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Cerca de 250 autarcas e ex-autarcas do concelho das Caldas voltaram a juntar-se no restaurante “O Cortiço”, no passado dia 6, para mais um jantar de Natal, uma tradição com mais de duas décadas. Em tempo de prendas, os autarcas de freguesia ficaram a saber que terão no sapatinho mais verba para alcatroar as suas estradas e um reforço nas transferências para as freguesias.
A Câmara das Caldas vai investir no próximo ano cerca de 2,5 milhões de euros em alcatroamentos nas freguesias do concelho. A “prenda” foi dada aos autarcas de base durante o jantar de Natal. O presidente, Tinta Ferreira, anunciou que também haverá um aumento de 10% no valor a transferir para as freguesias no âmbito das delegações de competências. Mas também deixou um pedido aos presidentes de junta para que se associassem e pudessem, entre si, fazer algumas aquisições de equipamentos de que necessitam.
Tinta Ferreira falou ainda das boas contas da Câmara, como dá nota o anuário financeiro, do reconhecimento das Caldas como cidade criativa da Unesco e da reabertura do Hospital Termal.
Perante uma sala de várias cores políticas (faltaram o BE e a CDU), Tinta Ferreira reconheceu que nem sempre estão “100% de acordo” e enalteceu a presença de todos quantos ali se deslocaram para confraternizar, especialmente de seis ex-vereadores do PS e do PSD.
“Cada um, à sua maneira, decidiu dar um pouco de si aos seus concidadãos através desta nobre actividade que é a política”, disse o autarca, acrescentando que quem está neste momento no activo tem a “obrigação de ouvir a crítica e os ex-autarcas”.
Tinta Ferreira lembrou ainda que este ano faltaram duas personalidades que eram presenças assíduas no encontro, o antigo presidente da Assembleia Municipal Luís Ribeiro (já falecido) e o antigo presidente da Junta de Freguesia de Santo Onofre, Abílio Camacho, por questões de saúde.
Também presente no jantar, o presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, pediu como “prendas” um hospital novo para o Oeste, um caminho de ferro em condições e a Lagoa de Óbidos desassoreada.
Em representação do CDS-PP, Clara Roque, realçou que a “união dos autarcas deve ser mantida, preservada e afinada para bem das Caldas” e deixou recado à maioria para que a oposição seja mais ouvida e tida em conta para as decisões locais. “É urgente que a classe política recupere a sua imagem, que está um pouco debilitada junto da opinião pública”, defendeu, salientando que é preciso criar condições para que as pessoas voltem a acreditar nos políticos.
Como voto de Natal, Clara Roque desejou a quem decide que seja “prudente, que tenha bom senso e que coloque os interesses dos seus munícipes em primeiro plano”.
Família de autarcas
Já o vereador socialista Luís Patacho destacou que este encontro de Natal é um dos poucos que têm para confraternizar, escusando-se a falar de assuntos políticos. Também o presidente da concelhia social-democrata, Hugo Oliveira, entende que este é o momento em que esquecem a “luta” política em detrimento do convívio. O actual também deputado na Assembleia da República salientou ainda a presença de representantes de todas as freguesias do concelho, destacando o trabalho das suas equipas junto das populações e em prol do desenvolvimento local.
Olhando para 2020, Hugo Oliveira considera que se perspectiva um ano de muito trabalho para a autarquia e que espera uma “grande compreensão” das pessoas para com as obras que estão a decorrer na cidade.
O presidente da Junta de Freguesia de Alvorninha, José Henriques, foi o escolhido para, este ano, representar todos os seus colegas no uso da palavra. Autarca há apenas dois anos, disse sentir na pele o que é a “família de autarcas”, composta pelos seus colegas das juntas e assembleias de freguesia, com quem partilha os bons e maus momentos. Num discurso optimista, José Henriques disse que ser autarca é “um prestígio, não uma vergonha”, e incentivou a que mais cidadãos se juntem à política para servir a população.
O seu homólogo da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, Arnaldo Custódio, foi o anfitrião do evento.
