linha do Oeste foi novamente adiada, mas o vereador Manuel Isaac ainda acredita, senão no Pai Natal, pelo menos em que a linha vai ser modernizada até 2020. “O importante é a sua conclusão até essa data, cabendo ao actual governo decidir quando a quer fazer”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que a obra deve ser concretizada e destaca que “não é por acaso” que ficou nas prioridades estabelecidas pelo anterior governo.
Em sintonia está o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira. “A informação que temos é a de que não existe qualquer tipo de adiamento em relação à modernização da Linha do Oeste”, disse, contando que, ao ter conhecimento da notícia da Gazeta das Caldas a dar conta do adiamento das obras procurou saber o que se passava junto da presidência da Infraestruturas de Portugal (empresa que resulta da fusão da Refer com a Estradas de Portugal). De acordo com o autarca, o contacto foi estabelecido pela vereadora Maria da Conceição Pereira e, face a estas explicações, confia que o plano apresentado terá continuidade.
“Incompreensível”
Já para Vítor Fernandes, do PCP caldense, é “incompreensível” este adiamento da modernização da Linha do Oeste. “Há anos que andamos à espera”, diz o deputado da Assembleia Municipal que não aceita esta situação e garante que o seu partido fará tudo o que estiver ao seu alcance para que esta obra seja uma realidade.
Vítor Fernandes diz que levarão o assunto à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, pois repudiam esta decisão.
“Um investimento estratégico”
Lino Romão, do BE caldense, teve conhecimento deste adiamento pela Gazeta das Caldas e lamenta esta decisão, que “mostra que a Linha do Oeste é muito conveniente e útil em tempo de campanha eleitoral, mas depois quando se chega às posições concretas, não se faz nada”.
Considera que se estão a dar passos atrás numa altura em que se fazem “tratados internacionais para uma mobilidade mais sustentável”. O militante bloquista acrescenta ainda que a modernização da linha trará soluções mais benéficas para a região do ponto de vista ambiental e económico. “Seria um investimento estratégico”, conclui.
“Os lobbies rodoviários”
O Movimento Viver o Concelho, através de Teresa Serrenho, tomou uma posição de “profundo lamento” em relação ao adiamento. A autarca afirmou que “é lamentável que seja adiada novamente e que as promessas voltem a ficar em segundo plano”.
“A aposta nos caminhos-de-ferro é mais ecológica e vantajosa”, defende, mas não acontece por causa dos “lobbies rodoviários”.
“Não foi decisão deste governo”
O PS das Caldas “reafirma” a sua posição de defesa da linha Oeste, considerando a sua modernização um “factor determinante para o desenvolvimento sócio-económico do nosso concelho e uma pedra chave para a afirmação das Caldas em diferentes sectores estratégicos, nomeadamente no Turismo”, diz a presidente da concelhia, Sara Velez. Não conhecendo ainda a posição da nova tutela sobre esta matéria, a responsável diz que esta concelhia “tudo fará para fazer chegar ao Governo a sua apreensão face à notícia do adiamento do investimento anteriormente anunciado”.
Sara Velez esclarece ainda que o adiamento da modernização da linha do Oeste referido na notícia da Gazeta “não decorre da mudança de Governo entretanto verificada, e por isso mesmo não é, a confirmar-se, uma decisão que possa ser imputada ao novo governo liderado pelo PS”.
A Infraestruturas de Portugal tinha anunciado antes do Verão que a modernização da linha do Oeste seria concluída até 2020 entre Meleças e Caldas da Rainha e até 2021 entre Caldas da Rainha e Louriçal. Contudo, após as eleições de Outubro, a empresa presidida por António Ramalho assumiu que não tinha quaisquer datas para este projecto, tendo dado prioridade a investimentos na linha da Beira Alta e na construção da nova linha Évora – Caia.
Com a linha do Oeste, caíram também as modernizações que estavam previstas para as linhas do Douro e do Algarve.
Autarcas contra o adiamento
“Se havia decisão que deviam de tomar, era na antecipação desse mesmo investimento”, afirmou, à Gazeta das Caldas, Humberto Marques, presidente da Câmara de Óbidos. O autarca referia-se à modernização da Linha do Oeste, que, passadas as eleições, deixou de ter data prevista.
Afirmando-se “contra uma decisão desta natureza” e mostrando esperança na existência de “inteligência para reverter a decisão”, o autarca disse que ainda que, da sua parte, tudo fará “para combater esta decisão”.
Recordando que este é “um investimento que é fundamental, não apenas para a região Oeste, mas para todo o eixo de circulação”, considerou que este adiamento “é um erro estratégico grave”. É que “pensar apenas a dimensão do investimento na lógica das mercadorias é altamente redutor”, assegurou, lembrando que “a economia gira muito para além daquilo que são mercadorias”.
Para além disso, considerou que adiar a modernização da Linha do Oeste “é enfraquecer o próprio país” e “manter este passo lento para o futuro”.
Walter Chicharro, presidente de Câmara da Nazaré, garantiu que iriam “dar conta da forte necessidade de obra na Linha do Oeste”, lamentando o adiamento. Na sua óptica, esta é “uma obra fundamental para esta região e, em particular, para a Nazaré, já que acreditamos que todo o investimento ali feito reforçará o seu papel como transporte de mercadorias, e sobretudo de passageiros, que, assim, teriam mais um meio para o acesso à Nazaré”. O autarca referiu ainda que “do ponto de vista da facilidade de acesso à Nazaré, a Linha do Oeste e a abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil são elementos fundamentais para a dinâmica turística da Região Centro e do país”.
Já Paulo Inácio, edil de Alcobaça, não tomou qualquer posição formal sobre o assunto, alegando o seu desconhecimento em relação ao tema. “Iremos, no contexto da OesteCIM, averiguar a situação”, garantiu.
As Câmaras do Bombarral, Torres Vedras e Marinha Grande foram questionadas acerca do mesmo assunto, mas não responderam às perguntas colocadas até ao fecho desta edição.






























