
Este é um dos primeiros exemplos práticos do CoLab – laboratório para a colaboração, um conceito desenvolvido por Ron Reis e Pedro Reis, dois primos que, depois de terem passado por vários países, escolheram Óbidos para instalar “um espaço de trabalho alternativo”. O objectivo é o de fomentar a fixação de jovens empreendedores no EPIC, um edifício dotado de espaços de trabalho que podem ser alugados ao mês, à semana, ao dia ou à hora, consoante a vontade dos interessados.
Todos os co-utilizadores assumem o compromisso de participar em sessões de “brainstorming” (fóruns de discussão), que podem ser encomendados por qualquer empresa, ou pessoa, que precise de novas ideias de desenvolvimento ou de soluções para os seus problemas. E este conceito não se aplica apenas a empreendedores ou às áreas criativas pois, como Pedro Reis explica, actualmente “mesmo aqueles que não são considerados empreendedores estão a fazer coisas e têm problemas para resolver, que podem ir desde a criação do próprio emprego, uma iniciativa social ou comunitária”.
Também o funcionamento do espaço é feito da forma mais simples possível, através de uma associação sem fins lucrativos que serve, na sua base, para alugar o espaço. “É autónoma e queremos que seja auto-suficiente, que não dependa de nós”, explica Pedro Reis, acrescentando que se no próximo ano quiserem ir embora podem fazê-lo e o espaço mantém-se a funcionar.
Todos são responsáveis pelo espaço enquanto ali se mantiverem. Os responsáveis acreditam que um grupo de dez pessoas será suficiente para o tornar auto-suficiente, pagando cada um 99 euros por mês. Existe ainda um espaço para a utilização esporádica, podendo ser alugado à hora, ao dia, ou à semana. “Ninguém terá a sua própria mesa, o que existirá são espaços de utilização”, adianta o responsável.
O espaço abriu, em inícios de Novembro, com seis empresas, todas na área da inovação, mas o objectivo passa por tentar entrar na área tradicional, como o direito ou a contabilidade. “As empresas que podem utilizar o espaço o que procuram são as áreas criativas e alguém da área tradicional e é esse equilíbrio que vamos tentar achar, vamos procurar um contabilista que esteja aberto a participar, por exemplo, através do twitter”, realçou Pedro Reis.
Um dos primeiros projectos que pretendem desenvolver em conjunto junta agricultura, habitação e turismo, onde querem adaptar algumas práticas já utilizadas nos países nórdicos, nomeadamente de utilização de terrenos agrícolas abandonados ou baldios. “Nesses terrenos as pessoas apanham as flores e deixam o dinheiro que acham que é justo”, exemplifica, ou então podem apanhar os próprios alimentos e pagar directamente ao produtor.
No CoLab não se pretende que ninguém permaneça por muito tempo. Quem ficar mais de seis meses tem mesmo um problema, pois os responsáveis querem que este espaço seja um “passo para algo”, e que as empresas saiam dali para se instalarem no Parque Tecnológico ou noutro local em Óbidos.
Fátima Ferreira
Entre Portugal e o norte da Europa
Pedro Reis nasceu em Angola em 1977 e veio aos cinco anos para Portugal, com a família que se instalou na Amoreira (Óbidos) após uma curta passagem por Lisboa e pelo Nadadouro. Fez a escola primária na Amoreira e o 12º ano na Escola Secundária Raul Proença.
Há seis anos foi viver para a Finlândia com a esposa, Riika Virtanene, que conheceu quando esta estava a fazer Erasmus na ESAD. Naquele país registou a Uxte.com, uma empresa de design. Todo este trabalho é feito a partir de Tallin, na Estónia, embora a empresa esteja registada na Finlândia. O casal de empresários tira o melhor partido dos dois países. “A burocracia é menor na Finlândia do que na Estónia, mas desde Tallin pode-se viajar mais facilmente para qualquer ponto da Europa porque os voos são mais baratos. E o preço da habitação é quatro ou cinco vezes mais barato do que em Helsínquia”, contou Pedro Reis à Gazeta das Caldas em Junho de 2011.
Entretanto, há cerca de um ano começou o projecto Silo (colaboração criativa) com o primo Ron Reis, um copy writter da área criativa escocês que já viveu praticamente em todo na Europa, América do Norte, África e Ásia.
Para a implementação do projecto pensaram em várias hipóteses, mas Portugal apareceu como a melhor opção. “Viemos ao Parque Tecnológico de Óbidos, falámos com os responsáveis e ficámos apaixonados pelo espaço”, conta Pedro Reis que, juntamente com Ron, implementou o CoLab no EPIC em cerca de dois meses.
O CoLab de Óbidos é um conceito destes dois criativos e é completamente original. Garantem que vão permanecer para amadurecer o conceito, e não sabem se irão fazer outro laboratório para colaboração noutro ponto do país.
F.F.






























