Alunos das escolas das Caldas foram deputados por um dia

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Nos dias 22 e 23 de Fevereiro realizaram-se as sessões distritais do Parlamento dos Jovens, uma iniciativa promovida pela Assembleia da República que tem como objectivo final levar os alunos ao parlamento em Maio. Dois dias em que os jovens vestem o papel de deputados e, tal como eles, também usam da palavra para defender as suas medidas. Das Caldas da Rainha participaram as escolas Raul Proença, Rafael Bordalo Pinheiro, D. João II e Colégio Rainha D. Leonor. Apenas a primeira foi selecionada para a sessão nacional.

Maria Brás, Carolina Vares e Francisco Pardal foram os deputados que representaram a Escola Secundária Raul Proença na sessão distrital, todos eles  estreantes no Parlamento dos Jovens, mas que levaram de Alcobaça um lugar garantido na próxima fase, que se realiza na Assembleia da República nos dias 2 e 3 de Maio.
Com reuniões desde o primeiro período do ano lectivo, os três jovens, em conjunto com outros colegas e dois professores, prepararam a apresentação das medidas propostas às restantes escolas do distrito. “Quando pensámos nas nossas medidas, foi de forma a que estas pudessem saltar do papel e serem postas em prática com impacto positivo na sociedade”, salientou Carolina Vares, aluna do 9º ano.
A criação, ao nível escolar, de um núcleo de combate ao racismo com actividades como sessões de cinema, corridas solidárias, concursos de leitura, palestras com testemunhos na primeira pessoa e apresentações de textos, foi uma das sugestões, complementada com outra medida que propunha a articulação do respectivo núcleo com a disciplina Educação Para a Cidadania. O terceiro ponto sugeria a divulgação de autores estrangeiros na biblioteca da escola e em disciplinas como Português.
Celeste Custódio, uma das professoras que acompanhou este projecto, elogiou o empenho dos seus alunos, “que não vêm à escola apenas para aprender conteúdos, mas também para debater os problemas da actualidade”.
Na opinião dos jovens “deputados”, levar uma estratégia definida para a sessão distrital é um dos requisitos obrigatórios para conseguir um lugar na fase nacional. “Como antes temos acesso aos projectos das outras escolas, analisámos todas as suas medidas para sabermos em concreto quais os pontos fracos e  fortes que lhes podíamos apontar”, explicou Maria Brás (8º ano), acrescentando que é tão importante saber atacar os piores projectos como formar alianças com outras escolas de modo a conquistar votos.
Francisco Pardal vai à Assembleia da República, não como deputado, mas como jornalista e estará responsável por escrever a reportagem dos dois dias da sessão nacional. A melhor reportagem também é premiada.
Da Escola Básica D. João II concorreram Josefine Winkler e Guilherme Garcia, alunos do 7º e 9º ano, que foram acompanhados pela docente Natividade Henriques.
A elaboração do projecto para o Parlamento começou meses antes da fase distrital, com a constituição de duas listas que, ao nível interno, lutaram por um lugar na sessão escolar, onde foram eleitos os deputados que representaram a escola no grande dia.
Para o debate distrital os dois alunos levaram três medidas: a organização de vários dias multiculturais no final de cada período (e um autárquico, a celebrar-se no Verão); a criação de condições de mobilidade nas escolas para alunos com deficiências e a transposição dessas mesmas soluções para os transportes públicos e para os locais de trabalho. A igualdade salarial entre homens, mulheres, emigrantes e deficientes era outro ideal assente nas propostas destes alunos.
“Esta experiência ajudou-me a trabalhar a minha argumentação e a perceber como um político deve ter a capacidade de sintetizar muitas ideias em pouco tempo”, comentou Josefine Winkler.
Nos três minutos que os deputados têm de exposição, há factores que pesam mais do que as próprias medidas. “Saber projectar a voz, ter postura, ser expressivo e criticar as outras medidas sem excesso de agressividade”, aponta Guilherme Garcia.
Diogo Lucas, aluno da Escola Rafael Bordalo Pinheiro, concorda. “A pessoa que muitas vezes ganha não é a que tem a melhor ideia, mas a que sabe jogar o jogo político”, defende o deputado, que participou na fase distrital do ensino secundário com os colegas José Capinha, Pedro Dinis e Patrícia Cunha, todos do 10º ano.

Salto do básico para o secundário

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José Capinha e Pedro Dinis já tinham a experiência do ano anterior e comparam os dois níveis: básico e secundário. No segundo a competição é mais elevada, os alunos fazem mais investigação, informam-se sobre a legislação e, alguns deles, até já fazem parte das juventudes partidárias.
Como os deputados mais novos das 23 escolas da fase distrital, reconhecem que no próximo ano o “trabalho de casa” tem que ser maior. Com o tema “Portugal: assimetrias Litoral/Interior. Que soluções?” os quatro jovens propuseram às universidades do interior a aposta em protocolos com empresas, para que os recém-licenciados tenham mais possibilidades de emprego. Outra das medidas sugeria a catalogação das ruínas históricas e a criação de condições para que estas pudessem ser visitadas, o que aumentaria o tráfego de pessoas e o número de postos de trabalho. Por último, os alunos defenderam uma avaliação dos fundos monetários disponíveis, de forma a redistribui-los igualitariamente pelos sectores agrícolas e industriais do interior. Antes da elaboração do projecto final, os alunos reuniram-se com um professor de Geografia.
Para a sessão escolar da Bordalo Pinheiro concorreram três listas. “Eles passam a conhecer como é que as coisas se processam na vida política real, como se organiza uma comissão eleitoral, se realiza a eleição e se elabora um boletim de voto”, destaca Vera Marques, a professora responsável. José Capinha também elogia este ponto, realçando que são os alunos que têm a responsabilidade de gerir todos os processos das várias fases do Parlamento dos Jovens.
Também na categoria do secundário participaram Inês Claudino, Mariana Bento e Ana Sofia Pancada, alunas do 12º ano do Colégio Rainha D. Leonor. O professor responsável, várias vezes contactado pela Gazeta das Caldas, nunca respondeu.

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