Carlos Barroso, candidato do ADN à Câmara das Caldas, apresenta um plano focado na saúde, habitação e segurança. Defende a valorização do talento local e, se for eleito, vai pedir auditorias ao processo dos prédios do CCC e às contas da Câmara e da Junta da Foz
Candidata-se pela primeira vez e afirma ter um plano de 20 anos para o Conselho, começando com um programa de emergência para responder aos problemas mais urgentes. Quais são esses problemas e quais são as medidas para os resolver?
O problema principal é a saúde, o hospital. Promovemos uma reunião com o Centro Hospitalar e ficámos a conhecer as dificuldades que enfrentam e a falta de diálogo com a atual gestão da Câmara Municipal. Há situações que poderiam ser resolvidas se houvesse comunicação, que não existe.
Essas medidas passam por exigir que este hospital se mantenha e seja reabilitado, porque não vamos ter um hospital novo nos próximos 10 ou 20 anos. É necessário que a Câmara não promova hospitais privados, porque isso cria concorrência com os médicos do público. O que devia ser feito era criar um bairro social para médicos e outros profissionais de saúde, com habitação acessível e uma creche de apoio. Muitos médicos do Norte querem fazer internato e não têm espaços disponíveis.
Disse que não sabe se vai haver um novo hospital. O que é que o ADN defende?
Precisamos de um hospital novo, com melhores condições, o que é defendido por todos os profissionais. No entanto, antes disso, é fundamental garantir que o hospital atual funcione plenamente e o governo deve definir claramente suas políticas para os médicos, oferecendo-lhes condições adequadas, seja para tarefeiros ou para efetivos.
Estão envolvidos cerca de 600 a 800 trabalhadores no hospital, apoiá-los é fundamental. Sem saúde não há investimento, segurança ou garantias para a comunidade.
Segurança que é outro dos problemas nas Caldas, nomeadamente pela falta de efetivos das forças policiais. O que é que pode ser feito nesta área?
Defendemos que a Câmara não deve criar polícia municipal, pois isso representaria um gasto enorme, sem eficácia, porque essa polícia seria meramente fiscalizadora. O que é necessário é a Câmara reforçar a pressão junto do Governo para que haja mais efetivos na PSP e na GNR.
A insegurança real não é muita, mas a perceção de insegurança é enorme. A polícia faz o seu trabalho, mas falta-lhe ferramentas legais eficazes para agir.
Tem havido aumento de casos de violência doméstica, principalmente na população migrante, o que exige campanhas de sensibilização e acompanhamento social, bem como criar uma casa de acolhimento para vítimas.
Na segurança rodoviária, propomos substituir os atuais separadores centrais na circular por outros que impeçam que um carro atravesse para a faixa contrária em caso de acidente, limitar a velocidade com radares e criar corredores de emergência para ambulâncias desde a zona industrial até ao hospital.
A habitação é um problema para o concelho. Tem algumas medidas previstas para ajudar as pessoas ao nível da habitação?
Na década de 70 e 80 foram construídos dois grandes bairros sociais, e há terrenos ao lado desses bairros, que poderiam ser ampliados. Existe ainda o antigo bairro da Polícia, no Bairro das Morenas, com terrenos disponíveis. A Câmara deveria construir mais habitação nessas áreas. Há vários edifícios devolutos na cidade. A legislação permite que, se os proprietários não quiserem investir na reabilitação, os prédios possam reverter para a autarquia. É preciso ser firme nesse processo. A solução está em olhar para o que temos à nossa volta.
Qual é a visão para o desenvolvimento económico das Caldas?
Precisamos urgentemente dar condições às empresas, pois muitas estão a fugir para concelhos vizinhos. A AIRO deveria ser mais apoiada para potenciar a economia e indústria locais.
A Câmara deveria adquirir o edifício da CERES e transformá-lo num polo para estudantes das escolas técnicas e artísticas, criando estúdios de design, cerâmica, madeira e multimédia, fomentando o surgimento de novas empresas.
No comércio, a proposta inclui a criação de 2 a 3 parques de estacionamento: um atrás do Chafariz das 5 Bicas, na Zona da Expoeste e na Avenida junto à estação, isto para não falar também do parque junto à PSP. Queremos também alargar o tempo de estacionamento gratuito para quem compra nas Caldas, facilitando que as pessoas que fazem mais compras, tenham mais estacionamento gratuito disponível, incentivando o comércio local e mantendo o dinheiro na economia local.
E a cultura? A Caldas é uma cidade de cerâmica e de cultura. O que é que, quais são as propostas que têm na área da cultura?
Na área da cultura, temos muito talento local que não é aproveitado. É incompreensível contratar tantos artistas de fora quando temos bandas, atores, cineastas e músicos das Caldas que merecem oportunidade. Gostaria que o 15 de Maio fosse uma festa da cidade, com artistas locais, e que os 30 a 100 mil euros gastos em artistas externos fossem investidos nas pessoas daqui.
Devemos apostar na cultura local, valorizando o que temos, como o conservatório de música e a escola de dança, que são excelentes. A Banda de Comércio e Indústria tem feito espetáculos fantásticos, trazendo elementos que complementam o talento local.
É preciso aproveitar o que a cidade tem em ceramistas, escultores e pintores, que muitas vezes são ignorados, e valorizar não apenas os mesmos de sempre, mas os muitos artistas que temos.
Sobre o Centro de Artes, queremos saber o que lá se passa, especialmente em relação a pessoas que lá estão há muitos anos, as condições em que vivem e os seus contratos. É importante abrir espaço para outros artistas, dando a todos uma oportunidade.
A Câmara deve apoiar ou atribuir um orçamento às freguesias?
Ambas as formas são válidas. Contudo, não é correto a Câmara dar dinheiro a uma junta e depois publicamente cobrar o investimento feito, pois o que se dá não se deve cobrar.
A responsabilidade pelas freguesias é do Presidente e da Assembleia de freguesia, que conhecem melhor os problemas locais e prioridades, pois os cidadãos procuram diretamente a junta. Nas aldeias, o Presidente da junta responde. Na cidade, as pessoas reclamam mais à Câmara do que à junta, mas o importante é a imagem da cidade e que os serviços sejam prestados, independentemente de serem realizados por funcionários da junta ou da Câmara. Falta diálogo, esclarecimento e atribuição clara de zonas e responsabilidades para evitar estes impasses.
O ADN pretende devolver dignidade à governação local. Como se consubstancia este objetivo?
A dignidade na governação passa pela transparência e responsabilidade nas contas da Câmara. Neste caso da Erguigest contra a Câmara, dos 55 milhões, o que é necessário é uma auditoria rigorosa para apurar os factos, seja qual for o resultado. É isso que eu vou exigir. Também vou pedir auditorias às contas da Câmara e da Junta de Foz do Arelho, para garantir transparência e justiça. É essencial essa clareza para garantir rigor nas despesas, para que o dinheiro dos cidadãos seja bem gerido e permita fazer investimento.
Esta é a primeira vez que o ADN se candidata à Câmara das Caldas. O que é que será um bom resultado?
Não posso falar muito pelo partido porque sou independente, mas o ADN teve uma votação modesta, entre 400 e 600 votos nas legislativas, o que é baixo, e vamos correr atrás do prejuízo. Um bom resultado é eu ser eleito e ganharmos uma junta. Tudo o resto será uma frustração, porque estamos a fazer uma campanha verdadeira, direta, levantando questões importantes e apresentando soluções concretas e dignas, dialogando com as pessoas.































