“A minha grande prioridade são as pessoas”

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A falta de segurança em Óbidos é uma “preocupação” para o candidato do CDS-PP

Carlos Pinto Machado recandidata-se pelo CDS-PP a Óbidos, defendendo um médico municipal e uma gestão autárquica menos centralizada no burgo. Critica a inexistência de um plano estratégico e propõe-se a criar habitação a custos controlados para fixar jovens no concelho

Em Óbidos, e ao contrário da maioria dos concelhos, o CDS não se candidata coligado com o PSD. Não houve tentativa de coligação?

Seria incoerência da minha parte, sendo eu conhecedor do que se passa e do desempenho do PSD no concelho, que me fosse juntar ao candidato Filipe Daniel só para fazer número e ter, eventualmente, um lugar de vereador. Não houve contactos, até porque eu informei desde logo o presidente da distrital de Leiria do CDS-PP nesse sentido.

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Eu só me senti próximo do PSD no segundo mandato de Telmo Faria, um autarca inteligente e que fez uma coisa que os outros não fizeram, criar uma marca e fazer um plano estratégico para Óbidos… mas ao qual depois não soube dar continuidade.

Refere que esta candidatura coloca aos obidenses uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento do seu concelho. De que forma?

Entendo que a gestão do concelho não deve estar somente centrada no seu ex-libris, que é o castelo de Óbidos, nem nos eventos. Não sou contra os eventos, mas entendo que não devem ser o foco principal.

Todo o rendimento que se obtém deve ser equitativamente distribuído em investimento em todo o concelho. O presidente da Câmara é o parceiro preferencial de qualquer presidente de Junta, independentemente do partido a que pertence, porque a guerra partidária morre a seguir às eleições.

Quais as prioridades do CDS-PP para Óbidos?

A grande prioridade são as pessoas, o seu bem-estar fisico, psiquico e social. Temos de ter em consideração que vivemos num concelho muito envelhecido, onde há pessoas pobres e que têm de ser protegidas pelo município. Defendi há oito anos a criação do médico municipal, que entendo que deve de ser um médico de clínica geral, com a especialidade de Medicina do Trabalho (permitindo ter de recorrer a empresas externas para os funcionários da Câmara). Esta medida não visa substituir o Serviço Nacional de Saúde, mas apoiar a população mais envelhecida em situações pontuais como a prescrição de medicamentos, fazendo a ronda pelas aldeias do concelho.

Ao médico deve ser atribuída uma habitação e utilizaria, para o serviço, o carro que está atribuído ao presidente da Câmara.

Em contraponto, a alternativa do atual executivo, do plano de saúde, entendo que é muito caro, na ordem dos 250 a 300 mil euros por ano.

A inspiração do médico municipal é do Dr. João Lourenço, que era o médico de Óbidos.

Em relação aos jovens, assusta-me vê-los sair do concelho, porque não têm habitação e também porque não têm trabalho. Ou seja, outra das prioridades é manter os jovens no concelho.

É crítico da atuação do atual executivo. Com o que é que não concorda?

Primeiro que tudo, com a inexistência de um plano estratégico. Mesmo a “galinha dos ovos de ouro”, que é o castelo, está mal cuidado, não há uma gestão daquele espaço que devia ser a fotografia de Óbidos. Temos paredes sujas, as ruas quase não são lavadas e a gestão dos lixos não é a correta, ao fim do dia há sacos do lixo por todo o lado.

Outro exemplo: não se aproveitou o período da pandemia para fazer obras de requalificação, nomeadamente das canalizações da vila, que dão problemas diariamente.

A (falta) de habitação é um problema. Quais as soluções que defende nessa área?

O problema que temos em Óbidos é de especulação imobiliária. Com a construção a custos controlados e a venda de habitação mais barata para os jovens, vai ajudar a regular o mercado, porque os preços da habitação vão descer. Defendo a identificação de espaços em todas as aldeias de zonas para construção de habitação a custos controlados, dando prioridade aos jovens do concelho. Irá aumentar o número de pessoas nas aldeias e dinamizar a atividade económica. Portanto, havendo mais pessoas, nascem mais comércios, a economia cresce, há mais impostos, todos ganham.

Também é necessária a requalificação de casas devolutas.

