“A saúde é prioritária e não vamos desistir”

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Atual presidente da Câmara, Vítor Marques quer renovar o mandato

Vítor Marques recandidata-se à presidência da Câmara das Caldas pelo Vamos Mudar. Sublinha os avanços feitos na governança e nos serviços municipais e promete mais respostas sociais, aposta no termalismo com o novo balneário e reivindica reforço de médicos e polícias para o concelho

Na sua candidatura apresentou-se como o projeto que mudou a realidade do Concelho. O que é que mudou nas Caldas?
Uma das coisas que alterou significativamente foi a governança. Conseguimos mudar a metodologia de funcionamento do município. No próximo mandato queremos avançar com a certificação de serviços, começando pela área social e pelo atendimento ao público. Duplicámos o número de técnicos superiores, mas precisamos de reforçar em áreas como a saúde e a economia, para dar melhores respostas.
Nas freguesias vamos continuar a reforçar meios. Neste mandato apoiámos a compra de equipamentos, mas muitos estão subaproveitados. Temos de promover a partilha entre freguesias para rentabilizar esses investimentos.

O novo hospital do Oeste é um dos grandes objetivos estratégicos. O que é que pode fazer o município?
A decisão do hospital é do Governo, mas nós continuamos a reivindicar e vamos continuar a fazê-lo, assim sejamos ouvidos de algum lado, porque temos sentido uma falta de algo na democracia a esse nível.
Até lá vamos continuar a fazer o que está ao nosso alcance na reabilitação e na manutenção das respostas hospitalares que temos. A ULS do Oeste está a candidatar-se a um investimento de 8 milhões para reabilitar as consultas externas no Hospital de Caldas. Nós já nos disponibilizámos para que, quando o Centro de Saúde sair do edifício Ramalho Ortigão, as consultas possam ser aí durante as obras. Ponderamos a compra desse edifício, porque pode ser útil também para ensino e para outras valências ligadas à saúde.
Estamos disponíveis para receber competências na saúde. Não é a metodologia que consideramos ideal, mas acreditamos que podemos gerir melhor os centros de saúde, assegurando logística, manutenção e limpeza. Como contrapartida exigimos mais médicos, mas isso tem sido difícil de concretizar. Ainda assim, conseguimos duplicar recentemente as videoconsultas e voltar a abrir o internamento, que estava fechado.
A saúde é prioritária e não vamos desistir.

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Ainda ligado à saúde, o termalismo é outra das prioridades?
O termalismo é a nossa matriz, faz parte da identidade das Caldas. A nossa proposta é um balneário para 20 mil aquistas, junto ao Parque e à Mata, em terrenos vizinhos à Bordallo Pinheiro. Estamos a negociar esse terreno e queremos que a gestão seja feita por uma empresa municipal. Defendemos um termalismo terapêutico, mas cada vez mais associado ao bem-estar. Até termos o novo balneário, queremos reativar as piscinas do Hospital Termal, não com água termal, mas adaptadas à reabilitação, isso permitiria passar dos atuais 2.000 para 3.000 aquistas por ano. Mas é essencial reforçar também a capacidade hoteleira. Os Pavilhões do Parque são decisivos. O prazo terminou em setembro, foi prorrogado até ao fim do ano e estamos em reuniões com a Visabeira e o Governo para viabilizar o projeto.

A tarifa de saneamento foi um dos temas que gerou mais discórdia durante o mandato. Continua a defender a tarifa?
Nós não defendemos taxas nem tarifas. Isto gerou discordância e a ideia de que tinha sido uma escolha arbitrária nossa, mas a maioria já percebeu que é obrigatório por lei.
Se não houver abertura legal para uma isenção, a Câmara assumirá a taxa variável das fossas e garantirá uma limpeza gratuita a todos os que optarem por esse modelo. Estimamos que seja um esforço de 200 mil euros por ano para o orçamento municipal, que é significativo, mas aceitável, porque resulta evita agravar as faturas das famílias.
Na cultura, Caldas é Cidade Criativa da UNESCO há 4 anos, como afirmar esta chancela?
Temos cada vez mais pessoas a fixar-se aqui, atraídas pela oferta cultural e pelo ambiente criativo. O objetivo é consolidar este movimento e afirmar cada vez mais as Caldas no campo da criatividade.
Estamos na fase final da abertura do Centro de Artes a residências artísticas. Já temos ateliês preparados e este ano iniciámos acordos para acolher artistas estrangeiros. Queremos que o espaço seja também de coworking, exposição e venda de trabalhos. Também pensamos adaptar parte da antiga fábrica da Bordallo Pinheiro para criar pequenos ateliês com condições adequadas.
Outra ambição é adquirir o antigo espaço da SEOL, junto ao Jardim de Infância da Misericórdia, e criar um cluster criativo na zona, envolvendo o Centro da Juventude, possivelmente, no futuro, os armazéns da Junta e ainda os Silos.

Como é que a Câmara pode incentivar o desenvolvimento económico no concelho?
Um exemplo é a candidatura aos Bairros Comerciais Digitais, em parceria com a AIRO e a ACCCRO. Queremos dinamizar o comércio tradicional, tornando-o mais competitivo e presente online. Já temos plataformas digitais contratadas e ferramentas em preparação para as lojas. Posso dizer que nos últimos 50 anos o comércio não estava tão vivo nas Caldas. No que toca às áreas empresariais, neste mandato criámos quatro pequenas zonas nas freguesias, mas o essencial está no novo PDM, que deve seguir para discussão pública ainda este ano. A proposta é duplicar a atual zona industrial e criar uma nova junto à ZI das Gaeiras e da A15. Hoje uma empresa que queira instalar-se ali não encontra espaço. São terrenos privados, mas a Câmara e as associações empresariais deverão trabalhar em conjunto para que sejam atrativos para investimento.
Queremos contratar um técnico superior em economia para reforçar esta área dentro do município, com o objetivo de articular com os diferentes agentes económicos. E outra medida já em prática foi o encurtamento dos prazos de aprovações e licenças, o que gera confiança e atratividade para investimento.
No setor agrícola, queremos reforçar o papel da Câmara. Já organizamos as Jornadas Técnicas da Frutos, queremos criar uma feira profissional dedicada a esta área. É também fundamental acompanhar a gestão da água, tanto nos aquíferos como nas barragens, porque a agricultura é muito dependente dessa sustentabilidade.

A segurança tem sido outro dos temas na atualidade, o que pretende fazer nesse campo?
As Caldas continuam a ser uma das cidades mais seguras do país. Mas a cidade cresceu, passou de 50 mil para 55 mil habitantes em quatro anos, e naturalmente os problemas aumentam, mas o facto é que os números são baixos face a outras cidades. A PSP tem hoje metade dos efetivos que tinha há 20 anos e não consegue dar resposta. A Câmara já paga serviços gratificados para reforço noturno da PSP, mas esse modelo está esgotado. Por isso, vamos continuar a reivindicar mais efetivos junto do Estado.
Estamos também a avançar com um projeto de videovigilância. Já está em análise pela PSP antes de ir para o Ministério da Administração Interna. Será concretizado por fases, começando nas zonas prioritárias.
Em relação à Polícia Municipal, estamos disponíveis para discutir. Mas não podemos criar sozinhos um serviço que custaria cerca de um milhão de euros no primeiro ano e 700 mil anuais, sacrificando eventos e investimentos culturais.

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