
Para os socialistas e bloquistas caldenses não houve festa nem ajuntamentos na noite do passado domingo. As sedes do PS e do BE, que apoiavam a candidatura de Manuel Alegre, estavam até fechadas enquanto o país sabia os resultados das eleições presidenciais.
Perante um resultado pior que o obtido há cinco anos, os apoiantes do poeta não tiveram como não aceitar a derrota. “A candidatura de Manuel Alegre não atingiu os seus objectivos”, admitiu à Gazeta das Caldas o coordenador distrital da candidatura, Jorge Sobral. E para o caldense há várias razões a explicarem o que se passou.
Em primeiro lugar, a “não aceitação, no BE e no PS, muito clara e objectiva de que este era o candidato”. Manuel Alegre não reunia consenso entre os militantes e simpatizantes dos dois partidos que o apoiavam, “o que acabou por se reflectir na votação”.
Igualmente terá contribuído para os maus resultados “a conflitualidade entre os dois partidos, que pode ser vista na Assembleia da República”.
Se há cinco anos Manuel Alegre avançou sem qualquer apoio partidário, desta vez, “com o apoio dos dois partidos, pensar-se-ia que iria à segunda volta”. Um objectivo que foi gorado, com o poeta a garantir apenas 19,75% dos votos.
Outra razão para este mau resultado, terá sido a votação em Francisco Nobre, que surpreendeu. “Existe um desencanto muito grande da população portuguesa com a política e com o partido que estava no poder”, e isso é o que, para Jorge Sobral, explica os votos no médico. “Uma votação expressiva, fruto do descontentamento e desconfiança”, considera, ainda que defenda que “não há democracia sem partidos políticos”. Além disso, “as eleições coincidiram com os dias em que muitos portugueses estavam a receber os recibos de ordenado” e a verificar o impacto que as medidas de austeridade iriam ter nas suas vidas.
“Estas eleições mostraram no fundo que as pessoas não queriam a mudança, queriam esta estabilidade”, considera o também adjunto do governador civil de Leiria. “A verdade é que Manuel Alegre sai de cena, com menos votos que há cinco anos, de nada lhe valeu o apoio expresso de dois partidos”, reconhece. “Quando o PS se envolve de corpo e alma numa coisa, há outro envolvimento, que não se viu nesta campanha”, diz, mas também tem dúvidas que qualquer outro candidato do PS tivesse um melhor resultado, dado o descontentamento generalizado com as políticas do Governo de José Sócrates.
Por fim, o coordenador distrital da candidatura de Manuel Alegre exalta o “discurso patriótico, apaziguador” que o candidato fez depois de se saber derrotado, que contrastou com “o discurso cinzentão de Cavaco Silva, que ninguém entendeu muito bem”.
Para Jorge Sobral, fica a dúvida “se vai ou não haver uma crise política, ou se pelo contrário uma estabilidade” que permita evitar a intervenção internacional no país. A ideia que lhe fica dos discursos da noite de sábado é que se lutará pela estabilidade porque “a situação do país e da Europa ultrapassa as questões partidárias”.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