E em relação à desertificação da vila?

É importante tornar a vila mais vivida. Entendo que a Câmara teve alguma culpa porque exerceu o direito de opção de compra das casas que eram colocadas em venda e essas casas deviam ter sido disponibilizadas para pessoas do concelho que quisessem habitar na vila.

Por outro lado, no que respeita aos proprietários, como é o meu caso, que tenho um alojamento local dentro da vila, passaram a cobrar-lhes IMI, apesar de todas as obrigações e condicionalismos que as casas têm no centro histórico. Apesar de ser uma medida do governo [de António Costa], o município tinha a capacidade de regulamentar, no sentido de isentar, e eu até defendi que seria lógico isentar todo o perímetro de influência do monumento.

Se for eleito vai reverter esta medida?

Não só a vou reverter, como quero avançar com um plano de pormenor para cada uma das freguesias, pois quero freguesias bonitas.

Óbidos é conhecido sobretudo pelos eventos de massas que realiza. Concorda com esta estratégia?

Eu concordo com os eventos. Não todos. Um evento que considero emblemático é o Mercado Medieval, pelo tem e para sua finalidade, pois tem um cariz social, visa apoiar as coletividades do concelho. E é um momento de convívio das pessoas do concelho, com as coletividades. No entanto, o evento deve ser reformulado, não pode ser igual todos os anos, senão as pessoas deixam de ir.

Tem que haver uma outra política de gestão da Óbidos Criativa. Considero que é importante que exista, mas não concordo com os critérios de elegibilidade da administração. Se for presidente da Câmara prefiro abrir concurso público para os administradores. O presidente poderá ser o presidente da autarquia, mas contrataria  pessoas com competência profissional para ocupar a administração, não pessoas do partido.

Mas considera que os eventos são sustentáveis a médio, longo prazo?
Sim, se forem reformulados e podemos espalhar atividades desses eventos pelas aldeias, permitindo às pessoas circular por todo o concelho, que tem de ser potenciado. Por exemplo, A-dos-Negros tem uma paisagem belíssima e a albufeira do Arnóia deve ser aproveitada para fins turísticos.

Como potenciar o crescimento económico em Óbidos ?

Existe possibilidade de captar investimentos de monta para Óbidos, é preciso que se trabalhe nesse sentido, que se criem as condições favoráveis para que esse investimento venha. Sei, de fonte segura, e conheço os decisores, que a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, recebe muitas propostas de investimento. Se houver uma articulação entre o município e esse organismo, e eu posso mediar isso, nós conseguimos captar investimento para o concelho.

No que respeita ao Parque Tecnológico, assusta-me dizerem que venderam os lotes todos, aquilo não é para fazer especulação imobiliária. Defendo que os lotes deviam ser vendidos a um euro e exigidas contrapartidas, como ser um investimento tecnológico, obrigatoriedade de empregar jovens de Óbidos com formação adequada.

Também já devia ter sido feito o alargamento do Parque Industrial das Gaeiras porque existem empresas que querem integrá-lo.

Também é importante fazer a promoção do concelho, convidando até figuras internacionais para cá vir. No fundo, criarmos uma imagem internacional idêntica àquela que está a ser criada na Comporta.

Qual a sua posição relativamente à segurança?

É uma preocupação. Entendo que a GNR não cumpre a sua função de fiscalização dentro do castelo, provavelmente por falta de efetivos. Por exemplo, sempre que há eventos encontram-se carteiras, que foram roubadas e deixadas pela vila. É um problema grave de segurança e eu avançaria com uma proposta, que tem algum custo, da criação de uma polícia municipal. Não precisa ter muitos efetivos, precisa é de estar presente dentro da vila. Sobretudo para quando há os eventos e também para dissuadir a pintura das paredes.

A videovigilância poderá ajudar também nesse sentido.

– Qual será um bom resultado para o CDS em Óbidos?

O resultado que gostava de obter era ganhar as eleições. Acho que estou em pé de igualdade com os outros candidatos porque tenho uma equipa competente e capaz de assumir os pelouros todos. E as pessoas conhecem-me e sabem que eu sou uma pessoa séria.

Estou em Óbidos porque gosto de Óbidos e sou descendente da primeira dona de Óbidos, a rainha Santa Isabel.

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